quinta-feira, 20 de agosto de 2009

DIVISÃO DE MATO GROSSO
Durante a gestão do Presidente Ernesto Geisel foi promulgada a Lei Complementar nº 31, no dia 31 de outubro de 1977 onde estabeleceu a divisão do Estado de Mato Grosso. Manteve-se o Estado de Mato Grosso e foi criado o atual Estado de Mato Grosso do Sul.
Assim sustentados por argumentos que serão relatados neste capítulo e devido aos interesses econômicos e políticos do governo ditatorial, os sulistas viram os seus desejos concretizados em 1977.
Entretanto para abordamos a divisão do Estado de Mato Grosso, é fundamental lembrar que essa aspiração seu deu desde o final do século XIX.
Na década de 70, do século XIX, com término da Guerra do Paraguai, este país perdeu parte do seu território para a Província de Mato Grosso. O aumento territorial da Província trouxe muitas preocupações às autoridades governamentais, pois apontavam que a dimensão do território representava um entrave para o desenvolvimento da Província. Assim nascia a discussão sobre a divisão de Mato Grosso.
No entanto, os primeiros sintomas do separatismo ocorreram em 1892, durante a crise política que abateu o governo republicano com a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca. Como já foi mencionado anteriormente, a crise também abateu sobre o Mato Grosso com a deposição do governador Manoel Murtinho e a subida ao poder de Benedito Pereira Leite. Foi nesse momento em que o sul de Mato Grosso, em Corumbá, o coronel João da Silva Barbosa, instituiu o Estado Livre de Mato Grosso ou República Transatlântica, apesar de todos os esforços, Murtinho buscando o apoio do governo federal conseguiu combater esse movimento separatista.
Ao retornar a presidência do Estado, Manoel Murtinho anulou as decisões políticas tomadas pelo coronel Barbosa e decretou o fim da República Transatlântica.
Em 1907, Generoso Ponce tomou posse no governo do Estado e de imediato teve que enfrentar novamente uma onda de movimentos separatistas no sul de Mato Grosso. Esses movimentos separatistas contavam com o apoio da Mate Laranjeira.
Em 1932, o Presidente Getúlio Vargas enfrentou os paulistas na Revolução Constitucionalista. Os rebeldes paulistas alegavam que lutavam pela constitucionalização do país. A notícia da revolução dividiu a opinião pública em todo o país.
Em Mato Grosso, o norte se manteve fiel ao governo getulista, enquanto que o sul preferiu apoiar os paulistas na luta contra Vargas. Para isso, o sul enviou a São Paulo um pequeno destacamento militar liderado por Bertholdo Klinger. Além disso, decretaram no sul a criação do Estado de Maracajú, novamente declarando-se independentes de Mato Grosso.
O Estado de Maracajú tinha como sede do governo Campo Grande, e como governador, o médico Vespasiano Barbosa Martins. Teve uma curta duração, somente três meses, pois assim que Vargas aniquilou a Revolução Constitucionalista, tropas foram enviadas ao sul de Mato Grosso para conter os movimentos separatistas.
O movimento de 1932 foi abafado, porém, deixou mais evidente as diferenças entre o norte e o sul mesmo derrotados os sulistas continuaram a sonhar com o separatismo.
Em 1934, Vespasiano Martins retomou a luta pela divisão fundando a Liga Sul Mato-grossense, e através de manifestos ao Congresso Nacional Constituinte, os sulistas pediram ao governo federal a criação “de um território federal ou Estado autônomo, na região sul de Mato Grosso abrangendo os municípios de Sant’Ana, Três Lagoas, Coxim, Campo Grande, Aquidauana, Miranda, Porto Murtinho, Bela Vista, Nioac, Entre-Rios, Maracajú e Ponta Porã”. – Silva, Jovam Vilela. A Divisão do Estado de Mato Grosso: uma visão histórica, p.155.
Mesmo com todos os argumentos apresentados pela Liga Sul Mato-grossense, o governo federal não mostrou interesse em dividir o Mato Grosso.
Ao final da ditadura de Vargas, o movimento no sul favorável a divisão se reacendeu. Vespasiano Martinsfoi eleito em 1945 pelo sul ao senado. Desta forma, os sulistas retomaram a luta pela divisão. Observava-se no Congresso Nacional uma divisão no tocante a esse problema: os políticos sulistas defendiam a separação enquanto que os políticos que representavam Cuiabá tentavam abafar o separatismo.
Ao final dos anos 50, no sul de Mato Grosso, uma caravana percorreu toda a região buscando apoio de mais pessoas a causa separatista. Esse movimento tinha como sigla MDM (Movimento Divisionista de Mato Grosso) e possuía como tela “Dividir para multiplicar”. Esse movimento foi revelado a todo país através dos meios de comunicação ganhando repercussão nacional, mas mesmo assim a divisão não aconteceu.
No início aos anos 1960, Jânio Quadros tomou posse na Presidência da República. O novo presidente era natural de Corumbá e com isso os sulistas tentaram mais uma vez a divisão do Estado, contudo viram o seu pedido negado. Entretanto não desistiram, e em 1963, na cidade de Corumbá reuniram-se no III Congresso dos Municípios de Mato Grosso. Durante a realização do Congresso, os sulistas elaboraram um documento pedindo a criação do Estado do Mato Grosso do Sul, mas novamente o pedido foi recusado.
Em 1964, com a implantação da Ditadura Militar, os separatistas tiveram as suas vezes silenciadas. Porém, no início da década de 70, com o interesse dos militares em integrar a região Amazônica ao capitalismo, os sulistas encontraram espaço político para defender a divisão.
Em 1977, o governo Geisel interessado na integração nacional e no crescimento econômico do país, determinou a divisão do Mato Grosso. Ficou estabelecido que o novo Estado criado ao sul receberia o nome de Campo Grande. Essa decisão, no entanto acabou provocando protestos no sul do Estado. Assim a União resolveu então denomina-lo de Mato Grosso do Sul, e escolheu como capital a cidade de Campo Grande.
Em 1977, governa o Mato grosso, José Garcia Neto (PDS). Depois da divisão o governo do Estado foi exercido por Cássio Leite de Barros. Mas é importante frisar que a divisão do Estado somente foi efetivada em 1979, sendo eleito como governador Frederico Carlos Soares de Campos.
Os sulistas para concretizarem a divisão do Estado apresentaram ao Governo Federal, as seguintes justificativas:
1 – O poder político era exercido por cuiabanos. 2 – O dinheiro arrecadado no Estado era maior no sul, no entanto, os benefícios ficavam principalmente na capital. 3 – Os empregos públicos eram ocupados por cuiabanos. 4 – O norte e o sul eram diferentes tanto na história como na cultura e também nas influências.

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