quinta-feira, 20 de agosto de 2009

ECONOMIA MATOGROSSENSE PÓS-GUERRA DO PARAGUAI
POAIA
Também conhecida como Ipéca ou Ipecacuanha esta planta com o formato de um arbusto de aproximadamente 45 cm de altura, tem a sua raiz utilizada devidos as suas propriedades medicinais.
A poaia destacou-se na economia de Mato Grosso, a partir de 1860, logo na segunda metade do século XIX período em que ocorreu a Revolução Industrial na Europa.
A extração se dava na região oeste de Mato Grosso onde ela é nativa. Através do arrendamento de terras devolutas para empresários nacionais e estrangeiros extraiam a sua raiz sempre no período das chuvas. A seguir, esse produto do extrativismo vegetal era destinado ao mercado externo, mais especificamente a Europa, para atender as necessidades das indústrias farmacêuticas. Já no Brasil, esta raiz passou a ser consumida somente a partir da década de 40, com o desenvolvimento industrial promovido pelo governo Vargas.
No século XIX, a poaia era escoada para a Europa através da Bacia Platina, sendo que a mão de obra utilizada para sua extração era assalariada, mas baseada na produção e os trabalhadores recebiam tratamento escravista.
BORRACHA
O auge da extração o látex em Mato Grosso se deu a partir de 1870 com o avanço da industrialização. E, 1834, a borracha já passava pelo processo da vulcanização desenvolvida por Charles Goodyear e pelo processo de elasticidade e resistência desenvolvida por Hancoock.
Em Mato Grosso, a látex podia ser extraído tanto da seringueira, localizada na região norte (vale Amazônico), como da mangabeira, encontrada às margens dos Rios da Bacia Platina.
Ao contrário da poaia, a borracha era sempre extraída no período das secas, uma vez que o látex malhasse, ele não poderia ser coagulado (processo pelo qual ele passava antes de ser transportado).
O mercado consumidor da borracha era a Europa, e seu escoamento no século XIX ocorreu através da Bacia Platina. No século XX , o produto era escoado através da estrada de ferro Madeira-Momoré até o porto de Manaus.
A mão de obra utilizada na sua extração era assalariada, baseada na produção e com o tratamento escravista. A produção de borracha era realizada principalmente pelos nordestinos, que vieram trabalhar na extração da borracha com a promessa de uma vida melhor.
A decadência da produção ocorreu a partir de 1912, quando os ingleses levaram mudas da seringueira para a Ásia. O plantio obteve sucesso, e não demorou para que os asiáticos se tornassem o maior produtos mundial da extração do látex.
O governo brasileiro tentou reverter à situação, criando o “Plano de Defesa da Borracha”. Para isso tomou algumas medidas como incentivo da plantação de árvores, a isenção dos impostos para a importação de equipamentos que facilitassem a extração do látex. Mas estas tentativas não foram suficientes para colocar o Brasil novamente como líder mundial.
Durante o Governo de Getúlio Vargas, com os incentivos dados a indústria nacional, o látex passou a atender o mercado interno.
CANA DE AÇÚCAR
Em relação à cana de açúcar na História de Mato Grosso podemos descrevê-la em dois momentos. Primeiramente no século XVIII, quando o governo português interessado na mineração, proibiu a instalação dos engenhos. O governo alegou que a produção de aguardente trazia efeitos prejudiciais aos escravos, e que ao invés de minerar só queriam se dedicar à fabricação dela.
Os engenhos eram movidos por tração animal ou através de uma roda d’água, sendo encontrados em pequenas propriedades, e voltados para abastecer o mercado interno, como por exemplo, as Minas de Cuiabá.
Os engenhos se localizavam na região da Chapada (Serra acima) e nas margens do Rio Cuiabá (Santo Antonio do Rio abaixo). Os engenhos produziam rapadura, melado, açúcar e cachaça. No século XIX, temos o advento da Revolução Industrial e o surgimento das máquinas, os proprietários de terras importaram máquinas e instalaram as primeiras usinas.
Essas usinas se localizavam as margens do Rio Paraguai, sendo a que mais se destacou foi a Usina Ressaca, e nas margens do Rio Cuiabá (na região de Santo Antonio) sendo as que mais de destacaram foram as Usinas Itaicí, maravilha, Conceição.
As usinas se localizavam as margens dos rios devido a fertilidade do solo e a facilidade do escoamento da produção, pois nesse período a produção era escoada pela Bacia Platina e seu mercado consumidor era tanto o mercado interno como os países da América do Sul e outras províncias brasileiras.
A mão de obra utilizada nas Usinas era assalariada, baseado na produção e com tratamento escravista.
Os proprietários das usinas eram conhecidos como “Coronel” e as pessoas que trabalhavam nesta atividade eram chamados de “Camaradas”.
A usina mais importante com certeza foi a de “Itaicí”. Era de propriedade de Totó Paes de Barros, e chegou a pagar os seus trabalhadores com a sua própria moeda. Essa moeda era feita de cobre e recebia o nome de “Tarefa”. Esse fato demonstra a força política de seu proprietário, considerado um dos maiores coronéis da região, e chegou a ocupar o cargo de Presidente do Estado de Mato Grosso.
Os camaradas de Itaicí chegavam a trabalhar até 19 horas por dia no período das safras e eram castigados, humilhados pelo patrão. Na década de 30, com ascensão de Vargas, a sorte dos usineiros começou a mudar.
Getúlio Vargas empreendeu uma série de medidas que visavam destruir o poder destes coronéis. Uma destas medidas foi a criação do I.A.A. (Instituto do Álcool e do Açúcar). Com o objetivo de financiar a produção das usinas, o governo federal estabeleceu que somente os grandes produtores receberiam financiamento, e como Mato Grosso tinha uma pequena produção, os usineiros de MT faliram. Outra medida que enfraqueceu mais ainda o poder destes produtores de açúcar foi a cobrança das leis trabalhistas.
PECUÁRIA
A pecuária no século XVIII abastecia o mercado interno. O gado era criado solto, consequentemente era uma economia de baixa produtividade. A região que mais se destacou na criação do gado foi Vila Maria de Cáceres. Uma das fazendas mais importantes desse período foi a Fazenda Jacobina.
No século XIX, com a Revolução Industrial na Vila Maria de Cáceres esta começou a se destacar pelo surgimento das usinas de charque, sendo a mais importante a de Descalvado. Descalvado, localizada as margens do Rio Paraguai era uma saladeiro que foi construído com o capital belga e posteriormente foi vendido aos argentinos.
O escoamento do charque era feito através da Bacia Platina, e a mão de obra utilizada era assalariada. No entanto, o pagamento feito ao peão geralmente era em gado.
Durante o século XX, na Primeira República, com a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, a pecuária floresceu principalmente na região sul de Mato Grosso. O gado era criado em MT e transportado pel estrada de ferro até Bauru e Uberaba, onde era abatido e beneficiado.
Com a pecuária, Corumbá se tornou local de instalação de grandes casas comerciais, em sua grande maioria estrangeiras. Ocorreu a valorização das terras nesse região, o aparecimento de cidades como Águas Claras e Três Lagoas, além do crescimento e desenvolvimento da região de Campo Grande, que passou a ambicionar o stratus de capital.
ERVA MATE
A erva mate é um produto do extrativismo vegetal rico em cálcio, magnésio, sódio, potássio e ferro. Era utilizada para descansar os músculos, atenuar a fome, tinha função diurética segundo os médicos e poder afrodisíaco. Era encontrada na região sul de Mato Grosso.
Em 1870, após a Guerra do Paraguai, Tomás Laranjeira, empresário de visão e tinha sido Secretário do Governo Imperial, usou da sua influência política para arrendar as terras do sul ricas em ervais. Com o arrendamento concedido, Tomas Laranjeira funda a Companhia Mate Laranjeira. Devido a sua influência foi fácil conseguir financiamentos e sócios com os irmãos Murtinha. Joaquim Murtinho era Ministra da Fazenda do Governo Campos Salles e Manoel Murtinho era Senador da República e Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Essa empresa desenvolveu tanto, que a sua renda era seis vezes mais que o valor da renda do Estado de Mato Grosso, por isso se dizia que a Mate Laranjeira era um “Estado dentro de outro Estado”.
A mão de obra utilizada era principalmente dos paraguaios, que estavam desempregados devido à guerra e entravam em Mato Grosso para trabalhar por qualquer salário. Os trabalhadores da era mate eram chamados de “Mineros” e eram assalariados, recebiam conforme a produção, porém o tratamento era escravista.
Para a repressão daqueles que não queriam trabalhar quase como escravos existia a polícia particular da Companhia que se denominavam “Comitiveros”, que demonstra o poder dos seus proprietários, uma vez que o segundo a legislação somente o Estado podia constituir Polícia.
A produção do mate era voltada principalmente para o mercado externo, sendo a Argentina o seu princiál comprador.
Em 1902, o Governo Campos Salles atravessou uma forte recessão, o Banco Rio e Mato Grosso faliu, as suas ações Cia Mate Laranjeiras foram colocadas a venda. O comprador foi Francisco Mendes, empresário argentino. Tal fato levou a empresa a mudar a sua razão social, e passou a ser chamada Laranjeiras, Mendes e Cia. Nesse momento Tomás Laranjeira ficou responsável pela extração em Mato Grosso e Francisco Mendes, pela sua industrialização, distribuição e venda na Argentina.
A decadência da empresa ocorreu na década de 30, quando Getúlio Vargas estimulou a produção de erva mate no sul, e o governo não concedeu um novo arrendamento de terras alegando que as terras usadas pela Cia Mate Laranjeira seriam usadas para promover a colonização no sul de Mato Grosso.
Além disso, a decadência da Companhia estava também associada a produção da erva mate em Corrientes e Missiones, assim a empresa perdeu o seu maior comprador.

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