domingo, 3 de maio de 2009

Instrumentos Musicais tradicionais de Mato Grosso










Instrumentos Musicais tradicionais de Mato Grosso


Viola-de-cocho.

Viola-de-cocho
A Viola-de-Cocho é um instrumento musical encontrado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no centro-oeste brasileiro. Recebe este nome por ser confeccionada em tronco de madeira inteiriço, esculpido no formato de uma viola e escavado na parte que corresponde à caixa de ressonância.
Esse instrumento é feito da mesma maneira como se faz um cocho, objeto lavrado em um tronco maciço de árvore usado para colocar alimentos para animais na zona rural. Nesse "cocho" é afixado um tampo e as partes que caracterizam o instrumento, como o cavalete, o espelho, o rastilho e as cravelhas.


Fabricação da viola-de-cocho.

Composição e fabricação
O instrumento se apresenta com cinco ordens de cordas simples. São várias as madeiras utilizadas: para o corpo do instrumento, a Ximbuva e o Sarã; para o tampo, raiz de Figueira branca; e para as demais peças, o Cedro. As violas armam-se com quatro cordas de tripa e uma revestida de metal. Atualmente, as cordas de tripa estão sendo substituídas por linhas de pescar devido à proibição da caça na região do Pantanal e também por causa da durabilidade maior do nylon nesse tipo de linha.
Atualmente existem vários "fazedores" de viola de cocho, como se auto-intitulam os construtores do instrumento. Os principais pólos de fabricação artesanal do instrumento são:
· Cuiabá (Mato Grosso): ali os principais construtores Caetano Ribeiro e seu filho Alcides Ribeiro, além de artesãos como Manoel Severino, Francisco Sales, Seu Bugre entre outros.
· Corumbá (Mato Grosso do Sul): ali a viola de cocho é fabricada artesanalmente por cururueiros como Seu Agripino, Seu Vitalino, Seu Severino e Seu Inacinho.

Mulheres tocando cururu.


História
A viola de cocho é fabricada também de outras madeiras, como a mangueira, cajá manga, embiruçu, consideradas madeiras macias, onde proporciona uma excelente ressonância. As cordas são de tripas, normalmente de macacos e ouriços que eram as melhores porém sua durabilidade não era tão boa quanto à linha de pescar. Pois as cordas das tripas de animais logo começava a esfarelar e partiam devido o seu ressecamento. A linha de pescar oferece uma ressonância melhor acompanhada do canutilho, a quarta corda de violão.
É endêmico do Pantanal e deu vida aos ritmos pantaneiros: o cururu e o siriri, que são usados para celebrar os folguedos populares onde homens, mulheres e crianças se juntam sob a igualdade de uma cultura que já ultrapassa um centenário.
É usada também em manifestações populares da região, como a dança de São Gonçalo, folião, ladainha, rasqueado limpa banco (ou rasqueado cuiabano), e em festas religiosas tradicionais realizadas por devotos associados em irmandades. No Brasil, as origens da viola-de-cocho são pouco claras: acredita-se que tenha vindo de São Paulo, acompanhando a expansão bandeirante para a região centro-oeste.




Popularidade
Com a chegada da televisão e do rádio na região, por volta dos anos 1950, a viola-de-cocho começou a perder a popularidade entre a comunidade local, que a produzia de forma artesanal. E agora o artesão mais famoso de viola de cocho de mato grosso tem um site, visite e aprendem mais sobre a viola de cocho, Site é www.viola-de-cocho.blogspot.com. Visitem e aprendem.
Esse processo quase levou à extinção do instrumento. A arte de esculpir e tanger violas de cocho é de domínio, em geral, de pessoas de mais idade. Com a chegada da televisão, por volta da década de 50, seu uso foi ficando cada vez mais restrito às área mais distantes das cidades.
Mas nos últimos 15 anos, a viola- de-cocho voltou a ser um dos instrumentos mais populares de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Parte dessa reviravolta aconteceu por conta de iniciativas pessoais e institucionais, como os trabalhos de Julieta Andrade, do músico e pesquisador Roberto Corrêa e, também, de Abel Santos Anjos Filhos, músico e professor da Universidade Federal do Mato Grosso.
Abel Santos, músico e professor da UFMT.
A pesquisadora Julieta Andrade publicou importante trabalho intitulado "Cocho Mato-Grossense" no qual faz uma genealogia do instrumento. Roberto Corrêa pesquisou a viola de cocho já na década de 1980, em trabalho publicado pelo, então, Instituto Nacional do Folclore, juntamente com a pesquisadora Elizabeth Travassos. Abel Santos esteve em Brasília para lançar o livro "Uma Melodia Histórica", no qual explora as raízes da viola-de-cocho e conta a história do instrumento desde antes da chegada ao Brasil.
Em janeiro de 2005 o Ministério da Cultura, seguindo as diretrizes da atual Política de Patrimônio Imaterial do governo brasileiro, promoveu o "Registro" do Modo de Fazer a Viola de Cocho como Patrimônio Imaterial do Brasil. O registro equivale, para o patrimônio imaterial, à figura jurídica do tombamento para os bens culturais de natureza material. Com a implementação da atual política o governo brasileiro vem registrando inúmeros bens culturais de natureza imaterial em todas as regiões brasileiras. Apesar da primeira menção histórica sobre viola de cocho ser, segundo a assessoria de comunicação do Ministério da Cultura, em nota naquela data, no final do século XIX, sua importância para a cultura popular da região matogrossense e pantaneira é grande por se tratar de um instrumento completamente adaptado ao ambiente e às circunstâncias locais.

4 comentários:

  1. Grande material esse, para divulgação da viola de cocho aqui em meu estado (Espírito Santo). Sou professor de musicalização infantil e gostaria de se possivel que me informem o contato do artesão Alcides, para que possa comprar um desses instrumentos e assim servir de incentivo as crianças sobre a cultura popular do Brasil. o contato é:
    zespm@hotmail.com ou sepelepepm@gmail.com agradecidoi pelo informe e saudações musicais.
    José Antônio P. Monteiro

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  2. Fiquei muito feliz em ver que a Viola-de-cocho esta bem divulgada e que qualquer pessoa que se interesse pelo instrumento tem acesso a algum tipo de informação do "nosso" instrumento. E fiquei feliz de ver o Abel aí representando, muito bem diga-se de passagem, o nosso Mato Grosso.

    Josemeri Crispim. Violonista e tocadora de viola-de-cocho com muito orgulho!

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  3. Estou elaborando uma monografia sobre a viola de cocho e fico feliz a cada pagina lida, por saber que acima dos preconceitos, nossa cultura , é rica , por ter um simbolo matogrossense reconhecido nacionalmente como intrumento musical de cuiaba. A felicidade é imensa não tem como expressar tanta emoção.

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  4. a viola de cocho com gravuras, fui eu quem pirografei nela à uns anos trás e dei de presente a um amigo apaixonado por violas.

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