segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Farofinha cuiabana
por Lucinéia Nunes
publicado no blog do estadão em 31/08/09




Foi ao som da viola-de-cocho e do canto ‘choramingado’ de cururis e siriris, que conheci o pixé. A especialidade cuiabana é uma farofa doce à base de milho torrado e moído, canela e açúcar, vendida em cones de papel ou potinhos de plástico. Com gosto de pipoca doce – aquela da embalagem cor de rosa, nem tão doce e, às vezes, até salgada – a farofinha pode ser usada para enriquecer doces ou mingaus.
Mas os cuiabanos preferem comê-la pura. Simplesmente jogam um pouco na palma da mão e lambem. Mas é preciso cuidado, avisou logo a quituteira: “Ele é seco e engasga que é um perigo”. Por isso, também há quem prefira comer pixé acompanhado de cachaça.

Felipe Rau/AE

De tão popular, o pixé virou até música, que soa com graça na boca de crianças e adultos. Quem me ensinou cantarolando foi o próprio autor, o atual Secretário Adjunto da Cultura de Cuiabá, também professor e poeta, Moisés Martins:



Milho torradinho socado
Canela açucarada
A branca pura daquela gurizada
Do tempo do Campo d’Ourique
Quando a “pandoga”, o buscapé, o trique-trique
Pintavam o céu com pingos de luz
Tempo bom que não volta mais
Só na lembrança de quem foi menino
E hoje é rapaz
Um dia ainda verei
Eu tenho fé
Meu neto com a boca toda suja de pixé
(Moisés Martins e Pescua, 1992)






Nenhum comentário:

Postar um comentário