quinta-feira, 20 de agosto de 2009

RUSGA
No cenário nacional no Período Regencial (imperial) aconteceram outros movimentos, que aos olhos da elite eram encarados como anarquia e desordem.
As rebeliões aconteceram praticamente em todo o Império, dentre elas podemos mencionar, a Cabanagem no Pará, a Balaiada no Maranhão, a Sabinada, a Cemiterada e a Revolta dos Malês na Bahia e a Farroupilha no Rio Grande do Sul. Neste período estava em vigor a Constituição de 1824, que excluiu a população brasileira da participação política ao estabelecer o voto censitário, ou seja, havia a necessidade de se comprovar uma renda mínima para que houvesse a participação política.
Os cofres públicos estavam falidos, e a crise econômica afetava as províncias brasileiras favorecendo a eclosão das rebeliões. Essas rebeliões colocavam em risco os interesses da elite agrária, pois muitas delas reivindicavam a posse da terra e o fim da escravidão. Dessa maneira, com o propósito de contornar os movimentos sociais que se alastravam, o Governo Central (Rio de Janeiro) criou em 1831, a Guarda Nacional e outorgou a elite, possuidora de dinheiro e terras, o poder de formar e armar homens e em troca essa elite recebeu patentes militares do Exército, como a de Tenentes e a de Coronéis. Posteriormente, o termo coronel seria usado para designar aqueles que eram proprietários de terras.
Assim os coronéis eram fazendeiros que tinham o poder de constituir exército com autorização do governo central.
Politicamente, o Período Regencial foi caracterizado pelo surgimento dos partidos políticos, que eram compostos por ricos proprietários de terras e de escravos.
Em Mato Grosso, o Período Regencial também foi marcado pela miséria, pela insatisfação popular, e pela atuação de dois partidos políticos, que ideologicamente não se diferenciavam, apenas brigavam pelo poder.
O partido liberal defendia a descentralização e faziam as suas reuniões na Sociedade dos Zelosos da Independência, já o partido conservador pregava a centralização e fazia as suas reuniões na Sociedade Filantrópica.
Esses partidos geralmente se revezavam no poder, mas nos últimos anos o governo central (Rio de Janeiro) só nomeava representantes do partido conservador para administrar a Província de Mato Grosso. A indicação somente dos conservadores ao poder provocou o descontentamento dos liberais e provocou o movimento social denominado de Rusga. No dicionário a palavra rusga significa barulho, desordem, confusão, pequena briga, desentendimento.
Os liberais sob a liderança de João Poupino Caldas para derrubar os conservadores do poder buscavam para sua causa o apoio do povo. Para o povo a causa da sua péssima condição de vida estava associada ao governo dos conservadores. Assim, para mudar a sua realidade, o povo acreditava que bastava retira-los do poder.
Assim os liberais, em destaque João Poupino Caldas e o povo combinaram para se rebelarem e protestarem no último dia de maio de 1834. Entretanto, três dias antes a notícia vazou e chegou a Antonio Correa da Costa, Presidente da Província naquele período e membro do partido conservador.
Com a possibilidade de uma revolta social, o Conselho do Governo afastou do poder Antonio Correa da Costa, e indicou como Presidente da Província de Mato Grosso, João Poupino Caldas.
João Poupino Caldas, isto é, os liberais, desistiram da Rusga, pois já estavam no poder. O povo ao tomar consciência do ocorrido viu em Poupino Caldas um traidor e resolveram conforme o estabelecido anteriormente, fazer a Rusga. Conforme estava prevista, no dia 31 de maio de 1834 o povo deu início a Rusga, partindo do Campo do Ourique, percorrendo as ruas principais da cidade, a multidão gritava “morte aos bicudos”. Os bicudos eram os portugueses donos de estabelecimentos comerciais e eram membros do partido conservador.
João Poupino Caldas ameaçado pelos populares chegou a buscar o apoio até mesmo do bispo de Cuiabá, D. Jose Reis, que com um imenso crucifixo, tentou em vão acalmar a fúria popular.
A solução encontrada para combater a violência, a desordem e a confusão dos poulares foi acionar a Guarda Nacional.
Depois de contornada em Cuiabá, a Rusga tomou outros lugares como a Guia, Santo Antonio e Chapada em menores proporções.
Muito tempo depois do ocorrido, mais precisamente em 1867, Cuiabá foi assolada pela epidemia da varíola, milhares de pessoas morreram, e o bispo D. José Reis, alegou aos fieis que a varíola era a punição de Deus, pois os cuiabanos mataram muitos portugueses durante a Rusga.
Resumidamente, a Rusga não pode ser caracterizada como uma revolução e sim como uma revolta. Pois na verdade teve como causa a luta dos partido liberal e conservador pelo poder. Essa luta não possuía uma proposta de mudança administrativa, política ou social, era meramente uma luta pelo poder, pelos interesses dos grupos dominantes
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário