quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Fazenda Jacobina em Cáceres é tombada pelo Governo do Estado


A lenta ocupação do extremo Oeste brasileiro encontra-se registrada, através de uma série de vestígios arqueológicos e históricos, às margens do rio Paraguai. Ao longo de seu eixo é possível encontrar, ainda hoje, ruínas de saladeiros ou charqueadas, que constituíram o grande empreendimento econômico do Pantanal até meados do século XX; casas-grandes, que foram sedes de importantes fazendas de onde partiram os pioneiros da ocupação pastoril da planície; e sítios arqueológicos, que registram diversos períodos da ocupação indígena da região, entre outros sinais da presença humana no Pantanal. A fazenda Jacobina é um desses lugares que têm a história registrada nas paredes. Preocupada em manter este importante Patrimônio Histórico de Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Cultura realizou o tombamento do local, o que garantirá a preservação da localidade, mantendo a história viva. Desde o ano passado, o secretário de Estado de Cultura, João Carlos Vicente Ferreira, já se mostrava preocupado em preservar mais um patrimônio histórico e cultural do nosso estado. Ele visitou a fazenda já com a intenção de solicitar o tombamento do local. João Carlos pôde conhecer o atual proprietário da localidade, Sebastião Lara, que na ocasião, se mostrou preocupado em preservar a fazenda e sua história, porém ressaltou a importância em realizar a restauração do prédio, já que parte da casa está desativada devido ao desgaste ocasionado pela má conservação do local. Ferreira destacou que a Secretaria de Estado de Cultura (SEC) está a disposição para ajudar o proprietário, com relação à elaboração de projetos para conseguir os recursos para os reparos necessários. "Conhecer e preservar a sua história é resgatar a nossa própria história e construir a nossa identidade. Com o tombamento poderemos fomentar o turismo cultural da região e mostrar um pouco mais da história mato-grossense para as pessoas que são de fora", ressaltou. O tombamento é um ato administrativo que tem como objetivo preservar, por intermédio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados.

HISTÓRIA

A fazenda Jacobina foi fundada em 1769 pelo português Leonardo Soares de Sousa, coronel de Milícias. O fundador não deixou descendência masculina, tendo a filha dele, Maria de Josefa de Jesus Leite se casado com o também coronel de Milícias, João Pereira Leite, dando origem ao clã dos Pereira Leite em Mato Grosso. A fazenda serviu de abrigo para o exilado médico Francisco Sabino Alves da Rocha, um dos chefes da Sabinada, revolta que ocorreu no período regencial brasileiro, que aconteceu na Bahia. Ao longo de sua história constituiu-se em um importante estabelecimento produtor de charque e de açúcar, que abastecia não só os grandes centros brasileiros como São Paulo e Rio de Janeiro, mas que também exportava para a Europa. De acordo Hércules Florence, no livro “Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas”, no qual ele relata a passagem dele pelo interior do Brasil, entre os anos de 1852 e 1829, a fazenda era a mais rica da província, tanto em área quanto em produção. Tinha cerca de 60 cabeças de gados, 200 escravos e número igual de alforriados. As roças abrangiam canaviais, plantações de feijão, mandioca, cereal de café para abastecimento dos núcleos adjacentes e possuíam engenho movido à força hidráulica. Entrou em decadência a partir de 1888, após a abolição da escravatura. Inúmeros fatores contribuíram para alterar a trajetória da Jacobina no século XX, entre eles, a ascensão dos engenhos de cana-de-açúcar no Nordeste e as leis trabalhistas criadas por Vargas na década de 30. Hoje, a fazenda pertence à família Lara e é um dos maiores atrativos históricos de Cáceres. A origem do nome é desconhecida, mas diz a lenda que nas terras de Jacobina vivia um casal de índios, cujos nomes Jacob e Bina, teria pela junção formado o nome – Jacobina. O casal acolhia os aventureiros que passavam pela região em troca de presentes. A construção da fazenda consiste em um imponente sobrado colonial, construído com taipa de pilão, uma das tradicionais técnicas construtivas em terra.


Nenhum comentário:

Postar um comentário