quinta-feira, 2 de abril de 2009

Guerra do Paraguai: como construímos o conflito


Alfredo da Mota Menezes, Editora UFMT, Editora Contexto


A literatura brasileira sobre a chamada "Guerra do Paraguai" tem pecado pelo esquematismo. Durante muito tempo se atribui a culpa pelo conflito às "loucuras" de Solano Lopez. Mais tarde, no momento da Guerra Fria, surgiu um novo vilão. O imperialismo inglês no Prata teria manipulado três países da região para destruir o pequeno Paraguai e sua tentativa de crescimento econômico autônomo. Era um péssimo exemplo, não podia prosperar. Este último ponto de vista ainda domina as interpretações sobre a Guerra não só no Brasil mas em praticamente toda a América Latina. Ocorre que tal visão pseudo anti-imperialista deixa muitas perguntas sem respostas. Como o Paraguai, com um comércio raquítico, teria acumulado capital suficiente para um crescimento autônomo e acelerado? E como teria desenvolvido tecnologia, obtido matéria-prima e preparado mão-de-obra para esse salto, algo que países como o Brasil e a Argentina não conseguiram? Se o Paraguai, desde a independência, havia se isolado na região e se abriu somente nos dez anos posteriores à guerra, como foi possível chegar a um estágio de desenvolvimento que amedrontraria a potência mundial da época?

A Inglaterra estava impedida de comercializar no Paraguai? Nesse caso, o que dezenas de ingleses, contratados pelo governo paraguaio, estavam fazento naquele país antes e até durante o conflito? A aplicação macanicista de certas teorias históricas distorceu fatos e inventou interpretações...

Se, de fato, os ingleses tivessem sido os mandantes da guerra, ao menos haveria provas documentais da sua participação nos arquivos ingleses. Ora, neles não se encontra uma linha sequer sobre uma eventual maquinação entre Londres e seus agentes diplomáticos na área platense. Muito pelo contrário, lê-se que representantes ingleses lutaram pela paz! Um deles, Edward Thorton, junto com representantes do Brasil e da Argentina tentaram desesperadamente eliminar a guerra civil no Uruguai, base maior das reclamações de Solano Lopez na região. Fracassaram. Descrevem-se essas tentativas nas páginas deste livro.

Este livro mostra aspectos contraditórios de tais interpretações sobre a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, engendrados por concepções políticas e não por pesquisas em documentos, e revela um Paraguai bem menos assustador do que o apresentado nos manuais escolares. Obra cuidadosamente elaborada, Guerra do Paraguai: como construímos esse conflito traz novas luzes para um período fundamental na história dos países do Mercosul.

Um comentário:

  1. Sobre a Guerra do Paraguai, eu teria uma pergunta e foi bem a propósito ter lhe encontrado. Gostaria de saber algo sobre uma Santa (ou Santo?) que foi devolvida pelo governo do Paraguai à igreja de Cuiabá na década de 1975. Gostaria de saber a história do ocorrido que ensejou finalmente na devolução da mesma. Estou estudando os fatos da Guerra e me interesso muito por este tema.
    Obrigado,
    beaugeste2@gmail.com

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