domingo, 25 de março de 2012

Valorização do linguajar cuiabano



O falar cuiabano está documentado em músicas, poemas, dicionários e livros.

Maria Taquara, Maria meu bem

Conheça um pouco da história de Maria Taquara



A primeira mulher a usar calça em Cuiabá.

Na década de 40 viveu em Cuiabá uma mulher que apelidaram-na de Maria Taquara, isto porque ela era muito alta e magra. Vivia de lavar roupas para algumas famílias. Ela ficou famosa em Cuiabá porque era muito corajosa. Foi a primeira mulher a usar uma calça comprida. Durante o dia ela trabalha em um serviço honesto, mas a noite em seu barraco de adobe e coberta de palhas ela virava a casaca. Servia sexualmente aos soldados do antigo 16º.batalhão de Caçadores que lhe davam algumas moedas.

Durante a noite era aquela festa na casa de Maria Taquara, era meu bem pra cá, meu bem pra lá. Cuiabá era ainda uma cidade pequena e havia falta de mulheres para estas necessidades. Maria Taquara viveu assim por muito tempo. Não ofendia ninguém e vivia sempre quieta no seu canto fazendo os afazeres domésticos, carregando uma trouxa para um lado e outro.

Maria Taquara ficou sendo uma personalidade bastante conhecida na memória dos Cuiabanos. Ninguém se interessou em saber de onde Maria Taquara veio, nem quais os problemas que ela enfrentava. O fato é que viam-na sempre com uma trouxa na cabeça da casa dos patrões para a sua casa e vice versa. Ia buscar as roupas sujas e devolvê-las quando lavadas.

Maria Taquara bebia e fumava charuto ou cigarros de palha. Era negra e parece que não tinha filhos.

Maria Taquara tornou-se uma lenda em Cuiabá, era muito conhecida na época. O que se sabe sobre ela é que era esguia, quase sem seios, cabelos encrespados, requeimada de sol e possuía um sotaque nordestino. Nesta fase da vida aparentava ter entre 25 e 27 anos de idade.


O Artista plástico Haroldo Tenuta, após conhecer a história de Maria Taquara, esculpiu sua imagem em bronze na pequena praça no centro de Cuiabá.

Não se tem notícia que rumo tomou Maria Taquara, o fato é que ela ficou muito querida no coração dos cuiabanos.

Em nosso Lar, algumas vezes recebemos comunicações de Maria Taquara, tanto faladas como escritas.

Ela disse que estava bem, que estava trabalhando em alguns centros espíritas de Cuiabá, principalmente nas casas de Umbanda. Isso não a impedia de vir a outras casas espíritas que não fosse da Umbanda e foi assim que ela chegou ao nosso Lar. Disse que estava agradecida pelo carinho do povo de Cuiabá, mas não concordava com certas homenagens que faziam a ela. O nome dela é colocado em bares, boates, casas de zonas de meretrício e isto ela não concordava. Gostaria de trabalhar ainda mais ajudando a todos que necessitasse dela. Em nossa casa prometeu que viria outras vezes. Aqui seguem algumas dessas comunicações:

“Vocês também viram o meu cabelo. Sou preta, feia, beiçuda, mulher guerra. Lavando e passando. Virei entidade e estou aqui ajudando aos irmãos espíritas. Não sou bonita por fora, mas a beleza é por dentro. Esta cidade me representa muita luta, muita garra, me homenagearam mas com bares e bordéis, não estou satisfeita, mas estou trabalhando, ajudando as mulheres em seus lares, lavando mas não roupa, lavando os seus lares que tem impurezas que os olhos não veem.”

Esta foi a primeira comunicação que recebemos dela. Nem imaginávamos quem era a pessoa, mas assim que ela falou resolvemos pesquisar e descobrimos que ela estava falando a verdade.

De outra feita ela deu nova comunicação por escrito, a que se segue:

“Oi, meus irmãos, eu estou aqui hoje. Eu já estive aqui, mas não dei meu nome. O meu nome é Maria Taquara. Eu queria trabalhar. Eu trabalho lá no outro centro. No Dom Aquino, mas lá é diferente. Lá tem dança e comida para gente comer.Eu trabalho lá junto com meus irmãos umbandistas. Mas eu também estou aqui ajudando vocês. O trabalho de vocês é muito bonito, continuem assim ajudando a muitas pessoas. Eu já vou partindo.”

Certa vez ela deu uma comunicação através da psicofonia. E disse mais ou menos a mesma coisa que ela disse nas psicografias acima. Depois disso ela não veio mais, nem ninguém percebeu mais que ela estivesse por aqui. Rogamos a Deus que ela continue trabalhando para o bem para que possa evoluir cada vez mais no amor do Cristo.

Henrique Pompilio de Araújo


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