A proximidade com os brancos trouxe para as aldeias o vício do álcool, da maconha e da cocaína. Com a falta de segurança, pais de família se unem e vão para as ruas fazer patrulhamento comunitário.

Saladeiros, assim eram chamadas as fazendas que salgavam carne, para fazerem o charque. Às margens do rio Paraguai há muitas fazendas que faziam isso, e que hoje se tornaram pousadas e pontos de parada para quem navegam no rio. A fazenda do Barraco Vermelho foi o primeiro lugar que a Caravana Travessia Pantaneira parou depois que partiu da cidade de Cáceres (MT).
O lugar, onde funciona uma pequena pousada foi analisado pelos técnicos que integram a viagem. Lá, no fim do século 19, funcionou um saladeiro que vendia charque para a Europa.
A segunda parada foi na fazenda Descalvados. Um lugar que no fim do século 19 e início do século 20 foi uma referência nacional em produção de charque e da prosperidade daqueles anos. Hoje as ruínas, de boa parte sede, contam um pouco da história de dias gloriosos de uma fazenda que chegou a ter 600 mil cabeças de gado, e que os Correios lhe conferiram um Código de Endereçamento Postal (CEP) próprio, tamanha a importância do local.
O que sobrou do antigo saladeiro o atual proprietário tenta restaurar com o apoio do governo federal. São barracões, casas, maquinário antigo e até mesmo uma igreja, com as imagens de São Braz e São Roque vindas de Portugal, que hoje estão necessitando de cuidados para que a memória daqueles tempos não seja apagada.
Cronologia - Em 1874 a Descalvados pertencia a João Carlos Pereira Leite, na época tinha mais de 210 mil hectares. Rafael Del Sar, um argentino arrendou as terras e construiu o saladeiro, em 1878. Nas mãos de Jaime Cibius Bucharel, em 1881, a fazenda recebeu um reforço financeiro de investidores da Bélgica, país, com o qual Bucharel deve estreitos laços. Depois, em 1911, passou às mãos de Percival Faguhar, que fundou a Brazil Land Cattlo and Packing Company. Na era Vargas, 1968, foi quando a fazenda ganhou um CEP próprio e passou para as mãos da família Lacerda, a quem pertence até hoje.
Memória milenar - Mas as histórias da Barranco Vermelho e da Descalvado são muito anteriores há 150 anos. No local das duas fazendas facilmente são encontrados vestígios de antigos povoamentos. Na Barranco Vermelho há um cemitério indígena, que, segundo a arqueologa Valéria Ferreira e Silva, indica a presença do homem na região há mais de mil anos. “Os últimos povos que viveram aqui foram os Xarayes. Mas aqui há indícios de habitantes que a arqueologia desconhece, coisa de mais de mil anos atrás”, explica.
Na Descalvado foi possível ver o que parece ser uma urna funerária. “Nos só vamos ter certeza disso quando a desenterrarmos e ver o que tem dentro. Mas é certo que estes são vestígios são muito antigos, mais de mil anos”, especula.
Segundo ela em qualquer lugar que se cave na fazenda é possível encontrar utensílios cerâmicos. “Fizeram uma fossa céptica aqui e tiraram um monte de artefatos e ossos”, conta.
Fonte: 24 Horas News
A. Taunay
Camaleão/Iguana iguana
O popular Sininbú da folha verde, como dizem os ribeirinhos.
aquarela; 29x37,5 cm
AACSP; inv. 63/3/146
Inscrições: Feito em Cuiabá, em agosto, 1827/Reduzido/Adrien Taunay fecit
Espécie de ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o México e Caribe até o sul do Brasil e Paraguai. Este lagarto iguanídeo pode atingir mais de um metro de comprimento. Arborícola, fica camuflado no meio da folhagem das árvores, especialmente em matas de galeria e florestas próximas à água. Quando assustado, é comum que pule na água, em longos mergulhos. Tem hábitos alimentares basicamente herbívoros, comendo frutos, folhas e ocasionalmente insetos.
O marechal Cândido Rondon foi indicado ao prêmio Nobel da paz
Ainda jovem, Rondon decidiu servir ao Exército e dedicar-se à construção de linhas telegráficas pela vastidão do interior brasileiro. Durante sua vida, percorreu mais de 100 mil quilômetros, abrindo caminhos. Elaborou as primeiras cartas geográficas de cerca de 500 mil km2. Fundou o Serviço de Proteção ao Índio. O marechal entraria para a história como o pacificador e o patrono das comunicações.
De origem indígena por parte de seus bisavós maternos e da bisavó paterna, Rondon tornou-se órfão precocemente, tendo sido criado pelo avô e depois por um tio. Quando adolescente, incluiu Rondon no seu nome de batismo, Cândido Mariano da Silva, para não ser confundido com um homônimo de má reputação.
Em 1881, aos 16 anos, formado professor primário, transferiu-se para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar. Em 1890, recebeu o diploma de bacharel em matemática e ciências físicas e naturais da Escola Superior de Guerra do Brasil. Partidário das idéias positivistas, participou dos movimentos abolicionista e republicano.
Em 1º de fevereiro de 1892, casou-se com Francisca Xavier, com quem teve sete filhos, e foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso. Foi então designado para a Comissão de construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás.
Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos e estabelecendo relações com os índios. Manteve contato com muitas tribos, entre elas os bororo, nhambiquara, urupá, jaru, karipuna, ariqueme, boca negra, pacaás novo, macuporé, guaraya, macurape. Em 1906 entregou uma linha telegráfica entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras de Paraguai e Bolívia.
Seus trabalhos desenvolveram-se de 1907 a 1915. Nesta época estava sendo construída a ferrovia Madeira-Mamoré. A chamada Comissão Rondon deveria construir uma linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira.
Em 1910 criou o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Obteve a demarcação de terras de vários povos, entre eles os Bororo, Terena e Ofayé. Em 1912, Rondon foi promovido ao posto de coronel, depois de ter pacificado os índios das tribos caingangue e nhambiquara.
Em 1913, ganhou medalha de ouro "por trinta anos de bons serviços" prestados ao Exército e ao Brasil. No mesmo ano acompanhou o ex-presidente americano Theodore Roosevelt na sua expedição ao Amazonas. Em setembro de 1913, Rondon foi atingido por uma flecha envenenada dos índios nhambiquaras.
Salvo pela bandoleira de couro de sua espingarda, ordenou a seus comandados que não reagissem, demonstrando seu lema: "Morrer, se preciso for. Matar, nunca". Em 1914 a Sociedade Geográfica de Nova York conferiu a Rondon o Prêmio Livingstone, e determinou a inclusão de seu nome em uma placa de ouro, ao lado de outros grandes exploradores.
Em 1914, com a Comissão Rondon, construiu 372 km de linhas e mais cinco estações telegráficas: Pimenta Bueno, Presidente Hermes, Presidente Pena (depois Vila de Rondônia e atual Ji Paraná), Jaru e Ariquemes, na área do atual estado de Rondônia. Em 1º de janeiro de 1915 conclui sua missão com a inauguração da estação telegráfica de Santo Antonio do Madeira.
De 1919 a 1924 foi diretor de engenharia do Exército. Entre 1927 e 30 inspecionou toda a fronteira brasileira desde a Guiana até a Argentina. Após a revolução de 1930, Getúlio Vargas, o novo presidente, hostilizou Rondon que, para evitar perseguições ao Serviço de Proteção aos Índios, deixou sua direção.
Em 1938, Rondon promoveu a paz entre a Colômbia e o Peru que disputavam o território de Letícia. No ano seguinte foi nomeado presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio.
Em 1952 Rondon propôs a fundação do Parque Indígena do Xingu. No ano seguinte inaugurou o Museu Nacional do Índio. Em 5 de maio de 1955, data de seu aniversário de 90 anos, recebeu o título de Marechal do Exército Brasileiro concedido pelo Congresso Nacional. Em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia, em 1981 elevado a estado.
Em 1957 foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, pelo ExplorerŽs Club de Nova York. O dia 5 de maio é a data em que se comemora o Dia das Comunicações no Brasil.
Índio Paiaguá.
Podem montanhas de água vir abaixo, tempestades cair até cansar, que o payaguá, de pé na extremidade de sua embarcação, continuará a remar completamente impávido.
As palavras do jesuíta Martin Dobrizhoffer atestam a bravura dos índios paiaguás. Nômades, dominavam os rios do Pantanal, que fazia parte de territórios espanhóis e portugueses.
Guerreiros por excelência, sempre lutaram contra o domínio europeu, pela autonomia de seu povo.
Em 1730, com 90 canoas de guerra, só deixaram escapar 17 dos 400 homens da monção portuguesa que invadiu seus domínios. Mas, em 3 de outubro de 1734, nova expedição de 842 homens os pega de surpresa. Mata 600 e aprisiona 266. Eles resistem por dois séculos, acossados por guerras, atacados por epidemias. Em 1943, morre Maria Dominga Miranda, a última índia paiaguá.
A existência desse povo pode ser lembrada na canção Lamento do Paiaguá, do cd Serestas de Mato Grosso, de Moisés Martins.
SAIBA MAIS
Payaguá: Os senhores do rio Paraguai, tese de mestrado de Magna Lima Magalhães.
Em http://www.anchietano.unisinos.br/
Fonte: Almanaque Brasil (outubro 2005)