sábado, 20 de novembro de 2010

Chapada dos Guimarães
Quando Cuiabá foi elevada à categoria de 'Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá', em 1727, Chapada dos Guimarães já contava com uma grande fazenda e um engenho com muitos escravos.

Engenho Buriti, de Antonio de Almeida Lara. Pintura de Moacyr de Freitas.


Segundo historiadores, esse engenho começou suas atividades por volta de 1721 e pertencia a Antonio de Almeida Lara, bandeirante que veio junto com a 'bandeira' de Pascoal Moreira Cabral, a mesma que fundou Cuiabá em 1719.

Antonio de Almeida Lara fundou um verdadeiro estado feudal agrário na sua imensa propriedade, na região conhecida como Buriti, e dominava muitos escravos que eram empregados como mão de obra na produção de cana de açúcar, alguns víveres, rapadura e principalmente aguardente de cana [pinga], o principal e mais consumido produto da época.

No início do período aurífero, segundo palavras do próprio Rodrigo César de Meneses [1º Capitão General a visitar Cuiabá, em 1726], a miséria era tanta que a vida em Cuiabá era "chorar, gemer e morrer".

A cachaça produzida no engenho de Buriti veio dar um pouco de ânimo às pessoas da região, pois, dizem, tinham caras de defunto, e após ingerirem um pouco da bebida, deixavam logo de tê-la.

Em 1748 foi criada a Capitania de Mato Grosso. Até então todas as terras pertenciam à Capitania de São Paulo. Em 1750 chegou a Mato Grosso Antonio Rolim de Moura Tavares, o 1º Capitão General da Capitania, que cuidou logo de organizar um aldeamento em Chapada dos Guimarães, agrupando todos os índios reunidos e deixando-os sob os cuidados do padre jesuíta Estevão de Castro. O local passou a Chamar-se Santana de Chapada.

Em 1764, Luis Pinto de Souza Coutinho colocou o nome da Chapada de Santana de Chapada dos Guimarães. Nossa Senhora Santana é a padroeira de Chapada e Guimarães é homenagem aos portugueses de Guimarães. Há textos que dizem que Luis Pinto homenageou o Duque de Guimarães, mas alguns estudiosos dizem que a homenagem é aos portugueses de Guimarães, já que Guimarães é o local onde Portugal nasceu após se libertarem dos mouros. Há uma cidade e um castelo com esse nome em Portugal.

A região onde hoje é Mato Grosso sempre fez parte do imaginário dos 'bandeirantes' paulistas. Conta-se que Manuel de Campos Bicudo foi um dos primeiros a navegar o rio Cuiabá. Diz-se que estava em busca do Eldorado, uma cidade perdida feita de ouro. Passou em Cuiabá antes de 1718 e conheceu a região, mas não encontrou o ouro.

Em 1718 regressava de Cuiabá Antonio Pires de Campos, o filho de Manuel de Campos Bicudo. Fora escravizar índios para vendê-los como escravos em São Paulo [o escravo africano estava custando um preço absurdo nesse período]. No regresso encontrou-se com a 'bandeira' de Pascoal Moreira Cabral e comunicou-lhe que havia naquelas terras [Mato Grosso] muitos índios. Pascoal seguiu adiante com o mesmo intuito de capturar índios para vendê-los na feira de escravos. Saiu de São Paulo via rio Tietê, rio Paraná, rio Paraguai e rio Cuiabá. Na região cuiabana adentrou-se pelo rio Coxipó [afluente do rio Cuiabá] e seguiu adiante no encalço dos índios. Mas aconteceu que os índios estavam todos muito furiosos, pois Antonio Pires já havia estado lá. Houve vários ataques e várias baixas na 'bandeira' de Pascoal. Incansável, Pascoal seguiu em frente.

Conta-se que o grupo estava acampado e alguém notou um brilho nas margens do rio. Observaram melhor: era ouro! Os 'bandeirantes' tornaram-se garimpeiros da noite para o dia. O ouro brotava tão facilmente que nem era preciso escavar ou ter prática, bastando apenas retirá-lo do leito do rio. Usavam tudo que tinham: pratos, colheres, galhos e tudo mais que se possa imaginar que um 'bandeirante' teria numa ocasião daquelas. O índio foi esquecido por alguns momentos.

Pascoal Moreira manteve-se firme e pedia a todos que abandonassem o ouro para continuarem na busca ao índio, mas não deram ouvidos. Logo que o achado tornou-se maior e a febre já tomado a todos, Pascoal Moreira, juntamente com seus companheiros fizeram a carta de fundação e a enviaram rapidamente para São Paulo, contando a todos as boas novas.

Isso aconteceu oficialmente em 08 de abril de 1719. O local foi batizado de Arraial da Forquilha e logo ergueram uma igreja simples que recebeu o nome de Igreja Nossa Senhora da Penha de França.

Aos poucos muitos bandeirantes garimpeiros foram chegando de todos os lados atrás da fortuna fácil.

Em 1721 um 'bandeirante' conhecido por Miguel Sutil cuidava de sua roça que ficava nas margens de um pequeno riacho de areias brancas. Conta-se que pediu aos seus servos índios que buscassem mel na floresta. Quando os índios retornaram contaram a ele que não traziam mel. Miguel Sutil ficou furioso e já estava a ponto de mandar chicoteá-los. Os índios então mostraram que traziam algo melhor que mel e mostraram o ouro para Miguel Sutil. Contam que Miguel Sutil quase enlouqueceu quando viu tanto ouro espalhado pelo chão e embaixo das folhas das árvores. Bastava arrancar uma moita de capim e as raízes e a terra era misturada com ouro.

Em 1722, o local onde era a roça de Miguel Sutil transformou numa das mais populosas cidades do Brasil. E isso tudo rapidamente, pois a febre do ouro impedia qualquer pessoa de medir distâncias [a viagem de São Paulo até Cuiabá demorava cerca de 06 meses através dos rios, sem contar os imprevisíveis ataques dos índios Guaicurus, Paiaguás e Caiapós, que matavam esquadras com mais de 500 pessoas e jogavam todo o ouro no rio].

Cuiabá originou-se no local dessa última descoberta.

fonte: http://chapadaexplorer.com.br/links-parceiros-reciprocos/10-chapada-dos-guimar.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário