1ª Fase comentada
Como você deve ter observado, trabalhamos
nesta fase com diferentes temas, períodos e documentos em história do Brasil. Na
tarefa, as equipes preencheram um questionário e contaram um pouco mais sobre
sua formação; ficamos sabendo um pouco mais sobre os professores orientadores e
sobre os alunos participantes. Este material é muito importante, pois vamos
compará-lo com material semelhante obtido nas edições anteriores da ONHB, e
dessa forma prosseguir traçando um mapa sobre o ensino de história no Brasil, sobre
a formação e o esforço dos docentes, e sobre a realidade e expectativa dos
estudantes.
Agora você tem à disposição os
comentários da equipe elaboradora sobre cada questão. Atenção: a alternativa
que aparece para sua equipe tarjada em amarelo é a alternativa que vocês
escolheram e enviaram. Não é o gabarito.
Como consta em nosso Regulamento,
o gabarito com todas as respostas será fornecido somente quando finalizarem
todas as fases virtuais, e antes da fase presencial.
1ª questão
Sobre o grafite exibido responda:
Alternativas
A. Denuncia a presença de
políticos corruptos nas eleições brasileiras; o grafite os associa à imagem de
um porco, animal considerado sujo, mas que na época da eleição, aparece na
televisão enganosamente limpo.
B. Apresenta a imagem de um muro
composta por um fragmento de cartaz em prol de uma campanha salarial, pichações,
e um grafite representando um porco, que aparece em um aparelho de televisão, fumando
charuto, bem vestido e com o bolso do paletó cheio de dinheiro.
C. Faz referência à sanção e
execução da lei da Ficha Limpa, de fevereiro de 2008, que proibiu todos os
candidatos julgados e condenados por crimes contra o patrimônio público de
participarem da campanha eleitoral daquele ano.
D. Questiona o sistema eleitoral
republicano por suas contradições, visto que este, no passado, proibia a mulher
de votar e hoje não impede que políticos corruptos se candidatem.
Comentário
O grafite é uma importante
manifestação cultural de cunho urbano. Ele foi durante muito tempo
marginalizado, pois era considerado uma forma de destruição do patrimônio, já
que os grafiteiros desenvolviam sua arte em muros da cidade sem autorização do
poder público. Com o tempo, o grafite passou a ser analisado como uma
intervenção visual na paisagem urbana e logo habilitado à categoria de obra de
arte. O grafite em questão denuncia a presença de políticos corruptos nas
eleições brasileiras; e os associa à imagem de um porco, animal considerado
sujo, mas que na televisão, na época da eleição, aparece enganosamente limpo. Também
questiona o sistema eleitoral republicano por suas contradições, visto que este,
no passado, proibia a mulher de votar e hoje não impede que políticos corruptos
se candidatem. Apesar de protestar contra a presença de políticos desonestos, o
grafite não diz respeito à lei da Ficha Limpa ou Lei Complementar nº. 135/2010,
uma vez que o projeto de iniciativa popular só foi sancionado pela Presidenta
da República no ano de 2010.
2ª questão
Carta do Padre Antonio Vieira, 1626
carta
Documento da 1ª Fase
“Com a luz do dia seguinte apareceu a armada
inimiga, que repartida em esquadras vinha entrando. Tocavam-se em todas as naus
trombetas bastardas, ao som de guerras (…) Divisavam-se as bandeiras holandesas,
flâmulas e estandartes (…)
E tal foi a tempestade de ferro e
fogo, tal o estrondo e a confusão que a muitos, principalmente aos poucos
experimentados, causou perturbação e espanto, porque por uma parte os muito
relâmpagos fuzilando feriam os olhos, e com a nuvem espessa de fumo não havia
quem visse; por outra, o contínuo trovão da artilharia tolhia o uso da língua e
das orelhas, e tudo junto, de mistura com as trombetas e mais instrumentos
bélicos, era terror de muitos e confusão de todos ”.
Leia o trecho do relato do padre
Antônio Vieira e escolha a opção mais pertinente:
Alternativas
A. O texto é uma descrição da
invasão holandesa à Bahia, iniciada logo após o sucesso do ataque ao litoral de
Pernambuco, que deu início ao governo de Maurício de Nassau.
B. O padre vê com um olhar
negativo os holandeses, o que pode ser explicado por sua posição política e
social de representante do Estado português.
C. A função no Estado português e
seu pertencimento à ordem jesuítica, que combatia as igrejas reformadas, levavam
Vieira a rechaçar os holandeses.
D. A narrativa do padre Antônio
Vieira descreve a violência da chegada holandesa à Bahia e caracteriza essa
armada como inimiga.
Comentário
A narrativa do padre Antônio
Vieira atribui um olhar negativo aos holandeses, o que pode ser explicado por
seu pertencimento à ordem jesuítica, que combatia as igrejas reformadas, por
sua posição política e social e por ser um representante do Estado português. A
invasão holandesa à Bahia ocorreu em 1624, comandada pela Companhia das Índias
Ocidentais, ou seja, não foi iniciada logo após a tomada de Pernambuco pelos
holandeses em 1630.
3ª questão
Poder Moderador
documento legal
Documento da 1ª Fase
“TITULO 5º
Do Imperador.
CAPITULO I.
Do Poder Moderador.
Art. 98. O Poder Moderador é a
chave de toda a organização Política, e é delegado privativamente ao Imperador,
como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que
incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e
harmonia dos mais Poderes Políticos.
Art. 99. A Pessoa do Imperador é
inviolável, e Sagrada: Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
Art. 100. Os seus Títulos são
“Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brasil” e tem o Tratamento de
Majestade Imperial.
Art. 101. O Imperador exerce o
Poder Moderador
I. Nomeando os Senadores, na
forma do Art. 43.
II. Convocando a Assembleia Geral
extraordinariamente nos intervalos das Sessões, quando assim o pede o bem do
Império.
III. Sancionado os Decretos, e
Resoluções da Assembleia Geral, para que tenham força de Lei: Art. 62.
IV. Aprovando, e suspendendo interinamente
as Resoluções dos Conselhos Provinciais: Arts. 86, e 87.
V. Prorrogando, ou adiando a
Assembleia Geral, e dissolvendo a Câmara dos Deputados, nos casos, em que o
exigir a salvação do Estado; convocando imediatamente outra, que a substitua.
VI. Nomeando, e demitindo
livremente os Ministros de Estado.
VII. Suspendendo os Magistrados
nos casos do Art. 154.
VIII. Perdoando, e moderando as
penas impostas e os Réus condenados por Sentença.
IX. Concedendo Anistia em caso
urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado”
Alternativas
A. O Poder Moderador garantia, na
forma da lei, a possibilidade do despotismo.
B. O Poder Moderador dava ao
Imperador o domínio sobre a Assembleia dos Deputados, o Senado e Conselhos
Municipais.
C. A instituição do Poder
Moderador na Constituição de 1824 vai ao encontro da política centralizadora e
controladora que caracterizou o Primeiro Reinado.
D. Ao Poder Moderador era vetado
intervir no Poder Judiciário.
Comentário
Essa questão tinha como objetivo
refletir sobre o papel do Poder Moderador e suas implicações na Constituição de
1824. Esperava-se que a equipe a partir do próprio documento identificasse que
o Poder Moderador colocava a vontade do Imperador acima de todos os outros
poderes políticos, garantindo em lei a possibilidade do exercício do despotismo,
algo coerente com o governo pretendido e exercido por Pedro I.
4ª questão
Observe o mapa e assinale a
alternativa mais pertinente:
Mapa das fortificações da Ilha de
Santa Catarina, 1786
mapa
Alternativas
A. Há uma concentração de
fortificações na Vila de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), pois
se constituía como ponto estratégico para a entrada de mercadorias e devido a
sua proximidade com o continente.
B. O sistema defensivo da ilha de
Santa Catarina tinha o objetivo de consolidar o domínio português na região e
proteger seu território das investidas de possíveis invasores.
C. A presença de fortificações
militares como estas dificultou o povoamento dos locais em que se encontravam.
D. O mapa apresenta um
levantamento dos fortes de defesa da Ilha de Santa Catarina, assinalados em
vermelho, construídos até o século XVIII.
Comentário
Ao observar um mapa produzido em 1786
das fortificações existentes na ilha de Santa Catarina, solicitava-se à equipe
que localizasse esta informação, bem como refletisse acerca da importância do
complexo sistema defensivo numa região de domínio português constantemente sob
litígio. Os fortes militares construídos durante o século XVIII garantiram, através
da implantação de verdadeiras fortalezas, a ocupação portuguesa no território. O
mapa mostra uma concentração maior de fortificações na região denominada Vila
de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) justamente por ser um
importante entreposto comercial da região – elevada à condição de cidade em 1825
– e por se constituir num ponto muito próximo da área continental, suscetível à
entrada de grupos indesejados. Note-se a importância dos mares, naquele momento,
como canais de circulação de bens, pessoas e ideias. Logo, as entradas de baías
eram pontos nevrálgicos que deveriam ser protegidos.
5ª questão
Leia o samba-enredo da G.R.E.S. Imperatriz
Leopoldinense, do carnaval de 1989, e escolha a alternativa mais pertinente:
Liberdade, Liberdade! Abra as asas sobre nós
letra de música
Documento da 1ª Fase
Ver todos os documentos
Liberdade, Liberdade! Abra as asas sobre nós
Seja sempre a nossa voz, mas eu digo que vem
Vem, vem reviver comigo amor
O centenário em poesia
Nesta pátria mãe querida
O império decadente, muito rico incoerente
Era fidalguia e por isso que surgem
Surgem os tamborins, vem emoção
A bateria vem, no pique da canção
E a nobreza enfeita o luxo do salão, vem viver
Vem viver o sonho que sonhei
Ao longe faz-se ouvir
Tem verde e branco por aí
Brilhando na Sapucaí e da guerra
Da guerra nunca mais
Esqueceremos do patrono, o duque imortal
A imigração floriu, de cultura o Brasil
A música encanta, e o povo canta assim e da princesa
Pra Isabel a heroína, que assinou a lei divina
Negro dançou, comemorou, o fim da sina
Na noite quinze e reluzente
Com a bravura, finalmente
O Marechal que proclamou foi presidente
Liberdade!, Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz,
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz.
Samba enredo vencedor do carnaval carioca de 1989
Alternativas
A. A letra do samba-enredo é de
contestação ao regime político no contexto da comemoração do centenário da
Proclamação da República.
B. A letra do samba-enredo faz
alusão ao processo político que culminou na passagem do regime monárquico para
o republicano, com a proclamação da República em 15 de novembro de 1889 e
ascensão do Marechal Deodoro da Fonseca à presidência.
C. O samba-enredo apropria-se de
uma narrativa histórica tradicional, apoiada em datas e fatos, numa perspectiva
glorificante.
D. A ideia de liberdade e a
igualdade do povo associadas ao regime republicano é recuperada pelo samba-enredo
a partir do Hino da República.
Comentário
A letra do samba-enredo faz
alusão ao processo político que culminou na passagem do regime monárquico para
o republicano, com a proclamação da República em 15 de novembro de 1889 e a
ascensão do Marechal Deodoro da Fonseca à presidência. Assim, celebra o centenário
da proclamação da República apropriando-se de uma narrativa histórica
tradicional, apoiada em datas e fatos, numa perspectiva laudatória. No refrão
do samba-enredo, a ideia de liberdade e de igualdade do povo, associadas ao
regime republicano, é recuperada do Hino da República.
6ª questão
Tropas e Tropeiros
trecho de livro acadêmico
Documento da 1ª Fase
“Ao organizar o transporte de
mercadorias, dentro de rústicas malas de couro (…) e de pequenas arcas de
madeira, singelamente presas às cangalhas colocadas sobre o lombo de mulas (ou
muares) (…) o tropeiro estabeleceu um dos mais bem-sucedidos ofícios da vida
colonial e imperial do país, ocupando (…) um espaço de destaque na economia do
período. Graças à regularidade e continuidade das trocas comerciais entre as
regiões interioranas e litorâneas, que eram abastecidas não apenas de
mercadorias, mas também de informação, novidades e ideias, as tropas de muares
possibilitaram a consolidação e a prosperidade de diversos arraiais e vilas no
interior do Brasil nos séculos XVIII e XIX. (…)
O tropeiro era a figura principal
na organização de uma tropa, sendo, ao mesmo tempo, o proprietário dos animais
e o responsável por sua organização (…) As tropas eram fracionadas para
facilitar a distribuição de tarefas. Estas frações eram chamadas de lotes, geralmente
formados por sete bestas (…) Os camaradas ou capatazes cuidavam diretamente dos
lotes, sendo também conhecidos como tocadores ou tangedores. Cada lote era
cuidado geralmente por um só homem, a pé. Quem andava a cavalo era o tropeiro, e
também o arrieiro (…) Toda tropa (…) reservava um papel (…) para uma mula em
especial, geralmente mais velha, bastante conhecida dos outros animais para
poder atraí-los, para evitar dispersão. Era a madrinha, que vinha sempre na
cabeça da tropa, abrindo a caminhada (…) Não carregava carga alguma (…) Era
enfeitada de fitas, guizos, pratarias (…) uma boneca assentada entre as orelhas,
um chocalho dependurado ao pescoço”.
Glossário:
Cangalha: Armação que se coloca
em lombo de animais com recipientes laterais para alojar cargas.
Arrieiro: Condutor de bestas de
carga; tropeiro.
Madrinha da tropa: Segundo Luiz
Cruz,” era uma mula ou égua líder, podia ser a mais velha e a conhecida de
todos os muares. A madrinha portava o guinzo ou cincerro, fitas e ia sinalizando
a passagem ou chegada da tropa. Por ser mais hábil, ela identificava o melhor
percurso, disciplinava os demais animais, impedindo que a ultrapasse. Auguste
Saint-Hilaire registrou: “No silêncio das matas ouvia constantemente o eco das
vozes dos tropeiros e o ruído dos guizos da madrinha da tropa, mula predileta
que guia fielmente a caravana, a cabeça ornada de panejamentos coloridos tendo
ao alto uma pluma ou uma boneca.”
*Memória tropeira:* http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/memoria-tropeira
Conforme o texto assinale a
alternativa mais pertinente:
Alternativas
A. A atividade do tropeirismo
ganhou impulso após a descoberta de ouro nas Minas Gerais, impulsionando a
ocorrência de feiras de muares que movimentava as vilas e promovia festas e
comércio.
B. As tropas de muares obedeciam
a uma organização específica que incluía diferentes ofícios e funções para
homens e animais
C. As tropas de muares foram
substituídas, ao longo do século XIX, pelo transporte ferroviário e rodoviário,
culminando no desaparecimento dos tropeiros por volta de 1870.
D. O tropeirismo era uma
atividade econômica que proporcionava a ligação entre arraiais e vilas e a
troca de mercadorias, ideias e informações.
Comentário
Como o texto indica, o transporte
de muares e seu comércio, que constituiu o tropeirismo, proporcionou a ligação
entre arraiais e vilas, a troca de mercadorias, ideias e informações, a
ocorrência de feiras e festas e sustentou toda uma rede de ofícios de menor
porte, ligados ao trabalho com o couro ou com o ferro, ou com a preparação de
alimentos para abastecerem as tropas em suas longas viagens. As tropas, compostas
por homens e animais, não eram simplesmente um deslocamento de animais, mas
possuíam uma organização e uma hierarquia interna, com funções específicas para
homens e bestas de carga. O tropeirismo como atividade ainda subsiste em certas
regiões do país afastadas de grandes centros.
7ª questão
O modo meeiro (canção de rosário)
texto literário
Documento da 1ª Fase
São os que sempre marcaram
Os sulcos mais rasteiros
Sob as coisas que plantam
E recolhem para os outros.
Sobre o que mais araram
Em sua terra não sua
São os que coletam hoje
Uma safra de inútil.
São os mesmos que sempre
Comeram da má colheita
De grãos magros, restados
De uma sobra repartida.
Sobre o que colheram
E não conservaram
Dividido com o dono
Que não ara, e escolhe.
Assinale a resposta mais
pertinente, considerando que os versos:
Alternativas
A. Expõem que a sobra é o único
resultado pertencente ao agricultor sujeito às condições da natureza e da
exploração do proprietário da terra.
B. Tratam da questão do sistema
de meação, em que o dono da terra cede uma parcela para um ou mais agricultores,
que realizam o roçado, a aração e a colheita, mas apenas ficam com uma pequena
parcela para o sustento de suas famílias.
C. Sugerem que o sistema de
meação implica numa exploração inadequada da terra, gerando baixa produtividade
e alimentos de qualidade inferior.
D. Discutem o sentido do trabalho
no sistema de meação, que impõe um contrato desigual entre o proprietário da
terra e o agricultor, que tem seu ritmo controlado e sua escolha limitada.
Comentário
Os versos do antropólogo Carlos
Rodrigues Brandão expõem a sobra como resultado pertencente ao agricultor, mas
é um agricultor que pode ser interpretado historicamente como aquele que não
tem a posse da terra em que trabalha, de modo que sempre esteve sujeito às
condições do “outro” (do proprietário da terra) e da natureza. Tanto no período
colonial, como no século XIX, depois da chegada do imigrante, a terra não
pertenceu aqueles que trabalharam nela: seja o escravo, seja o colono
estrangeiro ou seus descendentes. De modo indireto, os versos tratam a questão
do sistema de meação, em que o dono da terra cede uma parcela para um ou mais
agricultores, que realizam o roçado, a aração e a colheita, mas apenas ficam
com uma pequena parcela para o sustento das suas famílias.
8ª questão
Processo administrativo Ibero-americano
trecho de texto acadêmico
Documento da 1ª Fase
“Na história administrativa do Brasil na
primeira metade do século XVI pode-se distinguir, nitidamente, duas fases bem
caracterizadas; a do reconhecimento e exploração das costas, a base de
feitorias e do comércio de pau-brasil, e a das capitanias ou da colonização
propriamente dita. Na primeira reproduziu-se a experiência portuguesa na África
e na Índia. Na segunda houve um período inicial de descentralização
administrativa, representado pelo regime de capitanias hereditárias. (…)
As primeiras expedições
portuguesas à América foram em busca de metais preciosos e especiarias que
substituíssem os produtos da Índia já a esse tempo pouco rendosos. No novo
continente, porém, logo se desvaneceram as lendas sobre os índios. Era uma
população primitiva e os únicos gêneros de valor para a exploração encontrados,
foram o pau brasil e a cana fístula.
(…)
Esta madeira tintorial não rendia
bastante para manter e promover a prosperidade das feitorias. A concorrência
dos piratas e das colônias espanholas da América Central ainda diminuíam a
margem de lucro. Se Portugal não lançasse mão de outro sistema perderia a
colônia. D. João III resolveu enviar uma expedição, a de Martin Afonso de Souza
(1530), que marcou a transição entre o regime das feitorias e o das capitanias.
Assim terminava a primeira fase
da exploração da costa brasileira, baseada no mesmo sistema econômico adotado
na África e Índia, e que se revelava ineficaz no Novo Mundo.”
Escolha a alternativa mais
pertinente:
Alternativas
A. A expedição de Martim Afonso
de Souza em 1530, referida pela autora do texto, marca a mudança no processo de
colonização do Brasil, culminando em 1534 na divisão da América Portuguesa em
Capitanias Hereditárias.
B. Até 1530 os portugueses
utilizavam o litoral do Brasil apenas como ponto de parada e abastecimento em
suas viagens rumo às feitorias africanas.
C. O pau-brasil era o principal
produto comercializado na costa brasileira no período que compreende 1501-1530
e, além disso, esse comércio não era exclusivo dos portugueses.
D. O ano de 1530 marca uma
mudança quanto à colonização do Brasil, deixando de ser uma feitoria, tornando-se
uma colônia, como ocorria nas ilhas atlânticas e na América Espanhola.
Comentário
Até os anos finais da década de 1520,
o Brasil não passava de uma feitoria, segundo Eulália Maria Lahmeyer Lobo. Não
era a preocupação central da monarquia portuguesa, pois esta se concentrava
nesse período nas rotas comerciais das especiarias (contudo esse comércio já
demonstrava decadência). Além disso, a extensão era outro fator que dificultava
a defesa do território português nas Américas. A mudança de atitude quanto à
colonização deu-se a partir de 1530, pois o Brasil tornou-se um importante foco
de exploração econômica para a coroa portuguesa. Para tal, era necessário
livrar a costa brasileira das incursões estrangeiras de flamengos, holandeses, negociantes
de Burgos, venezianos e franceses. Esse processo tem início em 1515-1516 com a
expedição de Cristóvão Jacques em um primeiro esforço de desocupação, culminando
na expedição de 1530 de Martim Afonso de Souza e na divisão em 1534 do
território colonial em Capitanias Hereditárias.
9ª questão
Laerte. 500º aniversário do
descobrimento: 2000. Imagem gentilmente cedida pelo autor.
Alternativas
A. Faz um jogo entre passado e
presente por meio da fala do indígena que expõe a expectativa de moradia, algo
próprio do Brasil contemporâneo.
B. O comentário conformista do
indígena mostra a docilidade com que as populações nativas receberam os
conquistadores portugueses.
C. Faz referência ao contexto da
conquista das terras americanas pelos portugueses, o que pode ser percebido por
meio dos personagens indígenas e das caravelas ao fundo.
D. Apresenta um humor crítico ao
mostrar os indígenas como já cientes de que os portugueses que ali chegavam
conquistariam suas terras.
Comentário
A proposta dessa questão era
lançar um olhar histórico para a composição de uma tirinha elaborada pelo
cartunista Laerte. Nesse documento, desenvolve-se uma brincadeira temporal no
cenário da conquista das terras brasileiras pelos portugueses em suas naus, na
qual Laerte apresenta os indígenas como detentores de preocupações
contemporâneas como a casa própria , garantindo o humor nesses deslocamentos
históricos propositais.
10ª questão
Comentário
Conforme comentamos, nessa tarefa,
além de gerarmos importantes informações sobre os participantes da Quarta Olimpíada
Nacional em História do Brasil, nos exercitamos não apenas em ler e analisar
documentos mas, de certo modo, de produzir um.
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