Uma certa partida do Brasileirão de 1984 ficou eternizada na retina de todo torcedor operariano e imortalizada nas páginas de nossa história futebolística.
Acompanhávamos atentos ao desenrolar do jogo entre o Operário de Várzea Grande e o poderoso Botafogo do Rio. A partida fora realizada no estádio Verdão, em Cuiabá, e naquele dia infelizmente não pudemos ir. Então a alternativa foi acompanharmos tudo através das ondas do rádio. Estávamos reunidos em volta do aparelho, eu, meu pai, meus irmãos e primos, todos na maior expectativa.
Os mixtenses diziam que levaríamos uma surra, "goleada na certa" apregoavam na véspera, os nossos rivais.
Acreditávamos que o "chicote da fronteira" não nos decepcionaria, que venderia caro uma eventual derrota e que sairia de campo de cabeça erguida e aplaudido pela torcida.
O poderoso clube da estrela solitária, que naquela época, é bem verdade, não tinha um elenco tão imponente assim, apenas seu arqueiro, que já havia disputado uma Copa do Mundo, na reserva, mas ainda assim tinha bagagem internacional e merecia respeito. Ah, sem falar no treinador botafoguense, ninguém menos que Didi, o "folha seca" detentor de um vasto currículo no futebol internacional.
Apesar de todas as adversidades, acreditávamos que o Operário seria guerreiro naquele dia.
Voltando ao jogo, o Botafogo, favorito disparado, não demorou muito em abrir o placar, gol do atacante Amarildo. Seria esse o prenúncio de uma jornada mal lograda para os mato-grossenses? Porteira que passa um boi... Já viu né?
Que nada! O Operário não se deixou intimidar e passou a pressionar o adversário em busca da igualdade no marcador. Mas todas as nossas investidas eram rechaçadas pela zaga adversária ou pelo seu goleiro, em tarde inspirada.
Parecia que aquele não era o nosso dia...
Já no crepúsculo da partida, eis que temos um escanteio a favor pela direita.
Na bola o ponta-esquerda Ivanildo, "de pé trocado é perigo dobrado" diziam os antigos locutores. Era a nossa derradeira esperança, a partida já se encaminhava para o seu final. Dedos cruzados, respiração paralisada, o coração disparado. Agora ou nunca!
O narrador Márcio de Arruda, "o categoria que não muda", carregava na adrenalina, "é fogo, é fogo, torcida tricolor, aguenta coração!", bola na área, um perde-ganha danado, disputa de cabeça, até que a bola sobra pra Mosca, nosso principal jogador naquela tarde, e ele, como todo artilheiro que se preze, fez o imponderável.
A torcida tricolor viu a genialidade do artilheiro no desfecho da jogada. Um lance acrobático, insinuante e inesperado que deixou perplexo o experiente goleiro botafoguense.
"Golaço, um lindo gol de Mosca, gol de bicicleta! O "Chicote da Fronteira" empata no apagar das luzes do espetáculo!". A narração eufórica aguçava mais ainda a nossa imaginação. Começávamos a desenhar em nossas mentes aquela pintura de gol. Teria sido tão lindo assim, ou o locutor exagerou na emoção? "Ah, se for tão belo assim vai passar no Fantástico!" profetizou meu pai, tricolor convicto.
Em casa festejamos pra valer. assim como a galera tricolor nas arquibancadas lotadas do governador Fragelli.
À noite, ficamos reunidos em frente à TV, aguardando ansiosamente aos gols da rodada. Até que a voz emblemática de Leo Batista anunciou: "Mosca do Operário-MT, é dele o Gol do Fantástico!". Comemoramos como se fosse a conquista de um título.
Aquilo nos encheu de orgulho, massageou nosso ego, aumentou a nossa auto-estima de operariano, de mato-grossense!
No dia seguinte ainda teve matéria no Globo Esporte com o herói da tarde anterior aparecendo em rede nacional de televisão. Realmente naquele dia ele foi uma verdadeira mosca na sopa do Botafogo, com direito à trilha sonora de Raul Seixas e tudo, "eu sou a mosca que pousou em sua sopa..."
Esse golaço do Mosca foi com certeza inesquecível.
Acompanhávamos atentos ao desenrolar do jogo entre o Operário de Várzea Grande e o poderoso Botafogo do Rio. A partida fora realizada no estádio Verdão, em Cuiabá, e naquele dia infelizmente não pudemos ir. Então a alternativa foi acompanharmos tudo através das ondas do rádio. Estávamos reunidos em volta do aparelho, eu, meu pai, meus irmãos e primos, todos na maior expectativa.
Os mixtenses diziam que levaríamos uma surra, "goleada na certa" apregoavam na véspera, os nossos rivais.
Acreditávamos que o "chicote da fronteira" não nos decepcionaria, que venderia caro uma eventual derrota e que sairia de campo de cabeça erguida e aplaudido pela torcida.
O poderoso clube da estrela solitária, que naquela época, é bem verdade, não tinha um elenco tão imponente assim, apenas seu arqueiro, que já havia disputado uma Copa do Mundo, na reserva, mas ainda assim tinha bagagem internacional e merecia respeito. Ah, sem falar no treinador botafoguense, ninguém menos que Didi, o "folha seca" detentor de um vasto currículo no futebol internacional.
Apesar de todas as adversidades, acreditávamos que o Operário seria guerreiro naquele dia.
Voltando ao jogo, o Botafogo, favorito disparado, não demorou muito em abrir o placar, gol do atacante Amarildo. Seria esse o prenúncio de uma jornada mal lograda para os mato-grossenses? Porteira que passa um boi... Já viu né?
Que nada! O Operário não se deixou intimidar e passou a pressionar o adversário em busca da igualdade no marcador. Mas todas as nossas investidas eram rechaçadas pela zaga adversária ou pelo seu goleiro, em tarde inspirada.
Parecia que aquele não era o nosso dia...
Já no crepúsculo da partida, eis que temos um escanteio a favor pela direita.
Na bola o ponta-esquerda Ivanildo, "de pé trocado é perigo dobrado" diziam os antigos locutores. Era a nossa derradeira esperança, a partida já se encaminhava para o seu final. Dedos cruzados, respiração paralisada, o coração disparado. Agora ou nunca!
O narrador Márcio de Arruda, "o categoria que não muda", carregava na adrenalina, "é fogo, é fogo, torcida tricolor, aguenta coração!", bola na área, um perde-ganha danado, disputa de cabeça, até que a bola sobra pra Mosca, nosso principal jogador naquela tarde, e ele, como todo artilheiro que se preze, fez o imponderável.
A torcida tricolor viu a genialidade do artilheiro no desfecho da jogada. Um lance acrobático, insinuante e inesperado que deixou perplexo o experiente goleiro botafoguense.
"Golaço, um lindo gol de Mosca, gol de bicicleta! O "Chicote da Fronteira" empata no apagar das luzes do espetáculo!". A narração eufórica aguçava mais ainda a nossa imaginação. Começávamos a desenhar em nossas mentes aquela pintura de gol. Teria sido tão lindo assim, ou o locutor exagerou na emoção? "Ah, se for tão belo assim vai passar no Fantástico!" profetizou meu pai, tricolor convicto.
Em casa festejamos pra valer. assim como a galera tricolor nas arquibancadas lotadas do governador Fragelli.
À noite, ficamos reunidos em frente à TV, aguardando ansiosamente aos gols da rodada. Até que a voz emblemática de Leo Batista anunciou: "Mosca do Operário-MT, é dele o Gol do Fantástico!". Comemoramos como se fosse a conquista de um título.
Aquilo nos encheu de orgulho, massageou nosso ego, aumentou a nossa auto-estima de operariano, de mato-grossense!
No dia seguinte ainda teve matéria no Globo Esporte com o herói da tarde anterior aparecendo em rede nacional de televisão. Realmente naquele dia ele foi uma verdadeira mosca na sopa do Botafogo, com direito à trilha sonora de Raul Seixas e tudo, "eu sou a mosca que pousou em sua sopa..."
Esse golaço do Mosca foi com certeza inesquecível.
Gostei dessa crônica, que na verdade são suas reminicências de infância, não é?
ResponderExcluirVocê poderia escrever uma nova a cada semana.
Que tal?
Bjus...
Ok vou tentar, produzir um texto por semana.
ResponderExcluirBeijos