sexta-feira, 27 de novembro de 2009

HISTÓRIA NA MÍDIA



Divisão do estado de Mato Grosso completa 30 anos
Geisel assinou lei no dia 11 de outubro de 1977 para criar Mato Grosso do Sul. Decisão foi tomada por causa de disputa político-econômica na região.
Do G1, em São Paulo, com informações da TV Centro América
Reprodução/TV Centro América


A data é pouco lembrada em Mato Grosso. No estado vizinho, é feriado. Foi no dia 11 de outubro de 1977 que o presidente Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar nº 31 dividindo Mato Grosso e criando o estado de Mato Grosso do Sul. A data virou marco de independência da Região Sul em relação à capital Cuiabá. Enquanto alguns ainda condenam as forças divisionistas, outros argumentam que a divisão serviu para impulsionar o desenvolvimento em ambos os estados.

A divisão de Mato Grosso em dois estados aconteceu devido a um processo demorado em que foram levados em consideração aspectos sócio-econômicos, políticos e culturais. Enquanto o Sul do estado tentava a divisão, o norte endurecia e barrava as intenções sulistas.

De acordo com Alisolete Weingärtner, professora de história de Mato Grosso do Sul, o movimento divisionista no eixo Sul foi originado por volta de 1889, quando alguns políticos corumbaenses divulgaram um manifesto propondo a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá. A atitude não teve resultados na época, mas mostrou que a tímida ação política poderia retornar com mais força.


Ferrovias
O movimento divisionista ganhou força com a regularização das viagens ferroviárias. O crescimento sócio-econômico do Sul do estado com a pecuária e a exploração da erva-mate marcaram o movimento. Mesmo com a prosperidade do Sul, Cuiabá ainda mantinha o poder político e administrativo, mesmo que as grandes distâncias a deixassem isolada das cidades do Sul e da capital federal, Rio de Janeiro. Em 1921, Campo Grande passou a ser sede da Circunscrição Militar, hoje Comando Militar do Oeste. Em seguida, a cidade foi considerada a capital econômica de Mato Grosso devido à exportação na estação ferroviária. Anos mais tarde, em 1946, Eurico Gaspar Dutra assumiu a presidência da República após a deposição de Getúlio Vargas. Novamente a tentativa de transferir a capital de Cuiabá para Campo Grande foi frustrada. Dutra reforçava a política de integração nacional, que incentivava a manutenção da unidade estadual.


Lei pró-divisão
O governo federal estabeleceu, em 1974, a legislação básica para a criação de novos estados e territórios. No ano seguinte, renasceram as idéias divisionistas devido à discussão dos limites de Mato Grosso com Goiás. O movimento tomou fôlego e, em 1976, a Liga Sul-Mato-Grossense, presidida por Paulo Coelho Machado, liderou a campanha. Do outro lado a oposição era do governador de Mato Grosso, José Garcia Neto. Trabalhando com rapidez e sigilo, os integrantes da Liga forneceram ao governo federal subsídios necessários para viabilizar a divisão do Estado. A lei foi assinada pelo presidente Ernesto Geisel no dia 11 de outubro de 1977 e publicada no Diário Oficial do dia seguinte. Mato Grosso tinha à época 93 municípios e 1.231.549 quilômetros quadrados. A lei dividiu o Estado e deixou Mato Grosso com 38 municípios e Mato Grosso do Sul com 55. Apesar de ter menos municípios, Mato Grosso ficou com a maior área: 901.420 quilômetros quadrados.


fonte: g1.globo.com acesso em 27/11/2009

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Disputa por Cuiabá causou massacre
No século 19, grupo de brasileiros matou centenas de portugueses
por Anselmo Carvalho Pinto
Era meia-noite de 30 de maio de 1834 quando Cuiabá foi tomada pelo som de cornetas e tiros de arcabuzes. Saindo do Campo do Ourique, no centro da capital de Mato Grosso, 80 homens começaram a invadir e saquear casas. A ordem era matar os portugueses e arrancar suas orelhas como troféu. Ao amanhecer, centenas de pessoas estavam mortas. A rebelião ficou conhecida como Rusga. “O movimento se expandiu pelas redondezas”, diz a historiadora Elizabeth Siqueira, autora de História de Mato Grosso. O massacre foi motivado pela mudança no comando do país, três anos antes. Em 1831, dom Pedro I (1798-1834) voltou para Portugal e deixou o filho, de 6 anos. Até que dom Pedro II (1825-1891) alcançasse a maioridade, o Brasil seria comandado por regentes. A situação inspirou conflitos em vários locais. Cuiabá se dividiu entre liberais brasileiros e portugueses conservadores. O levante liberal foi bem-sucedido. O grupo permaneceria no governo até 1842, quando começou um período de alternância de poder.
Assassinato sem culpado
Morte do presidente da província é mistérioPouco antes da Rusga, a Regência quis impedir que os liberais pegassem em armas. Para isso, assumiu a presidência da província João Poupino Caldas. Liberal moderado, ele tentou barrar a rebelião, sem sucesso. Em setembro de 1834, foi afastado.O novo gestor, Antônio Pedro de Alencastro, prendeu e processou os líderes do motim (leia ao lado). Mas foi seu antecessor, Poupino, quem assinou o processo contra os colegas de partido. Em 1836, ele decidiu deixar Cuiabá. No dia da despedida, foi morto pelas costas com uma bala de prata. O autor do disparo nunca foi encontrado. Pouco depois, começou a circular na cidade uma quadrinha anônima:
"No dia nove de maio
Depois da Ave Maria
Matei Coronel Poupino
Fiz tudo o que queria".
Líderes inocentados
Nenhum deles foi para a cadeia
Pascoal Domingues de Miranda Juiz de direito.
Julgado no Rio de Janeiro, foi considerado inocente e se estabeleceu na cidade.
José Alves Ribeiro
Fazendeiro próspero da região, também foi inocentado no Rio. Depois, voltou para Cuiabá.
Caetano Xavier da Silva Pereira
Major da Guarda Nacional, liderou os revoltosos e acabou julgado inocente.