sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cuiabá

Centro histórico de Cuiabá
O município de Cuiabá foi o primeiro criado em Mato Grosso. De Cuiabá derivam todos os municípios que compõem hoje os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. A primeira notícia que se tem sobre o território atual de Cuiabá remonta aos anos de 1670 a 1673. O paulista Manoel de Campos Bicudo subiu o Rio Cuiabá até confrontar-se com o Morro da Canastra - hoje denominado Morro de São Jerônimo, situado no município de Chapada dos Guimarães. O segundo nome da história já dos tempos da escrita em Mato Grosso é o de Antonio Pires de Campos, filho de Manoel de Campos Bicudo. Em 1718 subiu o Rio Cuiabá e na região da barra do Rio Coxipó encontrou índios do povo bororo. Aprisionou indígenas de uma aldeia e botou fogo no que sobrou da caçada de índios. Na verdade, Pires de Campos que procurava as Minas dos Martírios - contentou-se com a preia. Antonio Pires de Campos levava uma grande quantidade de índios, Cuiabá abaixo, quando, no Bananal, encontrou-se com a bandeira de Paschoal Moreira Cabral. Mostrou os índios preados e indicou a região da catada: o Rio Cuiabá na altura do Coxipó. Paschoal não demorou e se botou Rio Cuiabá acima em busca de índios. O intento era prear índios e levá-los a São Paulo.

Não queriam os paulistas apenas prear índios. Interessava-lhes pedras preciosas, também, então perdida a batalha e recolhidos ao acampamento da barra do Rio Coxipó, olhavam atentamente o terreno. Um dos companheiros de Cabral encontrou ouro. Não se conhece os pormenores do achado. Mas o ouro ali estava. Sem as ferramentas apropriadas para a extração do ouro, os paulistas se valeram do que tinham à mão. Outros grupos de paulistas foram chegando, subindo o Rio Cuiabá e igualmente foram se dedicando à extração do ouro. Os paulistas foram subindo o Coxipó e seus afluentes, assim como foram se derramando pelas regiões vizinhas. Em conseqüência, os paulistas abandonaram o arraial primitivo e se agruparam em Forquilha - na confluência do Rio Mutuca com o Coxipó. Em Forquilha, levantaram a primeira igreja, rústica, sob a invocação de Nossa Senhora da Penha da França, celebrando a primeira missa o padre Jeronymo Botelho. Entre os aventureiros paulistas, que exploravam o Rio Cuiabá e seus afluentes, a história marcou os atos de Miguel Sutil. Subindo o Rio Cuiabá, Miguel Sutil chegou até a embocadura do córrego Prainha, ali arranchando e tocando roça juntamente com João Francisco Barbado. Certo dia de outubro de 1722, Sutil mandou os índios buscarem mel silvestre. Escoou-se o dia, temendo Sutil a fuga dos índios. Já muito tarde chegaram sem mel. Sutil admoestou-os pela demora e por não trazerem mel. Em resposta, os índios mostraram-lhe os primeiros granetes de ouro colhidos no local que mais tarde seria denominado “Lavras do Sutil”, nas proximidades do local da atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, onde se edificaria Cuiabá. Uma Provisão Régia de 1723 elevava Cuiabá a distrito. A 27 de abril de 1724, a Capitania de São Paulo modificou a estrutura da administração das minas de Cuiabá, a fim de organizar perfeitamente a vida em terra de conquista. João Antunes Maciel foi nomeado Superintendente Geral das Minas e Fernando Dias Falcão erigido Capitão-Mór-Regente. Obedecendo as ordens régias, o governador de São Paulo, Dom Rodrigues Cezar de Menezes, partiu de São Paulo, a 6 de julho de 1726, a fim de instalar o aparato político-administrativo na região. O governador viajou de São Paulo à Cuiabá com um séqüito de 3.000 pessoas, em 23 canoas de 40 a 60 arrobas cada uma, reservadas para o transporte de carga de “gêneros da terra e do reino”, somando ao todo, 308 unidades. Era como se fosse uma pequena vila em viagem. Toda a despesa corria por conta do ouro cuiabano. A 15 de novembro chegaram ao porto geral de Cuiabá. A 1º de janeiro de 1727, o governador de São Paulo instalou a Villa. Começava efetivamente a vida do primeiro município de todo o território, depois denominado Capitania de Mato Grosso. Em 1823, por decisão do Imperador D. Pedro I, Cuiabá tornou-se capital da Província, em detrimento de Vila Bela. O que consagrou a hegemonia de Cuiabá, com relação a todas as cidades e vilas, foi a abertura do Rio Paraguai ao comércio internacional, ocorrida pelo Tratado de abertura dos portos com o Paraguai, a 6 de abril de 1856. Cuiabá sofreu as conseqüências da Guerra do Paraguai, se bem que as forças paraguaias não chegassem a ameaçar seriamente a cidade, pois as garantias de defesa circunstanciais impediam a chegada da esquadra inimiga. A varíola, também denominada bexiga, causou pesada baixa na população cuiabana, assim como em toda a Província. Surdamente nasceu o movimento libertador da escravidão, assim como também o republicano. Somente a partir da década de 1920, com os melhoramentos do sistema de transporte rodoviário, Cuiabá passou a viver uma fase desenvolvimentista, fase esta incrementada após a década de cinqüenta, com a implementação da política federal de ocupação do centro oeste brasileiro, da qual fez parte a própria política de colonização adotada pelo governo do Estado. Sendo que a partir de 1960, a ocupação de Cuiabá se processou de forma mais acelerada. Pode-se dizer que o estabelecimento da frente agrária perturbou o domínio do capital cuiabano em favor do capital de fora, tanto de outros Estados como do estrangeiro. Cuiabá se encontra no início da carreira industrial propriamente dita, numa estrutura brasileira de capitalismo, mas se beneficia da estrutura governamental estadual, pois nesta se alicerçam os projetos de desenvolvimento, além do que se reafirma como centro comercial e de serviços, a fim de atender a crescente demanda de todo o Estado de Mato Grosso.
Texto:João Carlos Vicente Ferreira.

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