domingo, 19 de abril de 2009

AS FORTIFICAÇÕES MILITARES

Ao longo da fronteira


Capitão-general Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres. Autor não identificado (década de 70 - século XVIII). Acervo da Casa Ínsua, Portugal.


Mesmo tendo sido anulado o Tratado de Madri, ao governo lusitano interessava garantir a posse das áreas a Oeste, especialmente daquelas conquistadas pelo avanço bandeirante e expandidas durante dos primeiros capitães-generais de Mato Grosso. Foi perseguindo esse objetivo que Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres mandou construir o Forte de Coimbra, no ano de 1775. Com mais esse importante posto militar, objetivava assenhorar-se da navegação do baixo rio Paraguai, não permitindo assim que espanhóis ou índios dominassem esse importante ponto estratégico.


Forte de Coimbra

Outra construção estratégicamente erguida ao longo da fronteira ocidental foi o Forte Real Príncipe da Beira, no ano de 1776, ainda por ordem do referido governador. A posição geográfica dessa fortificação era estratégica: à margem direita do rio Guaporé, acima da capital, Vila Bela da Santíssima Trindade. Esse monumento arquitetônico serviu como mais um ponto de fixação da fronteira. A construção dessa suntuosa edificação ficou a cargo de Domingos Sambuceti, engenheiro responsável pela obra. Tal como no Marco do Jauru, essa fortaleza contou com inscrições em latim, patenteando a posse da região pela Coroa portuguesa.



Forte Real Princípe da Beira

Para garantir o domínio do território que se situava entre o Forte do Príncipe da Beira e Vila Bela da Santíssima Trindade, o governador Luís de Albuquerque mandou fundar uma outra povoação, intitulada Viseu (4 de setembro de 17776).

Mapas ilustrando a fronteira da Capitania de Mato Grosso com o domínio colonial espanhol na América do Sul.

Tratado de Santo Ildefonso

A fundação de todas essas edificações deveu-se principalmente, à questão da garantia dos territórios situados entre as duas principais vilas da Capitania mato-grossense, Cuiabá e Vila Bela, pois um novo tratado de limítes estava sendo negociado entre as duas Coroas ibéricas. Era o Tratado de Santo Ildefonso, assinado a 1° de outubro de 1777, marco da nova política lusitana, implementada pela rainha D. Maria I, que inaugurou um período conhecido como Viradeira, cuja política se opunha, frontalmente, àquela implementada pelo governo anterior, de D. José I, que tinha à frente o esclarecido Marquês de Pombal. Por esse novo tratado, o Brasil cedia para a Espanha o extenso território da Missões, mantendo, praticamente inalterados, os limites fixados na fronteira Oeste pelo Tratado de Madri. Assim, a fundação de Vila Maria, do Forte do Príncipe da Beira e de Viseu, às vésperas da assinatura de Santo Ildefonso, demarcou as firmes posições portuguesas na fronteira setentrional da América do Sul, especialmente no desconhecido trecho que mediava os rios Jauru e Guaporé.

D. Maria I compôs a comissão demarcoda do Tratado de Santo Ildefonso: em nome de Portugal, foram nomeados os lusitanos Ricardo Franco de Almeida Serra e Joaquim José Ferreira, e os brasileiros Francisco José de Lacerda e Almeida e Antônio Pires da Silva Pontes, além de um capelão, padre Álvaro de Loureiro da Fonseca Zuzarte, dois desenhistas e três oficiais inferiores.

A Capitania de Mato Grosso, após o Tratado de Santo Ildefonso, já possuía grande parte de sua extensa fronteira Oeste devidamente guarnecida com fortes, fortalezas e presídios, trabalho implementável de maneira incansável durante o Período Colonial. Até mesmo a raia máxima do Sul da Capitania fora agraciada com uma importante guarnição, o Forte de Coimbra, localizado às margens do rio Paraguai, próximo à antiga Vila de Albuquerque, mais tarde denominada Corumbá.

FONTE: SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002, p. 56-7.

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