quinta-feira, 21 de maio de 2009

UnB/CESPE – SAD/MT Caderno A
Cargo: Técnico Administrativo Educacional




QUESTÃO 01
O caráter litorâneo da colonização portuguesa e as imposições do Tratado de Tordesilhas foram fatores importantes para que, apenas no século XVIII, áreas interioranas, até então sob domínio
oficial da Espanha, fossem incorporadas ao território brasileiro. As principais razões para que a região do atual estado de Mato Grosso se tornasse efetivamente brasileira incluem


A) o desinteresse espanhol e as ações militares portuguesas.
B) a pressão da Igreja Católica e o prestígio dos juristas lusos.
C) a cana-de-açúcar e a indústria madeireira.
D) o bandeirantismo e a descoberta do ouro.




QUESTÃO 02
As grandes caravanas fluviais que partiam do Tietê (São Paulo) para seguir até Cuiabá, decisivas para o povoamento de Mato Grosso, eram denominadas
A) paiaguás.
B) monções.
C) camapuãs.
D) entradas.




QUESTÃO 03
Embora várias bandeiras preadoras de índios — como as de Raposo Tavares (1648), Manuel Bicudo (1660) e Bartolomeu Bueno da Silva (1682) — já tivessem percorrido o território de Mato Grosso, foi apenas em 1719 que se descobriu ouro no sítio onde hoje se ergue a cidade de Cuiabá (rio Coxipó-Mirim). A primazia dessa descoberta coube ao sertanista
A) Artur Pais de Barros.
B) Fernão Dias Pais.
C) Pascoal Moreira Cabral.
D) Fernando Moreira de Barros.






QUESTÃO 04
Como em outras províncias, também em Mato Grosso ocorreram, nos primeiros anos pós-independência do Brasil, violentos embates entre brasileiros e portugueses. Conhecido como a “noite de São Bartolomeu mato-grossense”, a 30 de maio de 1834 irrompeu vigoroso movimento armado em Cuiabá, quando populares exigiram a retirada dos portugueses. Esse episódio é denominado


A) A Rusga.
B) Insurreição Cuiabana.
C) Inconfidência Mato-Grossense.
D) A Guaíra.




QUESTÃO 05
A Guerra da Tríplice Aliança, ou Guerra do Paraguai, foi o mais importante conflito envolvendo o Império do Brasil. O início das hostilidades deveu-se, entre outras razões, à decisão do governo
do Paraguai de
A) invadir o território argentino com o objetivo de controlar a navegação no rio da Prata.
B) anexar a Cisplatina (atual Uruguai) na condição de colônia.
C) aprisionar o vapor que conduzia o presidente nomeado da província de Mato Grosso.
D) garantir uma saída para o mar a partir do domínio do vale amazônico.






QUESTÃO 06
Por volta de 1872, a região Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso) possuía apenas 2,2% da população brasileira e o contingente de escravos representava não mais que 7,8% do conjunto de seus habitantes. Diante desses números, é correto afirmar que a região
A) apresentava-se como área de fronteira aberta e que a transição do trabalho escravo para o livre nessa região antecedeu ao fim da escravidão no país.
B) era relativamente bem povoada, fenômeno que se explica pela atração exercida pelo extrativismo mineral e pelo grande número de trabalhadores cativos.
C) estava dominada pela monocultura do mate, que atraía levas de imigrantes, recrutados sobretudo entre camponeses empobrecidos do sul do Brasil.
D) antecipava em cerca de um século sua vocação para o agronegócio, ampliando as áreas de cultivo mecanizado e suas exportações.




QUESTÃO 07
Respeitado no país e no exterior, o marechal mato-grossense Cândido Mariano da Silva Rondon notabilizou-se por seu trabalho de proteção aos povos indígenas. Assinale a opção que apresenta a frase, entre algumas importantes que ficaram gravadas na História do Brasil, que identifica o caráter humanista de Rondon.


A) Sigam-me os que forem brasileiros.
B) Morrer, se preciso for; matar, nunca.
C) O Brasil espera que cada um cumpra seu dever.
D) Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico.




QUESTÃO 08
Relativamente à divisão do estado de Mato Grosso, de que resultou a criação do Mato Grosso do Sul, assinale a opção incorreta.
A) A tese da divisão do estado é antiga, já presente no século XIX.
B) Os sulistas foram os primeiros e mais enfáticos defensores da divisão.
C) Antes da divisão, Mato Grosso perdeu parte do seu território (territórios do Guaporé e Ponta Porã).
D) A divisão foi oficializada no governo do presidente Getúlio Vargas.




QUESTÃO 09
Nas últimas três décadas, ocorreu o avanço da fronteira agrária no estado de Mato Grosso, com a implantação de grandes projetos agropecuários e extrativos. Esse avanço acarretou
A) a diminuição do número de municípios no estado.
B) a diminuição da população do estado.
C) o aumento da proporção da população que vive no campo.
D) a expansão da área ocupada com atividades agrícolas.


QUESTÃO 10
Acerca das atividades econômicas no estado de Mato Grosso, assinale a opção correta.
A) A agricultura e a pecuária são os principais setores econômicos do estado.
B) A soja ocupa um lugar de destaque nas exportações, contribuindo para o desenvolvimento e a consolidação da agricultura familiar no estado.
C) Uma das vantagens do crescimento da agroindústria no estado foi a criação de novos postos de trabalho, eliminando o desemprego.
D) Após a divisão do antigo estado, decretada pelo governo federal, o crescimento econômico do estado tem sofrido constantes declínios.






QUESTÃO 11
Algumas atividades econômicas podem ocasionar diversos tipos de impactos que causem degradação ao meio ambiente. Acerca desse assunto, e com referência ao Mato Grosso, assinale a opção incorreta.
A) O desmatamento e as queimadas têm destruído a cobertura vegetal natural do estado.
B) A erosão, uma forma de degradação do solo, ocorre no estado de Mato Grosso em função das atividades agrícolas nele desenvolvidas.
C) A atividade de garimpo praticada no estado é uma das formas de degradação dos cursos fluviais, que constituem uma importante fonte de recursos para a população.
D) As enchentes do pantanal são consideradas um risco ambiental por ameaçarem tanto as populações ribeirinhas como as urbanas.


QUESTÃO 12


faixa etária % da população
0 - 14 anos 35.7
15 - 59 anos 58.4
mais de 60 anos 5.9




A tabela acima mostra a distribuição da população mato-grossense por faixas etárias. A partir dessas informações, assinale a opção correta no que se refere a aspectos populacionais do estado de Mato Grosso.


A) O percentual de crianças e jovens com até 14 anos evidencia que a taxa de crescimento da população é baixa.
B) O contingente populacional está diminuindo, haja vista que o número de adultos é maior que o de jovens e crianças.
C) A migração é um fator importante na composição da população.
D) O índice de natalidade é baixo, uma vez que a percentagem da população na terceira idade é pequena.






QUESTÃO 13
Assinale a opção que não corresponde a um dos biomas do estado do Mato Grosso.
A) pantanal
B) floresta amazônica
C) cerrado
D) mata atlântica


QUESTÃO 14
Acerca da possibilidade de uma saída para o Pacífico e das conseqüências que isso traria para o estado de Mato Grosso, assinale a opção incorreta.
A) A localização geográfica do estado é favorável à sua ligação com o Pacífico.
B) A integração com os países do MERCOSUL seria enfraquecida.
C) A economia do estado seria beneficiada.
D) A exportação dos produtos de Mato Grosso para a Ásia seria facilitada.






QUESTÃO 15
Quanto à cidade de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, assinale a opção correta.
A) É considerada uma das regiões metropolitanas do Brasil.
B) Seu crescimento foi influenciado pela construção da rodovia Cuiabá-Santarém.
C) As altas temperaturas que ocorrem ao longo do ano consistem em um de seus principais problemas de degradação ambiental.
D) Trata-se de uma cidade criada a partir do desmembramento do antigo estado de Mato Grosso.




QUESTÃO 16
Demétrio Magnoli e Regina Araújo. Projeto de ensino de geografia. Geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2001.

A região destacada no mapa acima é um importante complexo regional brasileiro. Assinale a opção que identifica corretamente essa região.
A) Amazônia Legal
B) área rural do estado de Mato Grosso
C) Programa Nacional de Integração
D) área excluída do MERCOSUL por sua fraca rede de transporte e comunicação.

PROVA DE REDAÇÃO

Mato Grosso surgiu na história do Brasil como área de fronteira a ser desbravada e conquistada. O início de seu povoamento pelo colonizador se deu com a descoberta do ouro na primeira metade do século XVIII; ciclo econômico rápido, cujo esgotamento mergulhou a região em prolongada crise. Depois da independência, não foram poucas as vezes em que suas lideranças expressaram descontentamento em face do governo central, acusado de relegar a província — depois estado — ao abandono. Com Vargas, o regime republicano esboçou uma “marcha para o Oeste”, processo que, com variações, se repetiu ao tempo do governo JK e, sobretudo, sob o regime militar. A partir das últimas décadas do século XX, Mato Grosso transformou-se em nova fronteira de expansão agrícola, agora sob o impacto das novas condições trazidas pela economia globalizada. Nesse contexto é que se expandiu o denominado agronegócio, cuja importância na pauta das exportações brasileiras é significativa e tem em Mato Grosso um dos seus centros mais importantes.
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema:
A MODERNIZAÇÃO ECONÔMICA DE MATO GROSSO EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO: CARACTERÍSTICAS, PROBLEMAS E PERSPECTIVAS.
Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
< significado de fronteira de expansão agrícola;
< características gerais da economia globalizada dos dias atuais;
< agronegócio e mercado interno;
<>

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - CONCURSOS PÚBLICOS

01. Sobre o desmembramento territorial do Estado de Mato Grosso é correto afirmar que.
a) Mato Grosso foi desmembrado de Minas Gerais no século XVIII.
b) Mato Grosso foi desmembrado de São Paulo no século XIX.
c) Rondônia foi à primeira parte de Mato Grosso a tornar-se Estado.
d) Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram criados durante o governo Vargas.
e) Mato Grosso do Sul foi a primeira parte de Mato Grosso a tornar-se Estado.


02. Durante o período de sua história republicana, Mato Grosso utilizou distintas vias de comunicação para a circulação de pessoas e mercadorias. Acerca do assunto assinale a alternativa INCORRETA.
a) A comunicação entre Cuiabá e Corumbá durante a Primeira República era feita por via fluvial.
b) A viagem entre o Rio de Janeiro e Cuiabá nas primeiras décadas do século XX durava em média 35 a 40 dias.
c) O crescimento e a ocupação da região sul do Estado, em boa medida, ocorreu em virtude da construção da ferrovia Noroeste.
d) A construção da ferrovia Madeira- Mamoré surgiu a partir de entendimentos diplomáticos mantidos com a Bolívia.
e) A melhoria das rodovias em Mato Grosso durante a Primeira República dotou o Estado de uma eficiente malha de comunicação interna.


03. Durante a Regência, o médico Sabino Vieira ficou exilado (degredado) em Mato Grosso, na fazenda Jacobina (Cáceres), cumprindo pena pelo crime de rebelião. Qual movimento político de que ele participou?
a) Cabanagem.
b) Sabinada.
c) Balaiada.
d) Marujada.
e) Rusga.


04. Com relação à Ferrovia na História de Mato Grosso, está CORRETO afirmar que:
a) antes das divisões territoriais (Rondônia e Mato Grosso do Sul), o estado possuía duas ferrovias: Madeira Mamoré e Noroeste.
b) antes das divisões territoriais (Rondônia e Mato Grosso do Sul), o estado possuía apenas uma ferrovia: Noroeste.
c) antes das divisões territoriais (Rondônia e Mato Grosso do Sul), o estado utilizava-se apenas da hidrovia do rio Paraguai.
d) até a década de sessenta, havia várias ferrovias em Mato Grosso, mas foram desativadas devido ao crescimento das rodovias.
e) a construção de ferrovias foi uma necessidade. Como sempre dependeu de força política, até hoje a ferrovia não chegou ao nosso estado


05. Com o fim da Guerra do Paraguai (1864-1870) e da abertura da navegação pelo rio Paraguai a Província de Mato Grosso entrou num novo ciclo econômico que:
a) caracterizou-se pela extração e exportação da borracha.
b) ficou marcado pelas Casas Comerciais e pelo estabelecimento de usinas de açúcar.
c) ficou marcado pela retomada da mineração e pelas casas comerciais.
d) ficou marcado pelas casas comerciais e pela plantação de seringais.
e) ficou marcado pela expansão da pecuária e pela retomada da mineração.

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - CONCURSOS PÚBLICOS

01. (VUNESP) Eram sem conta os exageros que logo correram mundo a respeito das novas minas e a fama de Cuiabá (...) De granetes de ouro, contava-se, serviam-se os caçadores em suas espingardas, à guisa de chumbo, e de ouro eram as pedras em que nos fogões se punham as panelas. A tanto chegava a abundância do metal precioso que, arrancando-lhe touceiras de capim nos matos, vinham as raízes vestidas de ouro. Mas não era essa riqueza que a princípio impelira os sertanistas para o remoto sertão. (...) O primeiro paulista (...) a alcançar as beiradas do Rio Cuiabá foi, ao que se sabe, Antônio Pires de Campos e este ia, não em busca do metal precioso (...) O segundo foi Pascoal Moreira Cabral (...)
(Sérgio Buarque de Holanda, As Monções, In: História Geral da Civilização Brasileira)
A presença dos sertanistas nas origens do Mato Grosso está diretamente relacionada com a
(A) produção de açúcar para o mercado externo.
(B) exploração da erva-mate para o consumo interno.
(C) procura e captura de índios para serem escravizados.
(D) demarcação das fronteiras com a América espanhola.

02. (VUNESP) Espalhada a notícia de que os adotivos, que formavam o “poder econômico” da Província, preparavam-se para eliminar as mais importantes figuras ligadas à exaltação nacionalista, os “zelosos” decidiram tomar a dianteira. (...) Reunidos na residência de Joaquim de Almeida Falcão, presidente da Câmara de Cuiabá e dos “zelosos” (...) deliberaram agir imediatamente. E na noite de 30 de maio de 1834, tomado pela Guarda Nacional o quartel dos Municipais Permanentes, armada a tropa desenfreada, cercadas as casas dos adotivos de maior evidência, a um toque de clarim, que era o sinal combinado, iniciou-se a desordem: assaltos às residências de adotivos, ataques e saques no comércio.
(Arthur Cezar Ferreira Reis, Mato Grosso e Goiás, In: História Geral da Civilização Brasileira)
O fragmento faz referência
(A) à Rusga.
(B) à rebelião de Tanque Novo.
(C) ao conflito de limites com o Amazonas.
(D) à rebelião comandada pelo coronel Mascarenhas.
03. (VUNESP) Entre dezembro de 1864 e meados de setembro de 1865, o Paraguai esteve na ofensiva militar, ao invadir o território brasileiro e o argentino. Solano López planejou uma guerrarelâmpago que, se bem-sucedida, resultaria em um novo equilíbrio de poder no Prata. O plano, porém, foi frustrado por um conjunto de fatores. (...) Envolvido por uma guerra inesperada, o Império do Brasil foi surpreendido com o Exército despreparado a ponto de, seis meses depois de iniciada a luta, não ter conseguido tomar a ofensiva. Mato Grosso (...) tornou-se alvo fácil para a invasão paraguaia.
(Francisco Fernando Manteoliva Doratioto, Maldita guerra – Nova história da Guerra do Paraguai)
Na Guerra do Paraguai, as operações militares paraguaias começaram com a invasão do Mato Grosso, que pode ser explicada pela
(A) disputa territorial entre o Mato Grosso e a Bolívia.
(B) interferência do Mato Grosso na guerra do Chaco.
(C) recusa do Brasil em permitir a livre navegação no Prata.
(D) condição de ser a província mais isolada e desprotegida
do Império.

04. (VUNESP) Em 1995 a soja ocupa em Mato Grosso aproximadamente 2.280.360 ha, detendo esse estado a segunda maior área de produção do país, contribuindo com 20% no conjunto nacional. Entretanto, apesar do significativo aumento da área cultivada, a magnitude da difusão espacial no tempo não revela correspondência com os índices registrados para a produção. Assim, entre 1985 e 1995 a produção registrou um crescimento de 264% contra 177% da área.
(Júlia Adão Bernardes, As estratégias do capital no complexo da soja, In: Iná Elias de Castro et alli (org.), Brasil: questões atuais da reorganização do território)
O ritmo de crescimento da produção de soja ser maior que o crescimento das áreas de cultivo revela
(A) uma significativa retração na comercialização das sementes modificadas.
(B) a aplicação de elevados níveis de tecnologia na produção desse grão.
(C) o esgotamento das áreas disponíveis para a agricultura extensiva.
(D) a ampliação do número das pequenas e médias propriedades.
05. (VUNESP) Na grande região de Rondonópolis há presença de grandes empresas agroindustriais, como é o caso da Ceval e da Sadia. Essas empresas estão relacionadas com o esmagamento da soja, cujo processo resulta, entre outros caminhos, na produção de
(A) sementes geneticamente modificadas, que atende aos mercados de soja do sul do país, como o Paraná.
(B) óleo combustível, que abastece exclusivamente o mercado externo, em especial Japão e União Européia.
(C) insumos agrícolas para a agricultura de milho e algodão das regiões ao sul do Estado do Mato Grosso.
(D) farelo de soja, que é muito utilizado na produção de ração para a alimentação animal, como aves, suínos e bovinos.
ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - CONCURSOS PÚBLICOS
(CESP/UnB) Texto CG – questões 01 e 02
O estado de Mato Grosso corresponde, historicamente, à segunda unidade brasileira cujas origens vinculam-se à exploração do ouro, nas primeiras décadas do século XVIII. O início da ocupação de seu território está relacionado à bandeira de Pascoal Moreira Cabral cujo objetivo — o apresamento indígena — não se concretizou, graças à reação vigorosa dos índios Coxiponés. Fracassada em seu intento, a expedição foi compensada com a descoberta de ouro na região, de que resultou o embrião do povoamento da futura Capitania de Mato Grosso — Forquilha. O adensamento populacional de Forquilha, em meio ao seu crescimento desordenado e de difícil controle, levou Pascoal Moreira a criar, em 1719, o Arraial de Cuiabá. Aos olhos da metrópole portuguesa, a nova capitania funcionaria como uma “zona antimural”, uma “barreira de defesa”, fronteira estratégica entre as duas frentes ibéricas de colonização no oeste da América do Sul.
QUESTÃO 01
Com o auxílio do texto CG e tendo em vista o processo de ocupação do território brasileiro no período colonial, julgue os itens seguintes.
(1) De uma forma geral, entradas e bandeiras — de que Pascoal Moreira Cabral seria um dos personagens — corresponderam ao movimento que, normalmente partindo de São Paulo, desbravou áreas situadas no interior da colônia, impulsionado pelo objetivo de aprisionar índios a serem escravizados e de descobrir riquezas minerais.
(2) Uma das razões para que o bandeirismo tivesse em São Paulo seu ponto de partida era a crítica situação econômica daquela capitania nos primeiros séculos da colonização brasileira. Desbravar outras regiões em busca de riquezas passava a ser uma saída para esse quadro de acentuada pobreza. Ú Entre outras conseqüências, entradas e bandeiras foram importantes instrumentos de ampliação dos domínios territoriais portugueses na América, jogando por terra, na prática, os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, pelos
quais pertenceria à Espanha a maior parte do Brasil, inclusive Mato Grosso.
(3) A criação da Capitania de Mato Grosso, em meados do século XVIII, ocorreu em uma tensa conjuntura das relações entre Portugal e Espanha. Esgotadas as possibilidades diplomáticas, uma guerra entre os dois reinos ibéricos selou o destino de Mato Grosso como território oficialmente pertencente à colônia brasileira.
(4) Sabe-se que o processo de ocupação e de colonização de Mato Grosso, tal como esboçado no texto, apresenta muitas semelhanças com a experiência vivida, no mesmo contexto histórico, por Minas Gerais e Goiás.
QUESTÃO 02
Ainda tendo por referência o texto CG e o tema que ele aborda, julgue os itens que se seguem, relativos ao processo de ocupação e de colonização de Mato Grosso.
(1) Associando o aprisionamento do gentio à descoberta do ouro aluvial, em um processo conduzido pela iniciativa privada, a primeira fase da ocupação de Mato Grosso deu origem a núcleos de povoamento, entre os quais podem ser citados a Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá e os arraiais da Chapada: Santana, São Francisco Xavier, Pilar e São Vicente.
(2) A segunda etapa de colonização da região, ainda que preservada a iniciativa particular, contou com a presença relevante e enquadradora do Estado metropolitano, que deslocou para a região um corpo de administradores públicos voltados, entre outras tarefas, para a consolidação das novas linhas fronteiriças.
(3) A criação de fortes e povoados inscreve-se na estratégia portuguesa de expandir seus domínios e assegurar a posse da porção ocidental da Capitania de Mato Grosso, muito embora se desconheça a existência de tentativas espanholas para recuperar esse território.
(4) Em fins do século XVIII, estava consolidada a linha divisória dos domínios português e espanhol com a fixação dos limites da porção ocidental da colônia brasileira. Destacou-se, nesse processo, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, especialmente pelo incremento dos meios de comunicação, com a abertura de estradas e o apoio à navegação.
(5) A expressão ‘zona antimural’, usada pela administração metropolitana para definir a posição geográfica estratégica de Mato Grosso, reflete muito mais uma preocupação da Coroa portuguesa em face dos índios bravios da região, que se recusavam a aceitar a perda de seu espaço físico e cultural, do que temor ante um inimigo externo.

(CESP/UnB) QUESTÃO 03
Pelo censo de 2000, Mato Grosso, que ocupa uma superfície de pouco mais de 900.000 km2, conta com uma população de cerca de 2.500.000 de habitantes. Desse total, quase 80% vivem em áreas urbanas. Foi de 2,4% ao ano o crescimento demográfico verificado entre 1991 e 2000. Considerando esses dados e o processo de ocupação de Mato Grosso, do século XX aos dias de hoje, julgue os itens subseqüentes.
(1) Pelo que informa o censo, a densidade populacional de Mato Grosso é bem superior à verificada na região Norte do país, aproximando-se da existente em alguns estados do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro.
(2) A grande área territorial de Mato Grosso e o fato de sua economia estar assentada, fundamentalmente, na agropecuária explicam a reduzida taxa de urbanização de sua população, significativamente inferior à média nacional, segundo os dados do censo 2000.
(3) Nos anos 30, a “Marcha para o Oeste”, lançada pelo governo Vargas e que integrava seu projeto de construção de um novo Brasil, privilegiou a ligação de Goiás como o Norte do país e, por motivos meramente políticos, acabou por marginalizar Mato Grosso desse esforço de interiorização do desenvolvimento brasileiro.
(4) A partir dos anos 70, Mato Grosso passou a receber grandes contingentes de imigrantes vindos, em sua maioria, da região Sul do país, processo esse bastante vinculado à expansão da fronteira agrícola.
(5) Com raras exceções, no momento da criação de Mato Grosso do Sul (1977) era ao norte do antigo estado de Mato Grosso que se concentravam os maiores núcleos urbanos, provável reflexo do dinamismo de sua economia.
(CESP/UnB) QUESTÃO 04
Considerando a realidade do mundo contemporâneo e a inserção de Mato Grosso nesse cenário fortemente caracterizado pela integração dos mercados nacionais em uma economia crescentemente mundializada, na qual as incessantes inovações tecnológicas impulsionam e sustentam novas formas de produção e a formação de blocos regionais parece ser uma tendência irreversível, julgue os itens a seguir.
(1) O forte dinamismo da economia asiática, visível sobretudo a partir das últimas décadas do século XX, parece apontar para as vantagens que teria o Centro-Oeste brasileiro, nele incluído Mato Grosso, de abrir uma “saída para o Pacífico”, de modo a reduzir tempo e custo no transporte de mercadorias brasileiras para aquele rico mercado.
(2) A participação do setor de serviços na composição do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso é
extremamente reduzida, desproporcional ao nível de desenvolvimento da agricultura de mercado que o estado conseguiu desenvolver e incompatível com a realidade econômica do mundo contemporâneo.
(3) A inexistência de contato comercial entre Mato Grosso — como, de resto, todo o Centro-Oeste — e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) somente pode ser explicada pelo atual quadro de fragilidade por que passa esse bloco sul-americano.
(4) Com o maior rebanho bovino do país, Mato Grosso não consegue exportar carne para os mercados europeu e norte-americano porque ainda não conseguiu obter os atestados sanitários que lhe são exigidos. Assim, resta-lhe o pequeno, porém promissor, mercado do Oriente Médio.
(5) Em Mato Grosso, soja e algodão têm apresentado sucessivos recordes de produção. Nas duas últimas décadas, a “explosão agrícola” no estado quadruplicou a área plantada e, simultaneamente, incentivou o surgimento de novas cidades.
05. (Cesgranrio/TJ-RO) O Real Forte Príncipe da Beira foi inaugurado em 20 de agosto de 1783 e constitui hoje o mais antigo monumento histórico de Rondônia. A construção do Forte obedeceu aos seguintes objetivos da Coroa Portuguesa:

I - defender as fronteiras portuguesas dos confrontos contra os espanhóis;
II - pacificar os movimentos nativistas e emancipacionistas que ocorriam na Amazônia;
III - intensificar a atividade comercial ao longo dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira;
IV - fixar como territórios portugueses as terras ao longo do rio Amazonas.

Estão corretas as afirmativas

(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) II e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

06. (Cesgranrio/TJ-RO) A história da ocupação luso-brasileira na Amazônia e, em especial, no Estado de Rondônia remonta ao começo do século XVIII, a partir da descoberta de grandes jazidas de ouro. Essas descobertas

(A) levaram ao desmembramento da antiga capitania de Mato Grosso, cuja porção ocidental passou a se denominar capitania de Rondônia.
(B) criaram núcleos isolados de povoamento com uma população de negros escravos para o trabalho nas jazidas recém-descobertas.
(C) deslocaram, de outras regiões da Amazônia, escravos alforriados que viam na garimpagem possibilidades de se estabelecerem em terras disponibilizadas pela Coroa Portuguesa.
(D) atraíram mineradores vindos de Cuiabá, que migraram para a região, criando os primeiros povoados do vale do Guaporé.
(E) atraíram para a região padres missionários, únicas pessoas autorizadas pela Coroa Portuguesa a controlar a extração dos metais preciosos.

07. (Cesgranrio/TJ-RO) A abertura do eixo viário BR-364 trouxe para Rondônia um aumento em seu crescimento populacional, colocando um fim ao isolamento rodoviário do Estado em relação às demais regiões do país. Entretanto, a partir de 1980,

(A) os problemas provenientes do caos urbano pelo afluxo da população desempregada de Brasília, Cuiabá e Goiânia cresceram.
(B) os garimpeiros, através da extração de cassiterita, estimularam a presença de grupos multinacionais que preservaram antigos núcleos coloniais.
(C) a estrada, ao contrário do previsto, representou para os trabalhadores locais uma via de saída para as grandes capitais do Sudeste.
(D) a colonização foi acelerada com a vinda de migrantes nordestinos como mão-de-obra para os seringais da Amazônia.
(E) a concentração fundiária expulsou os pequenos agricultores das melhores terras, situadas nas proximidades das vias de circulação, provocando, assim, zonas de tensão.

08. (Cesgranrio/TJ-RO) As tentativas de construção da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré foram muitas durante o século XIX, porém somente com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, a obra foi finalmente incrementada. Em 1912, concluía-se a ferrovia cuja saga da construção havia se iniciado em 1872.
Sobre a saga da construção, assinale a afirmativa correta.

(A) Os ataques indígenas aos acampamentos e as doenças tropicais que dizimavam os trabalhadores somaram-se à dificuldade de transpor as regiões de mata fechada e rios encachoeirados.
(B) O capital utilizado foi exclusivamente nacional, o que explica os diversos períodos de paralisação da obra pela dificuldade de investimento, conseqüência de períodos críticos da economia nacional.
(C) A construção da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré interrompeu o processo de integração regional em curso na época, já que deslocou para a obra contingentes militares empenhados no desbravamento da Amazônia.
(D) A Bolívia dificultou a obra criando obstáculos diversos, desde o simples não-cumprimento dos trâmites legais até a ocupação militar do Acre, em 1899.
(E) A maior parte da mão-de-obra utilizada na construção da ferrovia constituiu-se de indígenas apresados, provocando extermínio da população nativa ao longo do trajeto da ferrovia.


09. (UFRJ) O Tratado de Madri praticamente definiu a atual configuração do território brasileiro, estabelecendo as fronteiras entre terras espanholas e portuguesas. O princípio que orientou os negociadores desse tratado estabelecia que:
(A) as populações locais, nas regiões em litígio, podiam escolher a metrópole à qual se submeteriam;
(B) a ocupação das regiões fronteiriças seria resolvida mediante intervenção militar;
(C) a posse definitiva das áreas em litígio seria definida por compra e indenizações;
(D) a demarcação da fronteira nas regiões litigiosas seria estabelecida pelas populações locais;
(E) a posse das terras caberia àqueles que as estivessem ocupando.
10. (UFRJ) Sobre o povoamento de Mato Grosso, assinale a alternativa ERRADA:
(A) no início do século XVIII, nas antigas áreas de mineração, foram instaladas as primeiras vilas, como Vila Bela e Cuiabá;
(B) ao longo do século XIX, as áreas de cerrado foram ocupadas por latifúndios pecuaristas;
(C) no início do século XIX, a economia da borracha provocou um adensamento da ocupação ao longo dos rios;
(D) nas primeiras décadas do século XX, iniciou-se a ocupação pioneira das terras de mata com lavoura comercial;
(E) nas últimas décadas do século XX, processou-se a ampliação da fronteira agrícola com a implantação de empresas de agricultura modernizada.
11. (UFRJ) Sobre os motivos da Guerra do Paraguai avalie as afirmativas a seguir:
I - Os países que utilizavam os rios da bacia platina mantinham relações diplomáticas tensas devido a questões sobre a livre navegação dos rios.
II - O conflito teria sido fomentado pelo imperialismo inglês, que não aceitava o desenvolvimento autônomo adotado pelo Paraguai.
III - O processo de formação dos Estados nacionais na América Latina deu origem a países com fisionomia própria e, a partir daí, à luta entre eles por uma posição dominante no continente.
(A) apenas a afirmativa I está correta;
(B) apenas a afirmativa II está correta;
(C) apenas a afirmativa III está correta;
(D) apenas as afirmativas I e III estão corretas;
(E) todas as afirmativas estão corretas.
12. (UFRJ) “Em uma sociedade não industrializada, o núcleo urbano tem variadas funções – centro comercial, pólo de relações e comunicações, sede dos organismos de educação, entre outras. Ele é sempre um elemento de organização do meio rural circundante e sede do poder político. Nele se concentra a autoridade sobre a redondeza”.
Queiroz, Maria Isaura Pereira de in HGCB, volume I, cap.III. pág.180
No Brasil, na passagem do Império para a República persistia essa estrutura econômico-política e com ela persistiam os “coronéis”. A origem dessa denominação marcial está:
(A) nos títulos da Guarda Nacional criada, depois da independência, para auxiliar na manutenção da ordem e para defender a Constituição;
(B) na hierarquia dos postos do exército brasileiro surgida, após a Guerra do Paraguai, para promover o policiamento local;
(C) no prestígio dos líderes políticos, no final do Império, devido aos direitos de herança e à capacidade de prestar favores;
(D) na concessão de títulos de nobreza pelo imperador, depois da maioridade, para prevenir revoltas regionais;
(E) na ação da Igreja, desde o período colonial, determinada a manter a hierarquia social e o prestígio dos “homens bons”.
13. (UFRJ) “Espalhada a notícia de que os “adotivos”, que formavam o poder econômico da Província, preparavam-se para eliminar as mais importantes figuras ligadas à exaltação nacionalista, os “zelosos” decidiram tomar a iniciativa. Na noite de 30 de maio de 1834 iniciou-se a desordem: assalto às residências dos adotivos, ataques e saques no comércio.”
História Geral da Civilização Brasileira, parte II, volume 2, pág. 182.
Este episódio é conhecido como:
(A) a crise;
(B) a rusga;
(C) a noite;
(D) o pronunciamento;
(E) o levante.
14. (UFRJ) Os governos militares deram início, na década de 70 do século passado, a uma política de integração e ocupação espacial da qual o estado de Mato Grosso é grande beneficiário. Entre as ações que orientaram essa política temos a:
(A) instalação de grandes projetos agropecuários mediante incentivos fiscais;
(B) implantação de uma infra-estrutura viária graças às parcerias público-privadas;
(C) construção de usinas termelétricas devido ao baixo preço do gás importado da Bolívia;
(D) adoção de uma estrutura fundiária menos concentrada devido à abundância do fator terra;
(E) implantação de projetos extrativistas segundo os critérios de desenvolvimento sustentável
15. (UFRJ) A economia de Mato Grosso, após a divisão de 1977, apresenta crescimento expressivo devido à expansão da agricultura. Sobre a agricultura mato-grossense analise as afirmativas a seguir:
I - Os cultivos de soja e de algodão ocupam as maiores áreas cultivadas e aplicam modernas técnicas agrícolas.
II - O aumento da produção agrícola é conseqüência do aumento da área cultivada e do aumento do rendimento por unidade de área.
III - A explosão agrícola atraiu numerosa população de imigrantes na sua maioria provenientes da Região Sul.
IV - A ocupação da “fronteira agrícola” deu origem a graves conflitos pela propriedade da terra.
(A) apenas as afirmativas I e II estão corretas;
(B) apenas as afirmativas III e IV estão corretas;
(C) apenas as afirmativas II e III estão corretas;
(D)apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas;
(E) todas as afirmativas estão corretas.
16. Em 1834 eclodiu em Cuiabá, o movimento social denominado de rusga. Com relação a esse movimento social, é valido afirmar:
a) foi resultante da insatisfação das camadas populares, devido a aprovação do Ato Adicional.
b) foi organizada pelos liberais radicais, que defendiam o federalismo e os princípios democráticos.
c) havia um forte sentimento de xenofobia, especialmente com relação aos adotivos estabelecidos na Província.
d) o movimento social ficou restrito a Cuiabá, pois no restante da província o movimento foi controlada facilmente pela Guarda Nacional.
e) ocorreu durante o Segundo Reinado e refletiu a insatisfação das elites e das camadas populares em virtude do excesso de centralização.
17. A ocupação do território mato-grossense estava intimamente relacionado a expansão bandeirante. Sobre esse contexto histórico, assinale a alternativa correta.
a) As primeiras bandeiras que penetraram em Mato Grosso tinham como principal objetivo `a descoberta de metais preciosos.
b) As bandeiras eram expedições particulares e representaram para os paulistas uma alternativa de sobrevivência.
c) Além das bandeiras, a Capitania de São Paulo tinha uma economia pautada na empresa açucareira de exportação.
d) Antonio Pires de Campos foi o sertanista de contrato, responsável pela descoberta de ouro no Arraial de São Gonçalo.
e) Não há nenhuma relação entre a Guerra dos Emboabas e a penetração dos bandeirantes em território mato-grossense.
18. No século XVIII os escravos africanos que vieram para as minas de Mato Grosso eram comercializados principalmente em Cuiabá e posteriormente em Vila Bela. A partir de 1757, organiza-se a rota amazônica do tráfico africano de mão-de-obra escrava com o inicio das atividades da Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão...”
(Bandeira, Maria de Lourdes, Território Negro em espaço branco, p.71)
A partir da leitura do texto acima, avalie os itens abaixo:
( ) O texto deixa evidente que a base do trabalho na colonização de Mato Grosso foi a escravidão.( ) Tanto em Cuiabá, como em Vila Bela, os escravos eram utilizados na extração do ouro e nas roças de subsistência.
( ) A Companhia do Grão-Pará e Maranhão foi criada pelo Marquês de Pombal para abastecer de alimentos e de escravos as minas de Cuiabá.
( ) No século XVIII, na região do Guaporé, os negros africanos formaram o quilombo do Piolho numa demonstração de resistência á escravidão.
( ) Com a falência da Companhia de Comércio do Grão- Pará e Maranhão, os proprietários de terras e autoridades governamentais de Vila Bela se empenharam em destruir o quilombo do Quariterê.

sexta-feira, 8 de maio de 2009



História de Mato Grosso - Prainha (Cuiabá/MT)

A avenida Tenente Coronel Duarte esconde, sob seu leito, o antigo Córrego da Prainha, cordão umbilical que alimentou de ouro e então nascente Arraial do Cuiabá. Com sua nascente na Avenida Miguel Sutil, próximo à rodoviária, se encontra hoje totalmente englobado na área urbana. Ainda no final de século XIX, Rubens de Mendonça narra, em artigo da revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, expedição sua e de amigo, todos adolescentes, em busca da nascente Prainha. Atravessa canalizado, mas a céu aberto, os bairros do Araés e Baú, indo esconder-se, envergonhado de tanta sujeira, sob o leito da avenida do CPA, na pracinha em frente a sede de Ministério Público Federal. Após percorrer toda a área central, não lhe é mais permitido desaguar no Rio Cuiabá; uma estação elevatória leva suas águas, todas contaminadas, para tratamento antes de jogá-la no rio.
Triste história do Córrego que viu a cidade nascer transformando em cloaca. Sua lembrança estará sempre presente em seu poético nome, Prainha, transposto popularmente para a Avenida.
Suas antigas encostas estão cheias de histórias e salpicadas de igrejas. As generosas Lavras do Sutil que tanto ouro produziram. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, quase tão velha quanto a cidade, antiga igreja dos escravos e, hoje, de forte devoção popular por conta de São Benedito. O templo do prazer, o Palácio da Águias, famosos prostíbulo do qual só restam lembranças, e algumas fotografias, localizado, aproximadamente, onde hoje está o ponto de ônibus do Morro da Luz. As velhas e belas pontes de pedras também desaparecidas, das quais a mais famosa era a Ponte da Confusão, na confluência com a Avenida Coronel Escolástico.
Algumas coisas ainda sobrevivem no meio do caos urbano como o Chafariz do Mundéu, alimentado com águas que vinham de uma nascente do terreno da Santa Casa, situado na Praça Bispo Dom José, recentemente recuperada com a desativação do terminal de ônibus. O antigo Quartel da Força Pública, de 1862, atual Ganha Tempo, boa e bela restauração terminada em 2002, de um grande imóvel de tipologia colonial. Lá no alto, mas ainda ribeira da Prainha, a Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho, local sagrado desde 1726, com uma pequena capela, e com a atual Igreja neogótica iniciada em 1918. Mais para o final, sempre à sua margem, a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora do Colégio São Gonçalo, da década de 1920.
Até 1962 a Prainha era um pequeno riacho serpenteando o fundo de quintais, nesta data é aberta a avenida e canalizado o córrego. Em 1974 é aberta a Avenida Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, continuação da Prainha no sentido leste.Em 1978 o córrego é coberto.
Prenhe de história e significados a atual Avenida da Prainha ou Tenente Coronel Duarte precisa da aplicação rígida de legislação urbanística municipal para despoluí-la visualmente, proibir o estacionamento de veículos nas calçadas e outros trabalhos como ficção subterrânea e arborização para deixá-la digna de grande artéria da capital.
Esse texto foi extraído na íntegra do Livro:Cuiabá - De Vila a MetrópoleArquivo Público do Estado de Mato GrossoEditora Entrelinhas – 2006.A venda nas livrarias
http://www.carrionecarracedo.com.br/vendas.htm
Fonte:http://www.mt.gov.br/wps/portal

Regina Beatriz Guimarães Neto Cidades da mineração: memória e práticas culturais: Mato Grosso na primeira metade do século XX



Antonio Edmilson Martins Rodrigues
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) – Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro (PUC-Rio). Rua Marquês de São Vicente, 225, Sala 512 F – Gávea. 22453-900 Rio de Janeiro – RJ – Brasil. edmilson@puc-rio.br


Cuiabá: Ed. UFMT; Carlini & Caniato Editorial, 2006. 272 p.
Alguns encargos constituem fardos pesados e são resolvidos com má vontade; outros são tão prazerosos que gostaríamos de prolongá-los. Bom exemplo deste segundo caso é a leitura de Cidades da mineração, de Regina Beatriz Guimarães Neto. Construído inicialmente como tese de doutorado, o livro se destaca por ampliar os horizontes e o quadro de reflexões sobre a modernidade brasileira para fora do eixo que comumente os historiadores e cientistas sociais tomam como exemplaridade desse processo de mudanças. A escolha de Mato Grosso como tema de estudo sobre a expansão da urbanização no Centro-Oeste é instigante porque parte das referências teóricas comuns aos estudos da modernidade no Sudeste e, de saída, estabelece com eles um diálogo crítico que alcança o modo pelo qual até agora vem sendo tratada a questão da modernização no Brasil. O diálogo proposto aponta para a periodização que solicita de todas as áreas brasileiras os mesmos elementos para dar-lhes a condição de progresso. Regina Beatriz é dura nas suas críticas ao processo de exclusão de regiões desse horizonte de desenvolvimento.
Para dar ao diálogo crítico maior corpo, transforma o seu estudo em uma busca incessante de compreensão do que estaria para além das estruturas econômicas, sempre apresentadas como elemento definidor da inclusão, ou não, de regiões. Avança introduzindo na análise os elementos culturais, vistos da perspectiva da diversidade de contatos e entendidos como formalizadores de novos traços culturais capazes de dar identidade à região, considerada freqüentemente como uma região de passagem. Disso resulta uma contribuição significativa para os estudos culturais, por sua heterogeneidade, e abre-se caminho para que o trabalho possa ser integrado aos estudos sobre expansão de fronteiras, com a singularidade de colocar em jogo as referências da vida, o movimento dos sentimentos e a genealogia da conquista.
É nesse ponto que o livro de Regina Beatriz se mostra mais audacioso. Revela, na linha de Euclides da Cunha, em Os sertões, como a poeira possui traços que podem servir de rastros para a compreensão da realidade.
Mas o desbravamento realizado pela autora vai além e constitui uma das apostas interessantes numa área, ainda desértica, que é a dos estudos de frentes de expansão do Brasil central. Se isso não bastasse, ainda nos oferece outra lição sobre a utilização de fontes produzidas pela metodologia da história oral. A autora nos fornece elementos que, de um lado, nos ajudam a compreender as linhas de ponta dessa metodologia e, de outro, mostram exemplarmente como devemos trabalhar as memórias para que o resultado não seja apenas uma narrativa que tenta atar pontos comuns entre aqueles que falam. Temos aí um instrumento de produção de uma história singular das conquistas e da ocupação do espaço, e seus resultados, combinados com as leituras teóricas — que vão de Deleuze a Ginzburg —, oferecem um 'desenho' do Centro-Oeste. Desenho esse que ultrapassa as formas de simplificação explicativa oferecidas pelas interpretações tradicionais da região.
Com isso, a autora inclui o Centro-Oeste em uma discussão que elimina a sua condição de apêndice de uma economia maior, complemento ou periferia de transformações históricas que construíram a nação brasileira. Nesse sentido, as reflexões contidas no livro auxiliam no entendimento das variadas formas e projetos que estiveram presentes no processo de institucionalização do nacional no Brasil.
Outro ponto de destaque é a forma da narrativa adotada por Regina Beatriz, que nos dá a sensação de vivenciar os fatos e de entendermos os processos, mas que também nos lembra que o historiador deve, antes de tudo, narrar os modos de compreensão de determinado tema. O historiador deve antes compreender para depois indicar elementos explicativos. Nesse aspecto, a autora oferece uma narrativa que nos envolve no processo de expansão da região, das rotas iniciais de deslocamento, não só de São Paulo e de Minas Gerais, como também de outras áreas. Expõe, assim, a potencialidade da história ali presente, principalmente introduzindo como premissa a constituição das fazendas para logo a seguir mostrar como se estabelecem os caminhos de expansão dos nortistas. Isso é feito com o intuito de demonstrar como esses caminhos definidos pelos tropeiros vão dar origem a cidades, onde predomina a diversidade de culturas. Tais cidades contêm um imaginário fértil que decorre exatamente dessa multiplicidade de presenças, motivo pelo qual elas solicitam a presença da modernização e da civilização.
Esse percurso é realizado no capítulo final do livro, onde estão apresentados "os artifícios da civilidade" e os caminhos que essa solicitação de civilização toma, através das memórias de famílias. Essa linha de reflexão faz que o livro de Regina Beatriz possa se aproximar do texto de referência para a modernidade fora do Sudeste, intitulado Trem Fantasma, a modernidade na selva. Como Francisco Foot Hardmann, a autora desvenda o 'espetáculo' da modernização na selvageria inóspita de espaços conquistados e, com perícia, combina a multiplicidade cultural daqueles que para essa região se dirigiram, reforçando esse processo de compreensão com relação às histórias de vida da região.
Ao final da leitura temos a sensação de que aprendemos algo, de que tivemos contato com novas questões. Isso em um universo editorial em que os livros arriscam cada vez menos, são menos audaciosos e mais despossuídos de teses.
Por isso, Cidades da mineração é uma leitura obrigatória não só para quem pretende ampliar o seu horizonte de conhecimentos sobre a modernidade brasileira e o processo de constituição das cidades da mineração no Mato Grosso da primeira metade do século XX, mas também para quem quer observar como se pode combinar análise e síntese, lembrando a velha, mas cada vez mais oportuna, proposição de Lucien Febvre.


Resenha recebida em março de 2008.



Aprovada em março de 2008.






Conheça os soldados esquecidos da Guerra do Paraguai

Soldados esquecidos
Recrutados pelo exército, indígenas ajudaram o Brasil a ganhar a Guerra do Paraguai, mas nunca foram justamente recompensados pela bravura que exibiram nos campos de batalha
Rosely Batista Miranda de Almeida



Não foram só as forças armadas do Império que deram ao Brasil a vitória no maior conflito bélico jamais ocorrido na América do Sul. Pesquisas já mostraram que gente do povo, mulheres, escravos e ex-escravos também tiveram atuação marcante na Guerra do Paraguai (1864-1870). De todas essas minorias combatentes, a participação dos índios era menos conhecida. Hoje se sabe que eles atuaram no conflito como verdadeiros soldados, e foram considerados “bravos auxiliares” por oficiais do nosso exército. Existem muitos relatos sobre gestos heróicos de soldados indígenas que fazem jus aos elogios, como, por exemplo, o de grupos avançando de peito nu, numa demonstração de extrema coragem, para desalojar soldados paraguaios escondidos nas matas que eles tão bem conheciam. Ou de pelotões indígenas realizando com êxito a missão de observar os movimentos do inimigo ou de trazerem de volta aos seus destacamentos soldados desertores e escravos fugidos.
Nessas ações, não eram movidos propriamente por patriotismo ou sentimento semelhante, mas sobretudo pelos interesses dos grupos a que pertenciam. Os índios que habitavam as terras da Província de Mato Grosso, ao se tornarem soldados, queriam, antes de mais nada, ver pelas costas, fora de seu território e longe de sua vista, o soldado inimigo, que traria para o seu povo morte e destruição. Ao defenderem o exército imperial, acreditavam estar defendendo também sua gente e resguardando seu espaço. Por isso os paraguaios eram considerados inimigos comuns, deles e da nação branca. Tornaram-se soldados do Império brasileiro, em maior número, os Mbayá-Guaicuru (Kadiwéu), os Txané-Guaná (Terena, Kinikinau, Layana e Guaná), os Xamakoko, os Guató, os Kayapó e os Bororo da Campanha (assim denominados, supostamente, por habitarem os campos abertos da região pantaneira). Os territórios de todos esses grupos e nações indígenas se localizavam na parte meridional da antiga Província de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul.
Muito tempo antes da guerra, a Coroa portuguesa já tinha consciência da importância desses grupos indígenas para a defesa do território da colônia no vale do Paraguai, estimulando e atraindo nativos para povoarem aquela área de fronteira. Os Txané-Guaná (grupo Aruak) e os Mbayá-Guaicuru, vindos da região do Chaco, habitavam a bacia pantaneira (Baixo rio Paraguai) desde meados de século XVII, e foram os que tiveram maior participação no conflito. Sempre estiveram ao lado dos brasileiros. Estes e outros grupos nativos mantinham contatos regulares, desde a segunda metade do século XVIII, com os habitantes da parte sul da Província. Estiveram presentes durante a construção das primeiras unidades militares da região, a exemplo do forte de Coimbra, construído pelos portugueses em 1775 para garantir a posse das áreas conquistadas pelo avanço bandeirante. Estavam também acostumados a auxiliar militares e civis como intérpretes, remadores ou no transporte de cargas. Eram comumente recrutados em aldeamentos próximos aos novos núcleos de povoamento, como, por exemplo, o de Albuquerque.
Tais vínculos se estreitaram ainda mais na segunda metade do século XIX, a partir da fundação das missões religiosas pelo governo imperial. Em 1846, foi criada a Diretoria Geral dos Índios, na Província de Mato Grosso, como conseqüência do Decreto de 24 de julho de 1845, que oficializava o Regulamento das Missões e reprovava a política de guerra contra os índios. Conforme a determinação do governo imperial, as missões, também chamadas de “aldeias regulares”, eram estabelecimentos oficiais presentes em cada província brasileira. Cada núcleo era administrado por um diretor, religioso ou não, que estava subordinado ao diretor-geral da província. Na prática, não mudava muito a política que prevalecia desde os tempos coloniais. Esperava-se que os índios, uma vez aldeados, se tornassem dóceis e submissos aos costumes “civilizadores” do homem branco e a uma cultura que não era a deles. Era também uma porta aberta à exploração da mão-de-obra indígena por parte de autoridades e fazendeiros.
Manuscritos guardados no Arquivo Público do Estado de Mato Grosso afirmam que a aproximação de índios com não-índios se dava também através do comércio. Era o caso dos Guaná, que pelo menos duas décadas antes da guerra negociavam redes, panos, cintos e suspensórios, principalmente por permutas, tanto com brasileiros como com os vizinhos paraguaios, no forte Olimpo. Atuavam também como informantes, já que depois relatavam aos brasileiros o que se passava no outro lado da fronteira. Esse tipo de atividade foi também observada por Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-1899), militar incorporado à expedição de Mato Grosso no grupo dos engenheiros e em seguida autor do romance A Retirada da Laguna. Em 1825, antes da guerra, o presidente do Paraguai, José Gaspar Rodrigues de Francia (1776-1840) queixava-se dos índios Guaicuru, que invadiam o território de seu país para pilhagens e saques. Afirmava Francia serem os índios influenciados pelos moradores de Cuiabá, de Miranda e do forte de Coimbra. E, segundo Augusto Leverger (1802-1880), futuro presidente da Província de Mato Grosso, talvez fosse este o mais antigo motivo da indisposição dos vizinhos castelhanos contra o Império do Brasil.
A preocupação central dos governantes da Província era proteger as fronteiras de Mato Grosso. Para tanto, procuravam manter os índios próximos a elas. Sem dúvida nenhuma, esta estratégia ajudou muito o Brasil a vencer a guerra. Os índios eram exímios conhecedores da região do conflito. Por isso, eram requisitados pelos militares como guias. A partir de 1860, os Guaicuru passaram a ser enviados com freqüência para missões de reconhecimento na parte meridional da Província de Mato Grosso. Eram missões particularmente perigosas, pois eram eles que tinham de constatar ou não, de muito perto, a presença de paraguaios. Visando a guarda das fronteiras da parte meridional da província mato-grossense, o governo imperial contava com a vigilância dos Guaicuru Cavaleiros, assim denominados por serem conhecidos, desde o período colonial, como especialista na arte de montar. A narrativa sobre essa habilidade especial dos Guaicuru pode ser encontrada na obra A Retirada da Laguna.
Nela, Taunay descreve um dos momentos mais dramáticos do conflito, ocorrido em 1867. As tropas sofriam com a falta de víveres e outras dificuldades, como o desconhecimento daquela região pantanosa, as conseqüências dos incêndios provocados pelos paraguaios e a escassez de água, apesar das copiosas chuvas. Foi um período de elevada mortandade, provocada pelo inimigo e por um surto de cólera, que fez inúmeras baixas. Soldados indígenas também enfrentaram com bravura aquela situação extrema. Relata Taunay que o major José Tomás Gonçalves, comandante do 21º Batalhão de Infantaria, seguiu uma vez a cavalo, em companhia do Corpo de Caçadores e mais trinta índios, para surpreender paraguaios que se encontravam a mais de uma légua. Percebendo a disposição da coluna brasileira, os inimigos, embora com maior número de combatentes, resolveram debandar, deixando para trás arreios, cavalos e lanças. O major Gonçalves destacaria depois a atuação aguerrida dos soldados índios nesse episódio.
Por conhecerem bem os territórios da Província, diferentes grupos indígenas prestavam serviços também na abertura de trilhas e outros tipos de trabalho, como o fornecimento de lenha para os vapores que transportavam pessoas e cargas ou o sepultamento dos mortos em combate. Os Kinikinau, os Xamakoko, os Kayapó, os Terena e os Layana foram mencionados, em manuscritos relacionados ao período da guerra, como os que socorriam as forças militares com mantimentos. Os Guaicuru, os Terena, os Kinikinau e os Guaná ocuparam as frentes de batalha no episódio da Retirada da Laguna e depois em solo paraguaio.
A inimizade dos Guaicuru com os paraguaios se registra desde o período da colonização, quando expedições punitivas eram freqüentemente enviadas contra eles pelos espanhóis, inclusive com participação de grupos indígenas rivais, como os Guarani. Tais incursões estimularam e enraizaram a inimizade dos Guaicuru pelos paraguaios, mais do que com os portugueses. Quanto aos Guató, os manuscritos pesquisados não esclarecem o porquê de terem lutado inicialmente em favor dos paraguaios. Supõe-se que isso se deu pelo fato de habitarem as terras do Alto rio Paraguai, onde teriam sido aliciados pelo inimigo. Mas eles acabaram se desligando das forças paraguaias – segundo afirmaram, pelas crueldades que puderam presenciar. Tornaram-se então espiões a serviço dos brasileiros, aos quais davam conta dos movimentos do inimigo nas terras próximas ao rio São Lourenço, na Província de Mato Grosso. Os Bororo da Campanha, que viviam próximos ao Escalvado (nas imediações de Cáceres, antiga Vila Maria), prendiam e traziam de volta aos destacamentos os desertores e escravos que fugiam para a Bolívia.
Entre os índios havia voluntários, mas grande parte deles era levada à força para o campo de batalha. O que se consideraria hoje uma grave infração aos direitos individuais, era comum na época. Em geral, o recrutamento compulsório incidia sobre indígenas, negros, forros ou escravos, e homens desocupados em condições de lutar – todos representantes das camadas “inferiores” da população. A prática do recrutamento forçado não era tranqüila. Existe o registro da atitude de um velho índio Guaná chamado Braz, que teve dois filhos menores, Ricardo e José, recrutados contra a sua vontade. Ele se apresentou ao general Alexandre Manoel Albino de Carvalho, presidente da Província de Mato Grosso, em julho de l865, para exprimir suas queixas. Segundo alegou o ancião, eram Ricardo e José que o ajudavam a manter-se na velhice, e além disso um outro filho já participava da guerra, como soldado no Exército imperial. O documento não indica o resultado de suas reclamações.
Os índios voltavam dos ataques aos paraguaios carregando consigo fuzis, munições, tecidos, terçados (sabres), uniformes velhos e diplomas recebidos de oficiais brasileiros, como prova de sua presença nas fileiras da guerra. Alguns, como os Guaná, receberam até gratificação em dinheiro. Eles costumavam guardar por muito tempo os modestos prêmios que recebiam, orgulhosos de seu atos de bravuras. Em 1865, os Kadiwéu chegaram até São Salvador, pelo rio Apa, carregando armas a eles oferecidas por brasileiros, além de muitos outros objetos e mercadorias obtidos com saques e pilhagens contra instalações militares e comboios de abastecimento uruguaios. Em 1879, quase quinze anos depois, ainda eram vistos usando os velhos sabres presos à cintura. Os cadiuéus (grupo remanescente dos Guaicuru) sustentam ainda hoje que receberam, da parte do próprio imperador D. Pedro II, a promessa formal de terem suas terras demarcadas tão logo terminasse a guerra. Eles temiam, desde o começo do conflito, que seu território pudesse ser invadido pelo inimigo e vir a tornar-se propriedade dos castelhanos paraguaios. Autores como Sílvia Carvalho, atestam que, por documento oficial, datado do século XIX, eles têm, realmente, esse direito. Contudo, o acordo nunca foi respeitado. Terminada a guerra, tornou-se comum a apropriação das terras indígenas, por fazendeiros ou militares, na região sul da Província. Tal situação tem inspirado, desde então, inúmeros conflitos entre índios e não-índios em áreas do atual Mato Grosso do Sul. Embora a vitória sobre o Paraguai se deva muito à força dos índios, estes voltaram da guerra, enfim, sobraçando apenas ninharias, ofertadas como esmolas, sem direito a honrarias ou recompensas de verdade pela bravura que exibiram nos campos de batalha.
Rosely Batista Miranda de Almeida é professora na Escola Estadual Professora Maria Hermínia Alves, em Cuiabá (MT), e autora da dissertação de mestrado “A presença indígena na Guerra com o Paraguai” (UFMT, 2007)
Saiba mais - Bibliografia:
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela (org.) História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura: FAPESP, 1992.
COSTA, Maria de Fátima. A história de um país inexistente: Pantanal entre os séculos XVI e XVIII. São Paulo: Kosmos, 1999.
DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita Guerra: Nova História da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
VASCONCELOS, Cláudio Alves de. A questão indígena na Província de Mato Grosso: Conflito, trama e continuidade: Editora UFMS, 1999.

terça-feira, 5 de maio de 2009

GOVERNADORES DE MATO GROSSO DURANTE O PERÍODO COLONIAL

Capitães-generais da Capitania de Mato Grosso no Período colonial

Capitania de São Paulo e Minas do Ouro (Capitão-general)
Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos - de 14 de Setembro de 1717 a 4 de Setembro de 1721.

Capitania de São Paulo (Capitão-general)
Rodrigo César de Meneses - de 5 de Setembro de 1721 a 14 de Agosto de 1727
Antônio da Silva Caldeira Pimentel - de 15 de Agosto de 1727 a 15 de Agosto de 1732
Antônio Luís de Távora, conde de Sarzedas - de 15 de Agosto de 1732 a 29 de Agosto de 1737
Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela - de 1 de Dezembro de 1737 a 11 de Fevereiro de 1739.
Luís de Mascarenhas, conde d'Alva - de 12 de Fevereiro de 1739 a 9 de Maio de 1748

Capitania do Mato Grosso (Capitão-general)
Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadela - de 9 de Maio de 1748 a 17 de Janeiro de 1751
Antônio Rolim de Moura Tavares, conde de Azambuja - de 17 de Janeiro de 1751 a 1 de Dezembro de 1765
João Pedro da Câmara - de 1 de Janeiro de 1796 a 3 de Janeiro de 1769

Luís Pinto de Sousa Coutinho, visconde de Balsemão - de 3 de Janeiro de 1769 a 13 de Dezembro de 1772.
Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres - de 13 deDezembro de 1772 a 20 de Novembro de 1789.
João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres - de20 de Novembro de 1789 a 28 de Fevereiro de 1796.

1a. Junta Governativa
de 28 de Fevereiro de 1796 a 6 de Novembro de 1796
Caetano Pinto de Miranda Montenegro, marquês de Vila Real da Praia Grande - de 6 de Novembro de 1796 a 15 de Agosto de 1803.
2a. Junta Governativa
de 15 de Agosto de 1803 a 28 de Julho de 1804
Manuel Carlos de Abreu e Meneses - de 28 de Julho de 1804
a 8 de Novembro de 1805
3a. Junta Governativa
de 8 de Novembro de 1805 a 18 de Novembro de 1807
João Carlos Augusto de Oyenhausen-Gravenburg, marquês de Aracati - de 18 de Novembro de 1807 a 6 de Janeiro de 1819
Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, barão de Vila Bela - de 6 de Janeiro de 1819 a20 de Agosto de 1821

domingo, 3 de maio de 2009

Instrumentos Musicais tradicionais de Mato Grosso










Instrumentos Musicais tradicionais de Mato Grosso


Viola-de-cocho.

Viola-de-cocho
A Viola-de-Cocho é um instrumento musical encontrado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no centro-oeste brasileiro. Recebe este nome por ser confeccionada em tronco de madeira inteiriço, esculpido no formato de uma viola e escavado na parte que corresponde à caixa de ressonância.
Esse instrumento é feito da mesma maneira como se faz um cocho, objeto lavrado em um tronco maciço de árvore usado para colocar alimentos para animais na zona rural. Nesse "cocho" é afixado um tampo e as partes que caracterizam o instrumento, como o cavalete, o espelho, o rastilho e as cravelhas.


Fabricação da viola-de-cocho.

Composição e fabricação
O instrumento se apresenta com cinco ordens de cordas simples. São várias as madeiras utilizadas: para o corpo do instrumento, a Ximbuva e o Sarã; para o tampo, raiz de Figueira branca; e para as demais peças, o Cedro. As violas armam-se com quatro cordas de tripa e uma revestida de metal. Atualmente, as cordas de tripa estão sendo substituídas por linhas de pescar devido à proibição da caça na região do Pantanal e também por causa da durabilidade maior do nylon nesse tipo de linha.
Atualmente existem vários "fazedores" de viola de cocho, como se auto-intitulam os construtores do instrumento. Os principais pólos de fabricação artesanal do instrumento são:
· Cuiabá (Mato Grosso): ali os principais construtores Caetano Ribeiro e seu filho Alcides Ribeiro, além de artesãos como Manoel Severino, Francisco Sales, Seu Bugre entre outros.
· Corumbá (Mato Grosso do Sul): ali a viola de cocho é fabricada artesanalmente por cururueiros como Seu Agripino, Seu Vitalino, Seu Severino e Seu Inacinho.

Mulheres tocando cururu.


História
A viola de cocho é fabricada também de outras madeiras, como a mangueira, cajá manga, embiruçu, consideradas madeiras macias, onde proporciona uma excelente ressonância. As cordas são de tripas, normalmente de macacos e ouriços que eram as melhores porém sua durabilidade não era tão boa quanto à linha de pescar. Pois as cordas das tripas de animais logo começava a esfarelar e partiam devido o seu ressecamento. A linha de pescar oferece uma ressonância melhor acompanhada do canutilho, a quarta corda de violão.
É endêmico do Pantanal e deu vida aos ritmos pantaneiros: o cururu e o siriri, que são usados para celebrar os folguedos populares onde homens, mulheres e crianças se juntam sob a igualdade de uma cultura que já ultrapassa um centenário.
É usada também em manifestações populares da região, como a dança de São Gonçalo, folião, ladainha, rasqueado limpa banco (ou rasqueado cuiabano), e em festas religiosas tradicionais realizadas por devotos associados em irmandades. No Brasil, as origens da viola-de-cocho são pouco claras: acredita-se que tenha vindo de São Paulo, acompanhando a expansão bandeirante para a região centro-oeste.




Popularidade
Com a chegada da televisão e do rádio na região, por volta dos anos 1950, a viola-de-cocho começou a perder a popularidade entre a comunidade local, que a produzia de forma artesanal. E agora o artesão mais famoso de viola de cocho de mato grosso tem um site, visite e aprendem mais sobre a viola de cocho, Site é www.viola-de-cocho.blogspot.com. Visitem e aprendem.
Esse processo quase levou à extinção do instrumento. A arte de esculpir e tanger violas de cocho é de domínio, em geral, de pessoas de mais idade. Com a chegada da televisão, por volta da década de 50, seu uso foi ficando cada vez mais restrito às área mais distantes das cidades.
Mas nos últimos 15 anos, a viola- de-cocho voltou a ser um dos instrumentos mais populares de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Parte dessa reviravolta aconteceu por conta de iniciativas pessoais e institucionais, como os trabalhos de Julieta Andrade, do músico e pesquisador Roberto Corrêa e, também, de Abel Santos Anjos Filhos, músico e professor da Universidade Federal do Mato Grosso.
Abel Santos, músico e professor da UFMT.
A pesquisadora Julieta Andrade publicou importante trabalho intitulado "Cocho Mato-Grossense" no qual faz uma genealogia do instrumento. Roberto Corrêa pesquisou a viola de cocho já na década de 1980, em trabalho publicado pelo, então, Instituto Nacional do Folclore, juntamente com a pesquisadora Elizabeth Travassos. Abel Santos esteve em Brasília para lançar o livro "Uma Melodia Histórica", no qual explora as raízes da viola-de-cocho e conta a história do instrumento desde antes da chegada ao Brasil.
Em janeiro de 2005 o Ministério da Cultura, seguindo as diretrizes da atual Política de Patrimônio Imaterial do governo brasileiro, promoveu o "Registro" do Modo de Fazer a Viola de Cocho como Patrimônio Imaterial do Brasil. O registro equivale, para o patrimônio imaterial, à figura jurídica do tombamento para os bens culturais de natureza material. Com a implementação da atual política o governo brasileiro vem registrando inúmeros bens culturais de natureza imaterial em todas as regiões brasileiras. Apesar da primeira menção histórica sobre viola de cocho ser, segundo a assessoria de comunicação do Ministério da Cultura, em nota naquela data, no final do século XIX, sua importância para a cultura popular da região matogrossense e pantaneira é grande por se tratar de um instrumento completamente adaptado ao ambiente e às circunstâncias locais.

Características de Mato Grosso

Características de Mato Grosso


Mato Grosso, talvez seja o Estado brasileiro que melhor represente os modernos e os antigos processos de formação cultural: o antigo - pela sua situação geográfica estratégica: os portugueses para cá vieram e estabeleceram pontos avançados de segurança contra a invasão espanhola nas divisas, onde, hoje, existem a Bolívia e o Paraguai e a busca de índios para trabalhos escravos com a conseqüente descoberta de gigantescas minas de ouro, o que marca o início do processo de miscigenação e formação da identidade - índio/branco/negro. O moderno, a partir do início do Século XX, pelo avanço rumo ao Oeste em busca de novas fronteiras agrícolas, que trouxe gente de todos os estados brasileiros provocando outra e definitiva formação cultural, transformando Mato Grosso em um Estado cheio de positivos contrastes e acentuada diversificação sócio-cultural.

Gentílico: mato-grossense

Localização - Região Centro-Oeste

- Estados limítrofes Amazonas, Pará, (N); Tocantins, Goiás (L); Mato Grosso do Sul(S); Rondônia e Bolívia (O),
- Mesorregiões 5
- Microrregiões: 22
- Municípios: 141
Capital Cuiabá
Governo 2007 a 2011 - Governador: Blairo Maggi - Vice-governador: Silval da Cunha Barbosa

- Deputados. federais 8

- Deputados estaduais 24

- Senadores 03

Área Total 903.357,908 km² (3º)

População 2007 - 2.854.4561 hab. (19º)
- Densidade 2,6 hab./km² (25º)

Economia 2005 - PIB R$37,466 bilhões (15º) - PIB per capita R$13.365 (6º) Indicadores 2000: - IDH 0,776 (9º) – médio
- Esperança de vida 72,6 anos (11º)
- Fuso horário UTC-4
Clima:Equatorial e tropical
- Sigla BR-MT





Sítios governamentais www.mt.gov.br – http://www.cultura.mt.gov.br/

Mato Grosso é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado a oeste da região Centro-Oeste e a maior parte de seu território é ocupado pela Amazônia Legal, sendo o extremo sul do estado pertencente ao Centro-Sul do Brasil. Tem como limites: Amazonas, Pará (N); Tocantins, Goiás (L); Mato Grosso do Sul (S); Rondônia e Bolívia (O). Ocupa uma área de 903.357 km², pouco menor que a Venezuela. Sua capital é a cidade de Cuiabá. Algumas das cidades mais importantes são Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Primavera do Leste, Cáceres, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Barra do Garças e Tangará da Serra. Extensas planícies e amplos planaltos dominam a área, a maior parte (74%) se encontra abaixo dos 600 metros de altitude. Juruena, Teles Pires, Xingu, Araguaia, Paraguai, Piqueri, São Lourenço, das Mortes e Cuiabá são os rios principais. Lingüisticamente, o nome Mato Grosso, dentro de frases, é acompanhado por artigo indefinido, como acontece com os estados de Minas Gerais, de Goiás e de Mato Grosso do Sul

Mato Grosso é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado a oeste da região Centro-Oeste e a maior parte de seu território é ocupado pela Amazônia Legal, sendo o extremo sul do estado pertencente ao Centro-Sul do Brasil. Tem como limites: Amazonas, Pará (N); Tocantins, Goiás (L); Mato Grosso do Sul (S); Rondônia e Bolívia (O). Ocupa uma área de 903.357 km², pouco menor que a Venezuela. Sua capital é a cidade de Cuiabá. Algumas das cidades mais importantes são Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Primavera do Leste, Cáceres, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Barra do Garças e Tangará da Serra. Extensas planícies e amplos planaltos dominam a área, a maior parte (74%) se encontra abaixo dos 600 metros de altitude. Juruena, Teles Pires, Xingu, Araguaia, Paraguai, Piqueri, São Lourenço, das Mortes e Cuiabá são os rios principais. Veja a lista de rios de Mato Grosso. Lingüisticamente, o nome Mato Grosso, dentro de frases, é acompanhado por artigo indefinido, como acontece com os estados de Minas Gerais, de Goiás e de Mato Grosso do Sul

• Pelo Tratado de Tordesilhas (de 7 de junho de 1494) o território do atual estado de Mato Grosso pertencia à Espanha. Os jesuítas, a serviço dos espanhóis, criaram os primeiros núcleos, de onde foram expulsos pelos bandeirantes paulistas em 1680. Em 1718, a descoberta do ouro acelerou o povoamento. Em 1748, para garantir a nova fronteira, Portugal criou a capitania de Mato Grosso e construiu um eficiente sistema de defesa.

Mineração em Mato Grosso durante o século XVIII.

• Durante as bandeiras, uma expedição chegou ao Rio Coxipó em busca dos índios Coxiponés e logo descobriram ouro nas margens do rio, alterando assim o objetivo da expedição. Em 1719 foi fundado o Arraial da Forquilha, as margens do rio Coxipo formando o primeiro grupo de população organizado na região (atual cidade de Cuiabá). A região de Mato Grosso era subordinada a Rodrigo César de Menezes, para intensificar a fiscalização da exploração do ouro e a renda ida para Portugal, o governador da Capitania muda-se para o Arraial e logo a eleva a nível de Vila chamando de Vila Real do Bom Jesus de Cuyabá. Com os tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), Espanha e Portugal estabeleceram as novas fronteiras. A produção de ouro começou a cair no início do século XIX.





• Com a chegada dos seringueiros, pecuaristas e exploradores de erva-mate na primeira metade do século XIX, o Estado retomou o desenvolvimento.

Exploração do látex executada por um seringueiro.



• Em 1977, uma parte do Estado foi desmembrada e transformada em Mato Grosso do Sul.

• Geografia • Área 903.386,1 km²

• Relevo planalto e chapadas no centro, planície com pântanos a oeste e depressões e planaltos residuais a norte.
• Rios principais Juruena, Teles Pires, Xingu, Araguaia, Paraguai, Piqueri, Cuiabá, São Lourenço das Mortes.

• Vegetação: cerrado, floresta Amazônica e pantanal.

• Clima tropical • Municípios mais populosos Cuiabá (483.346), Várzea Grande (215.298), Rondonópolis (150.227), Cáceres (85.857), Sinop (74.831), Tangará da Serra (58.840), Barra do Garças (52.092), Alta Floresta (46.982), Pontes e Lacerda (43.012), Primavera do Leste (39.857) (2000).
• Hora local -1h em relação a Brasília. Gentílico: mato-grossense

• Relevo • Relevo mato-grossense, de altitudes modestas, apresenta grandes superfícies aplainadas, talhadas em rochas sedimentares. Esse relevo é composto de três unidades distintas:
• * O Planalto Mato-Grossense, que serve de divisor de águas entre os rios que correm para o Paraguai e os rios da bacia do rio Amazonas. É formado por uma série de planaltos cristalinos e chapadões sedimentares, com altitudes que variam, em média, de 400 a 800m;
• * O planalto arenítico-basáltico, localizado no sul do estado, simples parcela do Planalto Meridional.
• * Uma pequena parte do Pantanal Mato-Grossense, baixada da porção centro-ocidental.
• Ao sul do Planalto Brasileiro, situa-se o divisor de águas entre as bacias dos rios Paraguai e Amazonas. A maior parte é drenada pelo rios da bacia do rio Amazonas.
• As serras mais importantes são as seguintes:
• * Serra dos Parecis * Serra Formosa * Serra do Norte * Serra dos Caiabis * Serra dos Apiacás, no norte * Serra do Roncador, no leste
• A nordeste do Planalto Mato-Grossense, localizam-se duas grandes depressões, separadas pela Serra do Roncador:

• * Depressão do Alto Xingu

• * Depressão do Médio Araguaia

• Essas duas áreas constituem amplas planícies inundáveis alagadas periodicamente pelas enchentes dos rios. Mato Grosso conta ainda com uma porção do Pantanal Mato-Grossense extensa planície alagadiça, com altitudes que vão de 100 a 300m.

• Clima • O tipo de clima predominante em Mato Grosso é o tropical superúmido de monção, típico da Amazônia; segundo a classificação de Köppen, o clima tropical do norte de Mato Grosso é do tipo Ameno. As temperaturas são elevadas, com a média anual ultrapassando os 26ºC. O índice de chuvas também é alto, atingindo dois mil milímetros anuais.

• Também prevalece o clima tropical, propriamente dito, com chuvas de verão e inverno seco, caracterizado por médias de 23°C no Planalto Central. A quantidade de chuvas também é alta nesse clima: ultrapassa a média anual de 1.500 mm, já que a estação seca, bastante marcada no sul do estado, vai gradativamente se reduzindo em direção ao norte.

• Vegetação • A maior parte da superfície estadual é coberta pela floresta equatorial, com árvores muito altas e copadas, como a andiroba, o angelim, o pau-roxo e a seringueira. É um verdadeiro prolongamento da Floresta Amazônica em Mato Grosso. Ao sul de Cuiabá, domina o cerrado, vegetação formada por árvores de até 10m de altura, espalhadas entre numerosos e variados arbustos.

• No Pantanal, há diversos tipos de vegetação, que variam de acordo com o terreno. Predomina, porém, a cobertura de gramínea, excelente pastagem para o gado. Entre as vertentes dos rios:rio Xingu e Rio Tapajós, no norte do Estado, a vegetação também não é uniforme, passando da mata seca e da floresta, mais densa às margens dos rios, ao campo, verdadeiro tapete de ervas, praticamente desprovidos de arbustos. A zona de florestas compreende 47% da área do estado, os cerrados 39% e os campos 14%.

Pantanal mato-grossense.



• Hidrografia • A rede fluvial de Mato Grosso pertence a dois sistemas hidrográficos: a a bacia do rio Amazonas e a do rio Paraguai. Os principais rios da bacia do rio Amazonas são o Araguaia e seu afluente o rio das Mortes, o Xingu, o Juruena, o Teles Pires e o Roosevelt.
• O rio Paraguai nasce ao norte de Cuiabá, na chamada Amazônia mato-grossense. Seu principal rio afluente em território mato-grossense é o Cuiabá, no sul do Estado. • São as seguintes unidades de conservação, a nível federal, localizadas em Mato Grosso:

Limpeza do rio Paraguai.



• * Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense * Parque Nacional da Chapada dos Guimarães
• * Estação Ecológica de Taiamã * Estação Ecológica da Serra das Araras
• * Área de Proteção Ambiental Meandros do Araguaia * Parque Nacional do Juruena
• * Parque Nacional dos Campos Amazônicos
• A população de Mato Grosso é de 2.803.274 habitantes, segundo a estimativa populacional de 2005, com dados recentemente coletados pelo IBGE. Mato Grosso é o décimo-nono Estado mais populoso do Brasil e concentra 1,47% da população brasileira. Do total da população do Estado em 2000, 1.217.166 habitantes são mulheres e 1.287.187 habitantes são homens.
• Mato Grosso tem uma população de 2.803.274 hab. segundo IBGE de 2005, com uma densidade demográfica de 2,6 hab/km². Pelas características encontradas no Estado o predomínio é de pessoas adultas e com um índice de declínio para jovens e aumento de idosos. Pela média do Estado há um predomínio de homens devido a emigração dos outros Estados para Mato Grosso, contudo, na grande Cuiabá há predomínio de mulheres, semelhante à média brasileira. Mato Grosso ocupa o IDH 9º entre os Estados do Brasil.
• Etnias • Cor/Raça Porcentagem • Pardos 55,2% • Brancos 36,7% • Pretos 7,0% • Amarelos ou Indígenas 1,1%

Economia Durante o período colonial do Brasil, a capitania de São Paulo (atualmente Mato Grosso) todo o comércio era o monopólio da capitania para a Metrópole, Portugal. Os principais sistemas produtivos eram a mineração, cana-de-açúcar, erva-mate, poaia, borracha e pecuária. A mineração foi o principal motivo do sustento dos habitantes na região durante as expedições Bandeirantes no século XVIII. A mão-de-obra era de escravos negros e índios e a fiscalização muito rígida ordenada pela coroa em Portugal. A pirâmide social baseava-se somente em mineradores e escravos. A pecuária e a agricultura foram os principais sistemas produtivos e comerciais de Mato Grosso do século XX e século XXI. Devido o crescimento econômico propiciado pelas exportações, Mato Grosso tornou-se um dos principais produtores e exportadores de soja e algodão do Brasil. Detém o maior rebanho bovino brasileiro, com mais de 27 milhões de cabeças e é um dos maiores estados em relação à exploração de minérios. Vila Bela da Santíssima Trindade Primeira Capital de Mato Grosso Dom Antônio Rolim de Moura, em 19 de março de 1752, fundou a primeira capital de Mato Grosso, antes denominada Pouso Alegre. Antes desse período, ainda estava em vigor o Tratado de Tordesilhas, e toda conquista empreendida pelos bandeirantes poderia passar a pertencer, legalmente, à Espanha. Assim, tornava-se urgente a fixação de um novo Tratado que o substituísse: o Tratado de Madri, firmado entre Portugal e Espanha, no ano de 1750, o qual veio demarcar novas fronteiras. Diante desse cenário, tratou Portugal de garantir o povoamento daquela região, especialmente na parte relativa à zona do rio Guaporé. Assim em 1748, foi criada uma nova capitania, a de Mato Grosso, desmembrada da capitania paulista. Dom Antônio Rolim de Moura, de posse da Carta Régia, enviada de Lisboa, para fundar a sede administrativa da nova província de Mato Grosso, veio ao Brasil para desempenhar tal incumbência . E Vila Bela, no extremo oeste do Estado, foi escolhida para ser a capital.