sexta-feira, 24 de abril de 2009

HISTÓRIA NA IMPRENSA - ACUSADOS SÃO MEMBROS DA ELITE CUIABANA

Acusados são membros da elite cuiabana

Da Reportagem

Acusados de liderar a rebelião, os cinco presos em 31 de outubro ocupam cargos importantes na sociedade cuiabana, inclusive entre o Legislativo e o Judiciário. Conforme adiantou o Presidente da Província, o julgamento do grupo será no Superior Tribunal de Justiça, no Rio de Janeiro. Todos são membros fundadores da Sociedade Zelosos da Independência, criada em 24 de agosto de 1833, e ligada por princípios à Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência Nacional (RJ), de orientação também nativista, mas moderada. Talvez por isso tenham sido os próprios companheiros de agremiação os signatários das duas representações que os levariam ao calabouço do quartel da Guarda Municipal. São eles: José Jacinto de Carvalho – Membro do Conselho do Governo Provincial e Promotor Público em Cuiabá, Secretário Geral e membro da Junta de Fazenda, comandante da 2ª Companhia da Guarda Nacional. José Alves Ribeiro – fazendeiro. Pascoal Domingues de Miranda – Juiz de fora Braz Pereira Mendes – Professor de lógica, comerciante, magistrado e presidente da Câmara Municipal de Cuiabá. Bento Franco de Camargo – Vereador em Cuiabá. (RV)
Posição de Poupino é contraditória
É contraditória a posição do ex-presidente da província, João Poupino Caldas, ao exigir da justiça a punição exemplar dos responsáveis pela rebelião de Maio. Relembrando os pormenores do ocorrido, o Tenente da 6ª Cia. poderá estar atirando no próprio pé. Isto porque Poupino foi membro ativo das discussões que antecederam o massacre promovido pelos “Zelosos da Independência”, mais e mais acaloradas a partir do pedido de afastamento do então presidente Antônio Corrêa da Costa, e a entrada de André Gaudie Ley, um “bicudo”, em seu lugar. Quando a rebelião já se mostrava inevitável, seria Poupino quem, dois dias antes, assumiria o cargo em questão, numa clara tentativa de acalmar os ânimos radicais. É de se duvidar que, àquele momento, o astuto “Zeloso” ignorasse o que estava por vir. Finda a matança, Poupino permitiu que o governo paralelo, entrincheirado no quartel da Guarda Municipal continuasse ditando sua Lei por três meses, de maio a setembro, até que as circunstâncias o impelissem a comunicar a situação à Regência – a notícia chegou à Província de Goiás. Se for mesmo sério, o processo judicial terá de incluir mais tarde o ex-presidente, não mais no rol de testemunhas. (RV)
Fonte: Diário de Cuiabá: Edição nº 9916 08/04/2001

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