segunda-feira, 30 de março de 2009

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - ADMINISTRAÇÃO E ABASTECIMENTO DAS MINAS

ADMINISTRAÇÃO E ABASTECIMENTO DAS MINAS

01. (UFGD) “A história das monções do Cuiabá é, de certa forma, um prolongamento da história das bandeiras paulistas, em sua expansão para o Brasil Central.”
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções. São Paulo: Brasiliense, 1990, 3. ed., p. 43).
As monções, a que o autor se refere no texto acima, foram
a) expedições que, assim como as antigas bandeiras, seguiam a pé, por caminhos terrestres de São Paulo até Cuiabá, passando eventualmente por Goiás.
b) expedições que partiam de São Paulo e se dirigiam a Cuiabá, mas, diferentemente das antigas bandeiras, seguiam um caminho fluvial, entrando pelo estuário do Prata e subindo os rios Paraná e Paraguai.
c) expedições que partiam de São Paulo e se dirigiam a Cuiabá, mas, diferentemente das antigas bandeiras, seguiam um caminho quase exclusivamente fluvial, cruzando o território correspondente aos atuais estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
d) expedições que percorriam o itinerário entre São Paulo e Mato Grosso mas diferentemente das bandeiras que seguiam um percurso exclusivamente fluvial utilizavam caminhos preponderantemente terrestres.
e) expedições que, assim como as antigas bandeiras, se dirigiam à região de Cuiabá visando principalmente ao aprisionamento de escravos indígenas.

02. (UnB/CESP) A sempre conflituosa relação entre índios e não-índios, ao longo do processo de ocupação de Mato Grosso, adquiriu conotação diferenciada após a descoberta de ouro na região. Com relação a esse fato, assinale a opção correta.
A) Moveu-se guerra contra os índios com o intuito de ser-lhes tomada a terra para que nela se efetivasse o povoamento branco.
B) Os índios passaram a ser objeto de captura para que servissem de mão-de-obra escravizada.
C) Os indígenas foram deslocados para o litoral da colônia, onde desempenharam papel central na agroindústria açucareira.
D) Os indígenas de Mato Grosso associaram-se aos espanhóis na guerra para impedir o adensamento da presença portuguesa na porção oeste da colônia.

03. (UNEMAT) Ao sistema de abastecimento e de transporte de pessoas, implementado através dos rios, que se dirigiam a Mato Grosso no período colonial, deu-se o nome de Monções. Em relação a esse sistema, é incorreto afirmar.
a. Os varadouros eram partes do trajeto, em que as canoas e as bagagens eram carregadas no ombro dos índios ou dos africanos, atravessando trechos de terra, localizados entre as cabeceiras dos rios navegados.
b. Os índios aliados auxiliaram os paulistas como guias nas viagens, uma vez que dominavam as melhores rotas a percorrer, identificavam as cachoeiras, suas transposições e os varadouros.
c. Esse sistema era feito duas vezes ao ano e a viagem durava de quatro a seis meses, dependendo do volume das águas.
d. As monções que se dirigiam de São Paulo para Mato Grosso percorriam um único roteiro, saindo de Porto Feliz, seguindo pelos rios Tietê, Grande, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá.
e. Os produtos agrícolas, de primeira necessidade, como o feijão, a mandioca, a farinha de mandioca, a cachaça e o açúcar eram produzidos em localidades próximas a Cuiabá. Tudo o mais de que os mineradores necessitavam, chegavam das capitanias de São Paulo ou do Grão-Pará.

04. (UFMS) Eram sem conta os exageros que logo correram mundo a respeito das novas minas e a fama de Cuiabá (...) De granetes de ouro, contava-se, serviam-se os caçadores em suas espingardas, à guisa de chumbo, e de ouro eram as pedras em que nos fogões se punham as panelas. A tanto chegava a abundância do metal precioso que, arrancando-lhe touceiras de capim nos matos, vinham as raízes vestidas de ouro. Mas não era essa riqueza que a princípio impelira os sertanistas para o remoto sertão. (...) O primeiro paulista (...) a alcançar as beiradas do Rio Cuiabá foi, ao que se sabe, Antônio Pires de Campos e este ia, não em busca do metal precioso (...) O segundo foi Pascoal Moreira Cabral (...) (Sérgio Buarque de Holanda, As Monções, In: História Geral da Civilização Brasileira) A presença dos sertanistas nas origens do Mato Grosso está diretamente relacionada com a:
a) produção de açúcar para o mercado interno.
b) exploração da erva-mate para o consumo interno.
c) procura e captura de índios para serem escravizados.
d) demarcação das fronteiras com a América Espanholas.




05. (UFMS) A figura e o texto que se referem à história do antigo Mato Grosso em tempos coloniais.


"Quando os bandeirantes paulistas atingiram o rio Coxipó, implementando guerra aos índios Coxiponés, chegaram à pé ou através de pequenas embarcações, utilizando-se da imensa rede hidroviária que drena o centro do continente. No momento em que a mineração floresceu, às margens do rio Cuiabá, nasceu ali um arraial onde foram construídas casas, igrejas, estabelecido pequeno comércio, tornando-se necessário regularizar o abastecimento, pois seus habitantes estavam ocupados somente com a mineração. (...) A esse sistema abastecedor e de transporte de pessoas, implementado exclusivamente através dos rios, deu-se o nome de monções."

(SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002, p. 34)

A partir da análise da figura e do texto apresentados e com base em seus conhecimentos sobre a História do antigo Mato Grosso, é correto afirmar que:

(01) A descoberta de ouro na região de Cuiabá, em 1719, estimulou Portugal a adotar uma série de medidas com vistas a expandir e consolidar seus domínios sobre a bacia do Alto Paraguai e outras regiões para além dos límites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494.

(02) Durante todo o período colonial, os bandeirantes paulistas tinham, como principal atividade, a busca e a exploração de metais preciosos pelos sertões, incluindo aqui os territórios atualmente compreendidos pelos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

(04) Os paulistas eram conhecedores das sociedades indígenas estabelecidas no interior da colônia, e tinham muita habilidade em viajar pelos sertões, haja vista, dentre outras coisas, a ajuda que tiveram de muitos indígenas na fabricação de embarcações (batelões e canoas), como guias nas viagens, na alimentação e na medicina.

(08) Durante a primeira metade do século XVIII, monções oriundas de Buenos Aires e de Assunção abasteceram a população de Cuiabá com produtos como charque, sal, pólvora e tecidos de algodão.

(16) Na década de 1720, por conta da exploração de ouro em Cuiabá, o então governador de São Paulo, Rodrigo César de Menezes, transferiu-se por algum tempo para aquela longínqua zona mineira. Lá ele promoveu um austero controle administrativo-fiscal, inclusive mediante aumento e maior fiscalização na sua cobrança, garantindo assim a reprodução do modelo colonial.

06. (UNIR) O Vale do Guaporé foi durante o período colonial uma área de proximidade e disputa territorial com o reino espanhol. O Estado Português, para fazer frente a essa disputa, desmembrou a Capitania de Mato Grosso da de São Paulo e criou um núcleo urbano, Vila Bela da Santíssima Trindade. Essas medidas deram início a uma efetiva política de colonização e, especificamente em relação à Vila Bela, tiveram uma dimensão econômica. Assinale a afirmativa que caracteriza essa dimensão.

a) Ocorreu uma polarização da economia regional que, a partir de dois núcleos, Cuiabá e Vila Bela, ligados respectivamente à São Paulo e Grão-Pará promoveu e garantiu a política agroexportadora imposta pela Metróple portuguesa.

b) Foi estabelcido um controle sobre a produção de ouro e diamantes das minas de Mato Grosso; foi inibido o contrabando, e foi fixada uma rota comercial de dimensão significativa através da Companhia de Comércio do Grão-Pará e do abastecimento de escravos nas minas de Mato Grosso.

c) Vila Bela assumiu, além da função de sede administrativa, a de centro hegemônico da economia amazônica com base na produção tanto extrativa quanto pecuária.

d) A ligação fluvial entre as bacias hidrográficas Amazônica e Platina foi viabilizada, permitindo o escoamento da produção regional para São Paulo que conservou o monopólio comercial da fronteira oeste.

e) Ocorreu o crescimento das relações comerciais diretamente com a burguesia espanhola, atendendo aos interesses metropolitanos mercantilistas.

07. (UFMT) Ao se referir ao abastecimento da região mineira de Cuiabá, nos primeiros tempos da colonização, a historiadora Elizabeth M. Siqueira assim se expressa: "As duas regiões mais próximas das Lavras do Sutil e responsáveis pelo seu abastecimento mais imediato foram: Rio Abaixo (hoje Santo Antônio do Leverger) e Serra Acima (Chapada dos Guimarães) (...) Dessa forma nem só de alimentos vivia esta população..."

(Revivendo Mato Grosso.Cuiabá, SEDUC, 1997, p. 14-16)

A respeito desse contexto histórico, julgue as características.

(00) O primeito trajeto fluvial percorrido pelos sertanistas para abastecer Cuiabá transformou o Rio Abaixo em importante entreposto comercial.

(01) De Rio Abaixo, a produção agrícola era trazida pelo rio Cuiabá até a região aurífera.

(02) Vestimentas, instrumentos de trabalho e escravos vinham de outras províncias por meio de tropas ou da Monções.

(03) Os primeiros engenhos surgidos na região foram responsáveis pelo fabrico não somente de açúcar mas também de rapadura e da aguardente.






RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS

1) C

Comentários: As monções eram expedições comerciais que partiam do porto de Araritaguaba (atual Porto Feliz) em São Paulo e através de um trajeto quase que exclusivamente fluvial abasteciam as regiões mineradoras em Mato Grosso, para onde traziam uma grande gama de mercadorias, tais como: roupas, bebidas, medicamentos, ferramentas de trabalho, alimentos variados, dentre os quais se destacava o sal, produto indispensável ao bem-estar da população do arraial. A esse sistama de abastecimento e de transporte de pessoas, deu-se o nome de monções.

2) A

Comentários: A busca de terras auríferas e agricultáveis motivou o extermínio da população indígena, seja pela "guerra justa" ou pelo simples ato de apresamento dos silvícolas, empreendido pelos bandeirantes.

3) D

Comentários: As monções que se dirigiam de São Paulo para Mato Grosso percorriam dois roteiros. O primeiro saindo de Porto Feliz, seguindo pelos rios Tietê, Grande (Paraná), Pardo, Anhanduí, travessia por terra pelos Campos da Vacaria (região onde hoje se localiza a cidade de Campo Grande), rios Miranda, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá. O segundo também saindo de Porto Feliz, seguindo pelos rios Tietê, Grande (Paraná), Pardo, Sanguessuga, travessia por terra pelo varadouro de Camapuã, rios Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá.

4) C

Comentários: Os motivos que trouxeram os banderantes ao atual territorio de Mato Grosso foi a busca de índios destinados à escravidão.

5) V, F, V, F, V
6) B
7) F, V, V, V

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

01. (UFMS) No que se refere ao movimento dos bandeirantes na América Portuguesa, é correto afirmar que:
(01) A busca por metais preciosos foi o único objetivo das bandeiras de São Paulo.
(02) O movimento dos bandeirantes foi de grande importância para a expansão do território português na América do Sul.
(04) A caça aos índios, uma mercadoria bastante valorizada na Colônia, foi uma das principais atividades dos bandeirantes nos séculos XVII e XVIII.
(08) O apoio que a Companhia de Jesus deu ao movimento dos bandeirantes favoreceu a expansão dos domínios de Portugal na região platina.
(16) Um dos objetivos das Bandeiras era a captura de índios para serem catequizados nas missões jesuíticas do Itatim, Guairá e Tape.

02. (UFMT) As bandeiras tiveram uma grande importância para a história de Mato Grosso, relacionando-se à chegada dos portugueses nessa região. Sobre as bandeiras e sua relação com a história de Mato Grosso, assinale a alternativa correta.
a) a fundação de Cuiabá não esteve vinculada às atividades dos bandeirantes.
b) as bandeiras que vieram para Mato Grosso foram organizadas no Nordeste brasileiro.
c) o trabalho principal dos bandeirantes era descobrir jazidas auríferas no interior do Brasil.
d) as bandeiras tinham também a função oficial de expandir as fronteiras da América Portuguesa na região oeste do Estado.
e) os bandeirantes vieram a Mato Grosso com o objetivo de escravizar índios.

03. (UNEMAT) Com a descoberta do ouro em terras mato-grossenses, no período colonial, foi necessário não apenas o emprego de mão-de-obra escrava para a sua extração como também a montagem do respectivo aparato fiscalizador, responsável pelo controle desta importante atividade econômica. Com relação ao tema, assinale a alternativa incorreta.
a. Durante o período colonial, foram utilizados na extração aurífera tanto indígenas como negros africanos.
b. O emprego de indígenas foi descartado em função de sua menor resistência às difíceis condições de trabalho.
c. O sistema fiscalizador da Coroa portuguesa, aplicado às regiões auríferas em Mato Grosso, era similar ao empregado anteriormente em Minas Gerais.
d. A tributação sobre a extração do ouro fez com que vários mineiros migrassem para outras regiões como Goiás e São Paulo.
e. Além da mão-de-obra escrava, a sociedade das minas era composta de negociantes, padres, burocratas, militares, entre outros.

04. (UnB/CESP) Pascoal Moreira Cabral identifica-se com a história de Mato Grosso, entre outras razões, porque:
A) insurgiu-se contra o poder metropolitano e proclamou a independência da capitania de Mato Grosso em meados do século XVIII.
B) defendeu a liberdade dos indígenas que viviam na região de Mato Grosso, recusando-se a escravizá-los e a permitir que outros o fizessem.
C) delimitou definitivamente a fronteira oeste de Mato Grosso, ao vencer os espanhóis em três sucessivas batalhas.
D) descobriu ouro nas margens do rio Coxipó, em 1719, marco inicial do povoamento da região de Cuiabá.

05. (UnB/CESP) Assinale a opção em que se identifica o principal fato decorrente da descoberta do ouro em Mato Grosso, na primeira metade do século XVIII.
A) Pacificação dos povos indígenas que habitavam a área.
B) Chegada das expedições bandeirantes na região.
C) Consolidação dos limites do Tratado de Tordesilhas.
D) Efetivo início do povoamento de Mato Grosso

(UnB/CESP) Texto para as Questões 06 e 07
O estado de Mato Grosso corresponde, historicamente, à segunda unidade brasileira cujas origens vinculam-se à exploração do ouro, nas primeiras décadas do século XVIII. O início da ocupação de seu território está relacionado à bandeira de Pascoal Moreira Cabral cujo objetivo — o apresamento indígena — não se concretizou, graças à reação vigorosa dos índios Coxiponés. Fracassada em seu intento, a expedição foi compensada com a descoberta de ouro na região, de que resultou o embrião do povoamento da futura Capitania de Mato Grosso — Forquilha. O adensamento populacional de Forquilha, em meio ao seu crescimento desordenado e de difícil controle, levou Pascoal Moreira a criar, em 1719, o Arraial de Cuiabá. Aos olhos da metrópole portuguesa, a nova capitania funcionaria como uma “zona antimural”, uma “barreira de defesa”, fronteira estratégica entre as duas frentes ibéricas de colonização no oeste da América do Sul.

06. (UnB/CESP) Com o auxílio do texto e tendo em vista o processo de ocupação do território brasileiro no período colonial, julgue os itens seguintes.
I - De uma forma geral, entradas e bandeiras — de que Pascoal Moreira Cabral seria um dos personagens — corresponderam ao movimento que, normalmente partindo de São Paulo, desbravou áreas situadas no interior da colônia, impulsionado pelo objetivo de aprisionar índios a serem escravizados e de descobrir riquezas minerais.
II - Uma das razões para que o bandeirismo tivesse em São Paulo seu ponto de partida era a crítica situação econômica daquela capitania nos primeiros séculos da colonização brasileira. Desbravar outras regiões em busca de riquezas passava a ser uma saída para esse quadro de acentuada pobreza.
III - Entre outras conseqüências, entradas e bandeiras foram importantes instrumentos de ampliação dos domínios territoriais portugueses na América, jogando por terra, na prática, os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas, pelos quais pertenceria à Espanha a maior parte do Brasil, inclusive Mato Grosso.
IV - A criação da Capitania de Mato Grosso, em meados do século XVIII, ocorreu em uma tensa conjuntura das relações entre Portugal e Espanha. Esgotadas as possibilidades diplomáticas, uma guerra entre os dois reinos ibéricos selou o destino de Mato Grosso como território oficialmente pertencente à colônia brasileira.
V - Sabe-se que o processo de ocupação e de colonização de Mato Grosso, tal como esboçado no texto, apresenta muitas semelhanças com a experiência vivida, no mesmo contexto histórico, por Minas Gerais e Goiás.

07. (UnB/CESP) Ainda tendo por referência o texto e o tema que ele aborda, julgue os itens que se seguem, relativos ao processo de ocupação e de colonização de Mato Grosso.
I - Associando o aprisionamento do gentio à descoberta do ouro aluvial, em um processo conduzido pela iniciativa privada, a primeira fase da ocupação de Mato Grosso deu origem a núcleos de povoamento, entre os quais podem ser citados a Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá e os arraiais da Chapada: Santana, São Francisco Xavier, Pilar e São Vicente.
II - A segunda etapa de colonização da região, ainda que preservada a iniciativa particular, contou com a presença relevante e enquadradora do Estado metropolitano, que deslocou para a região um corpo de administradores públicos voltados, entre outras tarefas, para a consolidação das novas linhas fronteiriças.
III - A criação de fortes e povoados inscreve-se na estratégia portuguesa de expandir seus domínios e assegurar a posse da porção ocidental da Capitania de Mato Grosso, muito embora se desconheça a existência de tentativas espanholas para recuperar esse território.
IV - Em fins do século XVIII, estava consolidada a linha divisória dos domínios português e espanhol com a fixação dos limites da porção ocidental da colônia brasileira. Destacou-se, nesse processo, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, especialmente pelo incremento dos meios de comunicação, com a abertura de estradas e o apoio à navegação.
V - A expressão ‘zona antimural’, usada pela administração metropolitana para definir a posição geográfica estratégica de Mato Grosso, reflete muito mais uma preocupação da Coroa portuguesa em face dos índios bravios da região, que se recusavam a aceitar a perda de seu espaço físico e
cultural, do que temor ante um inimigo externo.

08. (UFMS) Na primeira metade do século XVIII, em plena época do ciclo de ouro (1690-1750), a descoberta e a exploração desse metal precioso, na região de Cuiabá, estimulou ainda mais o devassamento do sertão e a ocupação de várias regiões do interior do Brasil colonial, mormente feito por bandeirantes paulista.
Sobre as consequências do ciclo do ouro no Brasil colonial, inclusive no antigo Mato Grosso, é correto afirmar que:
(01) a investigação cuidadosa de velhas rotas para o interior, chamadas de "rotas paulista", intensificou as expedições ou "entradas".
(02) a metrópole adotou medidas para proteger setores da sociedade e da economia colonial que poderiam ser afetados negativamente pela mineração do ouro, a exemplo da agricultura.
(04) houve uma maior exploração da mão-de-obra indígena no antigo Mato Grosso, bem como o extermínio de alguns povos ameríndios.
(08) Portugal conquistou e colonizou definitivamente os territórios que atualmente compreendem os atuais Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
(16) na região do Pantanal, povos indígenas, como os antigos Paiaguá e Guaicuru, não impuseram qualquer resistência bélica aos conquistadores vindos de São Paulo.
09. (NCE/UFRJ) A primeira povoação de Mato Grosso que foi o embrião da capitania foi:
a) Mutuca;
b) Caxipó;
c) Forquilha;
d) Cuiabá;
e) Araguaia.


RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS
1) F, V, V, F, F
Comentários: As bandeiras possuíam variados objetivos, entre eles, o apresamento indígena, o sertanismo de contrato e a prospecção de metais e pedras preciosas. O movimento dos bandeirantes pelos sertões do Brasil contribuiu para a expansão territorial dos domínios lusitanos na América, na medida em que devassou terra localizadas à Oeste do Tratado de Tordesilhas. A caça ao índio, destinado à atender as necessidades de mão-de-obra, sobretudo no período da União Ibérica (1580-1640) foi uma atividade extremamente lucrativa para os bandeirantes. O ataque às missões jesuítas espanholas foi o principal alvo dos bandeirantes que se dedicavam ao aprisionamento dos silvícolas, uma vez que era nas reduções jesuíticas que se encontravam os índios "ladinos", ou seja, habituados ao trabalho agrícola e aculturado, sendo assim os bandeirante entraram em atrito com a Companhia de Jesus, um exemplo desse conflito é visualidade no filme "A Missão".
2) E
Comentários: A bandeira de Pascoal Moreira Cabral, bem como as que aqui estiveram antes dele, tinham por objetivo principal o preamento de índios para serem escravizados. A descoberta de ouro, nas margens do Coxipó-Mirim acabou ocorrendo de maneira ocasional.
3) B
Comentários: Os índigenas, chamados de "negros da terra" também foram utilizados na mineração como mão-de-obra compulsória, ou seja, escravos.
4) D
Comentários: Ao bandeirante Pascoal Moreira Cabral é atribuida a descoberta de ouro às margens do Coxipó e a fundação do Arraial da Forquilha, marco inicial do povoamento efetivo da região cuiabana.
5) D
Comentários: A descoberta de ouro marca o início do efetivo povoamento de Mato Grosso, primeiramente nas margens do rio Coxipó-Mirim (1719) com a fundação do Arraial da Forquilha, em seguida com as "Minas do Sutil" (1722) no córrego da Prainha e finalmente com os achados dos irmãos Paes de Barros no vale do Guaporé, as "Minas de Mato Grosso".
6) V, V, V, F, V
7) V, V, V, V, F
8) V, V, V, V, F
9) C

domingo, 29 de março de 2009

Resenha: CANAVARROS, Otávio. O poder metropolitano em Cuiabá (1727-1752). Cuiabá, Editora da UFMT, 2004, 241 p.

D. João V, rei de Portugal


Nesta obra o historiador Otávio Canavarros dedicou-se a estudar a ação política de Coroa portuguesa no Extremo Oeste do Brasil-Colônia durante a primeira metade do século XVIII e, dessa forma, verificar quais as estratégias utilizadas pela Metrópole para colocá-las em execução. Isto porque, através da documentação consultada, o autor percebeu que o Reino luso tinha finalidades claras de conquista em relação às regiões até então não ocupadas pela Espanha. Foi uma deliberada política de conquista dos territórios de soberania duvidosa ou indefinida, pela qual a Coroa Portuguesa, ora tentando direcionar os mineiros, ora se servindo dos seus préstimos e achados, na maior parte das vezes, procurou surpreender os Bourbons e seus funcionários das Índias de Castela com o fato consumado da posse.

O arraial de Cuiabá foi a base para a consolidação da conquista territorial lusitana na região, assim houve uma relação intrínseca entre os objetivos geopolíticos portugueses e a instalação do poder metropolitano no dito arraial.

O balizamento analisado foi o período da constituição da "territorialidade" lusitana na região Oeste da Colônia. Dentro da periodização estabelecida, a referente pesquisa se circuscreve ao período do passado colonial compreendido entre 1727 e 1752. O recorte se refere à elevação do antigo arraial de Cuiabá à categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá (1° de janeiro de 1727) e a fundação de Vila Bela da Santíssima Trindade (19 de março de 1752), eventos de grande relevância no processo de ocupação territorial do Brasil, porque entre eles se estabeleceu a delimitação de espaços a serem ocupados pelos súditos de Portugal e Espanha em duas frentes colonizadoras que, enfim se encontraram a Oeste, com a assinatura do Tratado de Madri em 1750.

Em 1727 ocorreu a elevação do povoado de Cuiabá à categoria de Vila, com a criação de provedorias e a posterior transformação da área em Capitania Geral à partir do desmembramento da Capitania de São Paulo, ocorrida no ano de 1748. A criação de uma vila-capital em 1752, Vila Bela da Santíssima Trindade, no vale do Guaporé, região limítrofe com as Missões de Moxos dos jesuítas espanhóis marca outra etapa dessa estratégia portuguesa. Sendo assim a pesquisa teve como objetivos acompanhar a geografia da expansão para o Oeste assinalando além das motivaçõs gerais e políticas, aquelas específicas que originaram cada passo.

A tarefa de consolidar essa conquista territorial acabou recaindo sobre os ombros da população da Capitania de Mato Grosso que assumiu a tarefa de transformar a região no "antemural" da colônia.

De acordo com a doutora Maria de Fátima G. Costa, "trata-se de um bem fundamentado estudo sobre os primeiros cinquenta anos da presença luso-brasileira nas terras hoje mato-grossenses. Ler este trabalho é adentrar no universo fascinante que só um historiador erudito pode fornecer. Canavaros conduz o seu leitor a revisitar as páginas daqueles que, em lugares e tempos diversos e de forma diferenciadas, contribuiram para a contrução da história da região, cujas terras sempres estão próximas de algum rio paraguaio ou amazônico. E mais ainda, apresenta uma farta documentação, tanto manuscrita como impressa. É no profícui diálogo que se estabelece com autores e fontes que faz surgir sua segura argumentação sobre a história de Mato Grosso, ao mesmo tempo em que põe forma no seu objeto e, página a página, comprova suas hipóteses."

O objetivo principal que moveu a pesquisa de Canavarros foi o de demonstrar que a estruturação do poder metropolitano em Cuiabá fez parte da estratégia lusitana de assegurar a posse das terras conquistadas dos espanhóis, a Oeste do meridiano de Tordesilhas. O autor buscou demonstrar a política desenvolvida pelo reinado de D. João V através de passos seguros e documentação farta, a maneira pela qual se procurou consolidar definitivamente a conquista desses novos territórios para a Coroa lusitana.



Período Regencial

Moacyr Freitas - Quadros Históricos
Revolta da Rusga

A 28 de maio de 1834, o também tenente coronel João Poupino Caldas, assume a presidência da Província. Em seu governo eclodiu a Rusga, revolta nativista que transformou a pacata comunidade cuiabana em feras à cata de portugueses, a quem chamavam bicudos. Em Cuiabá a “Sociedade dos Zelosos da Independência” organizou a baderna, visando a invasão das casas e comércios de portuguêses. Antônio Pedro de Alencastro assume o governo da Província a 29 de setembro de 1834 e promove processo contra os criminosos da sedição mato-grossense. Poupino, em troca da confiança do Presidente da Província, programa o enfraquecimento dos amotinados pela dissolução da Guarda Municipal e reorganização da Guarda Nacional. A Assembléia Provincial, pela Lei nº. 19, transfere a Capital da Província de Mato Grosso da cidade de Matto Grosso (Vila Bela) para a de Cuiabá. A 14 de agosto de 1839 circulou pela primeira vez um jornal em Cuiabá - Themis Mato-Grossense. A primeira tipografia foi adquirida por subscrição pública organizada pelo Presidente da Província José Antônio Pimenta Bueno, que era ferrenho defensor dos direitos provinciais. A educação contou com seu irrestrito apoio, sob sua direção, foi promulgado o Regulamento da Instrução Primária, através da Lei nº. 08, de 05 de março de 1837. Esse regulamento, disciplinador da matéria, estabelecia a criação de escolas em todas as povoações da Província e o preenchimento dos cargos de professor mediante concurso. Multava os pais que não mandassem seus filhos ás escolas, o que fez com que o ensino fosse obrigatório. Pimenta Bueno passou seu cargo ao cônego José da Silva Guimarães, seu vice.

Primeiro Império

Moacyr Freitas - Quadros Históricos
Hasteamento da Bandeira do Império

Em 25 de março de 1824, entrou em vigor a Constituição do Império do Brasil. As Capitanias passaram à denominação de Províncias, sendo os presidentes nomeados pelo Imperador. Mas o Governo Provisório Constitucional regeu Mato Grosso até 1825. A 10 de setembro de 1825, José Saturnino da Costa Pereira assumiu o governo, em Cuiabá, como primeiro governador da Província de Mato Grosso, após a gestão do Governo Provisório Constitucional. No governo de Costa Pereira passou por Mato Grosso a célebre expedição russa, chefiada pelo Barão de Langsdorff, quando se registrou fatos e imagens da época. Também Costa Pereira, por arranjos de negociação, paralisou o avanço de 600 soldados chiquiteanos contra a região do Rio Guaporé, em fins de 1825. Costa Pereira criou o Arsenal da Marinha no porto de Cuiabá e o Jardim Botânico da cidade, entregando-o à direção do paulista Antônio Luís Patrício da Silva Manso. No governo do presidente Antônio Corrêa da Costa, ocorreu a criação do município de Poconé, por Decreto Regencial de 25 de outubro de 1831, o quarto de Mato Grosso e o primeiro no período Províncial - “Villa do Poconé”.

Período de Capitania


Moacyr Freitas - Quadros Históricos Moacyr Freitas - Quadros Históricos
Canoas de guerra no Rio Guaporé Deposição de Magessi



No período de Capitania, Portugal se empenhou na defesa do território conquistado. A preocupação com a fronteira, a extensa linha que ia do Paraguai ao Acre, continha um aspecto estratégico: ocupar o máximo de território possível na margem esquerda do Rio Guaporé e na direita do Rio Paraguai. O rio e as estradas eram questões de importância fundamental, pois apenas se podia contar com animais e barcos. À Capitania de Mato Grosso faltava povo e recursos financeiros para manter a política de conquista. Favorecimentos especiais foram prometidos para os que morassem em Vila Bela, visando o aumento da povoação. Como o Rio Paraguai era vedado à navegação até o Oceano Atlântico, os governadores da Capitania agilizaram o domínio dos caminhos para o leste e a navegação para o norte, pelos rios Madeira, Arinos e Tapajós. Ocorreram avanços de ambas as partes, Portugal e Espanha, para território de domínio oposto. Antes da criação da Capitania de Mato Grosso, os missionários jesuítas espanhóis ocuparam a margem direita do Rio Guaporé, como medida preventiva de defesa. Para desalojar os missionários, Rolim de Moura não duvidou em empregar recursos bélicos.
No governo do Capitão General João Carlos Augusto D’Oeynhausen, Dom João VI instituiu o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, a 16 de dezembro de 1815. A proximidade do governo supremo situado no Rio de Janeiro favoreceu a solução mais rápida das questões de governo. A independência de comércio trouxe novos alentos à vida mato-grossense. Com a aproximação do fim da Capitania, Cuiabá assumiu aos poucos a liderança política. Vila Bela da Santíssima Trindade funcionou eficazmente como centro político da defesa da fronteira. Não podia ostentar o brilho comercial de Cuiabá e Diamantino. O último governador da Capitania, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho já governou todo o tempo em Cuiabá. Em Mato Grosso, precisamente nos anos de maturação da Independência, acirraram-se as lutas pelo poder supremo da Capitania. A nobreza, o clero e o povo depuseram o último governador Magessi. Em seu lugar se elegeu uma Junta Governativa. Enquanto uma Junta se elegia em Cuiabá, outra se elegeu em Mato Grosso, topônimo que passou a ser conhecido Vila Bela da Santíssima Trindade, a partir de 17 de setembro de 1818. Sob o regime de Juntas Governativas entrou Mato Grosso no período do Brasil Independente, tornando-se Província.




Povoamento Setecentista

Moacyr Freitas - Quadros Históricos
Missão Jesuítica de Chapada


Nessa trajetória de ocupação e povoamento da Capitania de Mato Grosso, iniciada no governo de Rolim de Moura, outros povoados surgiram, a exemplo de Santana da Chapada, que, inicialmente se constituiu em uma grande reserva indígena, devido à determinação do governo em congregar naquela porção da Capitania, tribos indígenas diversas, com o objetivo de minimizar os constantes choques com as comunidades. Esse Parque Indígena, cuja formação remonta a 1751, teve a sua administração entregue a um padre jesuíta, que através de um trabalho de aculturação, conseguiu colocá-los em contato com a população garimpeira das proximidades. O período de 1772 a 1789 foi decisivo para a Capitania de Mato Grosso e consequentemente para o País, haja visto ter acontecido nessa época o alargamento da fronteira ocidental do Estado, estendendo-se desde o Vale do Rio Guaporé até as margens do Rio Paraguai. Para efetivação da política de expansão e povoamento e, principalmente para assegurar a posse da porção ocidental da Capitania, por inúmeras vezes molestada pelos espanhóis, foram criados nesse período, alguns fortes e povoados. Em 1755, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, determinou a fundação do Forte de Coimbra, sito à margem direita do Rio Paraguai. Um ano após foi a vez do Forte Príncipe da Beira, instalado à margem direita do Rio Guaporé, hoje Estado de Rondônia. Em 1778, através de sua política expansionista, Luís de Albuquerque fundou o povoado de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, atualmente município de Corumbá. Três anos após foi a vez da fundação de Vila Maria do Paraguai, hoje Cáceres. Ainda em 1781 foi fundada a povoação de São Pedro Del Rey, atualmente o município de Poconé. Além do que fundou os registros do Jauru (região oeste) e Ínsua (região leste) no Rio Araguaia. Em 1783, Melo e Cáceres determinou a fundação do povoado de Casalvasco e ainda ocupou a margem esquerda do Rio Guaporé, de domínio espanhol, fundando o povoado de Viseu.

Caminhos e fronteiras, a grande obra de Sérgio Buarque de Holanda

Caminhos e fronteiras é uma história da gente paulista. Ou melhor, são histórias dos paulistas. O comentário aparentemente ocasional sobre os pés descalços dos bandeirantes vai se compondo com as considerações sobre o fabrico do calçado, a agrura das trilhas, a pisadura diferente do índio e do português, as particularidades topográficas e as impossibilidades de uso de cavalos, não sem passar pelas dores e prazeres do bicho-de-pé.
Num estilo historiográfico que não se deixa delimitar de antemã, mas busca acomodar-se a seu tema, ganham significado descrições que poderiam muito bem ser associadas à "história das mentalidades" e que, entrelaçadas a explicações de ordem estrutural, não se afastam da tessitura íntima do vivido. Os caminhos são percorridos em ritmo andarilho até desembocarem, já no século XIX, nas dificuldades enfrentadas pelos colonos europeus da lavoura cafeeira. Avessos à aculturação, distinguiam-se dos primeiros colonizadores, mais dóceis às imposições da terra e capazes de aprender com o índio as maneiras de sobreviver em um meio desconhecido.
Sérgio Buarque de Holanda discorre sobre outros tantos temas - a coleta de mel, a adequação das armas, as comidas, as doenças, as crenças, o impacto da mineração, as técnicas de cultivo e de tecelagem etc. - para configurar o lento processo pelo qual as "trilhas de antas" iniciais dos bandeirantes dão lugar às fronteiras que hoje delimitam nosso território. Neste processo, são atravessados e desfeitos limítes étnicos e culturais, criando um novo espaço social no qual o índio, ainda menos do que o negro, já não tem lugar, ao mesmo tempo em que subrai ao branco seu caráter de europeu.
Caminhos e fronteiras é obra histórica do mais estrito rigor metodológico e, raridade, escrita por um mestre da língua. A citação precisa das fontes é feita no tom ameno de quem apenas lembra o testemunho de outro; o encadeamento dos argumentos é suavizado tanto pela sutileza do raciocínio quanto pela escolha do vocabulário ora coloquial, ora arcaizante. Sérgio Buarque de Holanda, o historiador, faz não apenas história mas também excelente literatura.
Caminhos e fronteiras é a história da lenta ocupação territorial promovida pelos bandeirantes. História dos processos e procedimentos desta empresa, nela Sérgio Buarque de Holanda descreve técnicas e práticas cotidianas - de caça e coleta, de lavoura, de viagem, de vestimenta. Detendo-se em dados referentes à mentalidade dos paulistas, aponta a maneira específica como estes foram levados a amalgamar a experiência indígena a seus interesses específicos. Com isso, as vastas transformações ocorridas no país até o século XIX adquirem o contorno das coisas vividas. Caminhos e fronteiras está, como tantas outras obras do autor - Raízes do Brasil, Visão do paraíso, Monções -, entre o que de melhor já se produziu como história do Brasil.
E finalmente podemos visualizar melhor a sutileza polissêmica do belo título, pois o livro trata, ao mesmo tempo, das trilhas dos bandeirantes e das raias da Colônia, mas sobretudo das direções e limítes de nossa civilização.

Resenha: VOLPATO, Luiza Rios Ricci. A conquista da terra no universo da pobreza - fronteira oeste do Brasil (1719-1819). p168 São Paulo. Hucitec, 1987


A conquista e ocupação das área que pertencem hoje aos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia - a fronteira oeste do Brasil - têm sido vistas, de maneira geral, como apêndice pitoresco da mineração da etapa colonial, através de referências sobre a exploração do ouro nas minas de Cuiabá e Guaporé. Muitos autores consideram a fronteira oeste como uma fronteira viva.
O presente trabalho avança sobre esta linha de reflexão e procura recuperar o real vivido pela sociedade mato-grossense no período colonial. A vida do homem comum de Mato Grosso nessa época estava norteada por duas condicionantes básicas da região: ser zona de fronteira e área de mineração. A condição de fronteira impunha à sociedade ônus além daqueles que ela podia suportar. E a produção de ouro a submetia à rígida legislação fiscal específica para zonas de mineração. A vida deste homem comum era consumida na luta contra as adversidades impostas pelo meio natural e no esforço de obter seu sustento, enfrentando toda a sorte de adversários, tais como surtos de fomes e epidemias, bem como ataques de índios e espanhóis.
O objetivo deste livro é analisar como o conjunto da sociedade suportou todo o ônus material e humano de ser fronteira responsável pela preservação e ampliação dos domínios portugueses na América, no momento em que eles estavam ainda se definindo. Ônus este que a economia de Mato Grosso permaneceu por mais de um século em sua fase embrionária, sem condições de superar a crise da mineração que se tornara crônica.
A obra se encaminha no sentido de ser fazer um questionamento sério à respeito da visão mítica de riqueza, aquela que apregoava um passado faustosa para Cuiabá em seus primeiros tempos de colonização.
No transcorrer da obra, ao analisar as questões de fronteira, a autora salienta como a sociedade, enquanto um todo, assumiu para si os encargos dessas guerras, tanto a empreendida contra os silvícolas, quanto a travada contra os hispano-americanos.
A organização da produção e do trabalho, durante a fase de decadência da mineração, momento crítico da vida econômica e social da Capitania também é objeto de estudo da historiadora nesta obra.
O período analisado é bastante rico, o balizamento amplo - 1719-1819 - tem como primeiro parâmetro a fixação do povoamento português na região central da América do Sul, e o segundo ilustra a mudança de grande parte dos burocratas e militares fato que prejudicou o entrelaçamento de interesses entre a administração colonial e a classe dominante, a partir daí começa a se desenvolver um política antagônica entre os interesses da elite e os do capitão-general de Mato Grosso.
Volpato se esforça para descrever as reais condições de vida da população mato-grossense, confrontando a sua situação de pobreza e os encargos da defesa e ampliação da fronteira colonial.
No período colonial, Mato Grosso caracterizava-se como uma região pobre, com sérios problemas econômicos decorrente da crise do setor minerador. Essa situação de pobreza, fome e doença fazia parte do cotidiano do homem comum mato-grossense que tinha sobre seus ombros os pesado ônus da defesa territorial e da expansão dos límites portugueses sobre os da Espanha. A luta de conquista num universo marcado pela miséria.
A partir da criação da Capitania, ocorrida pelo alvará de 09 de maio de 1748, se deu o aparelhamento da fronteira com a edificação de fortes, guarnições e povoados, pressupostos necessários para a transformação da região no "antemural" do Brasil, capaz não somente de salvaguardá-la bem como estendê-la mais aida em direção ao oeste.
Entretanto é preciso destacar que questões individuais de sobrevivência muitas vezes falaram mais alto pois nessas oportunidades luso-brasileiros e hispano-americanos deixavam de lado suas diferenças além de seus compromissos com as suas respectivas Coroas e se buscavam mutuamente, fazendo surgir um relacionamento fronteiriço, nesses momentos os interesses individuais eram mais fortes que a fidelidade ao rei, é nesse contexto de aproximação que o contrabando de fronteira encontra campo fértil para se desenvolver.
É também objeto de análise da autora a apropriação do trabalho e a organização da produção, demonstrando o esforço da população local para concretizar a fixação do povoamento e tentar manter um equilíbrio econômico em face da crise da mineração.
O aprofundamento do quadro de crise econômica ocasionou um processo de empobrecimento e individualismo que atingiu diversos segmentos sociais, porém foram sobretudo os estratos inferiores que os sentiu de forma mais drástica alarmando ainda mais a condição de miserabilidade e causando maior insegurança social. Por fim a autora investiga as diversas facetas da crise econômica e como foi possível dentro desse caos preservar o equilíbrio da sociedade colonial em Mato Grosso.

quinta-feira, 26 de março de 2009

A evolução histórica da Ponte Júlio Müller






A principal via de comunicação entre as cidades Cuiabá e Várzea Grande, a ponte Júlio Müller, conhecida popularmente como "ponte velha", completou 67 anos.



Ela foi a primeira construída com cimento armado a cruzar o rio Cuiabá, substituindo a antiga barca pêndulo que fazia travessia do rio com cargas, animais, veículos e passageiros. A referida edificação foi inaugurada em 20 de janeiro de 1942 sob a égide do Estado Novo, pelo então interventor Júlio Strubing Müller que garantiu a permanencência da sede administrativa do estado em Cuiabá.



Segundo o historiador Ubaldo Monteiro "a ponte trouxe uma mudança radical ao sistema de comunicação e transporte das duas cidades e facilitou a entrada dos habitantes do norte do Estado à capital e vice e versa". Depois de três anos da inauguração do acesso em concreto, Várzea Grande ganhou energia elétrica e passou a contabilizar um forte e contínuo desenvolvimento. Como afirma Ubaldo, “Várzea Grande foi a mais beneficiada”.



Passados 43 anos, já sentindo os reflexos da forte migração iniciada em meados dos anos 70, a Júlio Müller – ainda mão dupla – tem o fluxo de veículos desafogado. Através da tela de Odenil Sebba, acima à direita, podemos ter uma dimensão do processo de urbanização e adensamento populacional pelo qual passava a capital mato-grossense, sobretudo na segunda metade da década de 1980. A duplicação criou o sentido Várzea Grande/Cuiabá. Para os várzea-grandenses a obra teve peso maior por ter sido construída e inaugurada durante a gestão de um governador várzea-grandense, o engenheiro Júlio Campos. Foi realizada sob a égide do progrosso e da modernização do Estado, tão apregoados pelo governo Júlio Campos, cujo slogan era "4 anos de governo, 40 anos de progresso". A obra iniciada em 1985 foi inaugurada em 15 de março do ano seguinte. A sexagenária ponte Júlio Muller, permanece sendo o principal acesso entre as duas cidades e um dos mais importantes cartões postais de Cuiabá e Várzea Grande.






Créditos: foto de Robson Silva (Ponte Júlio Müller atualmente)

Quadro de Odenil Sebba (duplicação da Júlio Müller)

Vila Bela da Santíssima Trindade - antiga capital


Por ordem de Portugal, a sede da Capitania foi fixada no Vale do Rio Guaporé, por motivos políticos e econômicos de fronteira. D. Antônio Rolim de Moura Tavares, Capitão General, foi nomeado pela Carta Régia de 25 de janeiro de 1749. Tomou posse a 17 de janeiro de 1751. Rolim de Moura era fidalgo português e primo do Rei, mais tarde foi titulado Conde de Azambuja. A 19 de março de 1752, D. Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima Trindade, às margens do Rio Guaporé, que se tornou capital da Capitania de Mato Grosso. Vários povoados haviam se formado na porção oestina, desde 1726 até a criação da Capitania, a exemplo de Santana, São Francisco Xavier e Nossa Senhora do Pilar. Esses povoados, além de constituírem os primeiros vestígios da ocupação da porção ocidental da Capitania, tornaram-se o embrião para o surgimento de Vila Bela, edificada na localidade denominada Pouso Alegre. O crescimento de Vila Bela foi gradativo e teve como maior fator de sua composição étnica, os negros oriundos da África para trabalho escravo, além dos migrantes de diversas áreas da Colônia. O período áureo de Vila Bela ocorreu durante o espaço de tempo em que esteve como sede política e administrativa da Capitania, até 1820. A partir daí, começou a haver descentralização política, e Vila Bela divide com Cuiabá a administração Provincial. No tempo do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no início do século XIX, Cuiabá atraía para si a sede da Capitania. Vila Bela recebia o título de cidade sob a denominação de Matto Grosso. A medida tardou a se concretizar, dando até ocasião de se propor a mudança da capital para Alto Paraguay Diamantino (atualmente município de Diamantino). A Lei nº. 09, de 28 de agosto de 1835, encerrou definitivamente a questão da capital, sediando-a em Cuiabá. Tratou-se de processo irreversível a perda da capital em Vila Bela, quando esta “vila” declinava após o governo de Luíz de Albuquerque. A cidade de Matto Grosso, a nova denominação, passou às ruínas, e era considerada como qualquer outro município fronteiriço. Hoje em dia a cidade passou a ser vista de uma outra maneira, principalmente pelo redescobrimento de sua riqueza étnico-cultural. A Lei Federal nº. 5.449, de 04 de julho de 1968 tornou Mato Grosso município de Segurança Nacional. Em 29 de novembro de 1978, a Lei nº. 4.014, alterava a denominação de Mato Grosso para Vila Bela da Santíssima Trindade, voltando ao nome original.
Fonte: www.mteseusmunicios.com.br/historia

De arraial à Vila - primórdios cuiabanos




Em 1722, por Provisão Régia, o Arraial de Cuiabá foi elevado à categoria de distrito da Capitania de São Paulo. A Coroa mandou que o governador da Capitania de São Paulo, Dom Rodrigo Cesar de Menezes instalasse a Villa, o município, estrutura suprema local de governo. Dom Rodrigo partiu de São Paulo a 06 de junho de 1726 e chegou a Cuiabá a 15 de novembro do mesmo ano. A 1º de janeiro instalou a Villa. Há de se dizer, entretanto, que na administração do governador Rodrigo Cesar de Menezes, que trouxe ao Arraial mais de três mil pessoas, houveram transformações radicais no sistema econômico-administrativo da Villa. A medida mais drástica foi a elevação do imposto cobrado sobre o ouro, gerando aumento no custo de vida, devido ao crescimento populacional, agravando a situação precária do garimpo já decadente. Estes fatos, aliados à grande violência que mesclou a sua administração, bem como a escassez das minas de Cuiabá, tornaram-se fundamentais para a grande evasão populacional para outras áreas. A 29 de março de 1729, D. João V, criou o cargo de Ouvidor em Cuiabá. Apesar do Brasil já se desenvolver a 200 anos, Cuiabá ainda participou da estrutura antiga dos municípios, em que o poder máximo era exercido pelo legislativo, cabendo ao executivo um simples papel de Procurador. O chefe nato do legislativo era a autoridade suprema do Judiciário. Por isso o poder municipal era também denominado de Ouvidoria de Cuiabá. Ainda não se usava designar limite ou área ao município; apenas recebia atenção formal a sede municipal, com perímetro urbano. O resto do território se perdia num indefinido denominado Districto. Por isso se costumava dizer “Cuyabá e seu Districto”. Naquele tempo os garimpeiros corriam atrás das manchas, lugares que rendiam muito ouro. Assim, em 1737, por ocasião das notícias de muito ouro para as bandas do Guaporé, enorme contingente optou pela migração. Se a situação da Vila de Cuiabá já estava difícil, tornou-se pior com a criação da Capitania, em 09 de maio de 1748. Em 1751, a vila contava com seis ruas, sendo a principal a Rua das Trepadeiras (hoje Pedro Celestino). Muitos de seus habitantes migraram para a capital da Capitania, atraídos pelos privilégios oferecidos aos que ali fossem morar. Este fator permitiu que Cuiabá ficasse quase estagnada por período de setenta anos.
Fonte: www.mteseusmunicipios.com.br/historia

O povoamento



As origens históricas do povoamento de Mato Grosso estão ligadas às descobertas de ricos veios auríferos, já no começo do século 18. Em 1718, o bandeirante Antônio Pires de Campos, que um ano antes esteve às margens do Rio Coxipó, em local denominado São Gonçalo Velho, onde combateu e aprisionou centenas de índios Coxiponé (Bororo), encontrou-se com gente da Bandeira de Paschoal Moreira Cabral Leme, informando-lhes sobre a possibilidade de escravizarem índios à vontade. Ao ser informado da fartura da (possível) prea, Paschoal Moreira Cabral Leme seguiu Coxipó acima: o seu intento, no entanto, não foi realizado, pois no confronto com o gentio da terra, na confluência dos rios Mutuca e Coxipó, os temíveis Coxiponé, que dominavam esta região, teve sua expedição totalmente rechaçada pelas bordunas e flexas certeiras daquele povo guerreiro. Enquanto a expedição de Moreira Cabral se restabelecia dos danos causados pela incursão Coxiponé, dedicaram-se ao cultivo de plantações de subsistência, apenas visando o suprimento imediato da bandeira. Foi nesta época que alguns dos seus companheiros, embrenhando-se Coxipó acima, encontraram em suas barrancas as primeiras amostras de ouro. Entusiasmados pela possibilidade de riqueza fácil, renegaram o objetivo principal da bandeira, sob os protestos imediatos de Cabral Leme, que, entretanto, aderiu aos demais. Foi desta forma que estando a procura de índios para escravizar Paschoal Moreira Cabral Leme encontrou ouro em quantidade inimaginada. Desta forma os paulistas bateram as estremas das regiões cuiabanas, onde o ouro se desvendava aos seus olhos. A descoberta do ouro levou os componentes da bandeira de Cabral a se deslocarem para uma área onde tivessem maior facilidade de ação. Surgiu Forquilha, a povoação pioneira de todo Mato Grosso, na confluência do Rio Coxipó com o Ribeirão Mutuca, exatamente onde tempos havia ocorrido terrível embate entre paulistas e índios da nação Coxiponé. Espalhou-se então a notícia da descoberta das Minas do Cuyabá. Vale dizer que o adensamento de Forquilha foi inevitável, o que preocupou a comunidade quanto à manutenção da ordem e estabilidade do núcleo. Este fato levou Paschoal Moreira Cabral, juntamente com alguns bandeirantes, a lavrar uma ata e fundar o Arraial de Cuiabá, em 08 de abril de 1719, devendo a partir de então, seguir administrativamente os preceitos e determinações legais da Coroa. Na verdade, a Ata de Criação de Cuiabá deixa nítida a preocupação de Paschoal Moreira Cabral em notificar à Coroa Portuguesa os seus direitos de posse sobre as novas lavras. Em 1722, ocorreu a descoberta de um dos veios auríferos mais importantes da área, no local denominado Tanque do Arnesto, por Miguel Sutil, que aportara em Cuiabá com o intuito de dedicar-se à agricultura. Com a propagação de que constituíam os veios mais fartos da área, a migração oriunda de todas as partes da colônia tornou-se mais intensa, fato que fez de Cuiabá, no período de 1722 a 1726, uma das mais populosas cidades do Brasil, na época.


Fonte: www.mteseusmunicipios.com.br/historia

Lançamento de livro didático de História de Mato Grosso


Fazendo parte das homenagens pelo 290º aniversário de Cuiabá, a editora KCM lançou no mês de março a segunda edição do livro “História de Mato Grosso”, do professor e historiador Pedro Carlos Nogueira Felix. a Referida obra é fruto de nove anos de pesquisas. O trabalho apresenta um panorama de Mato Grosso desde os seus primórdios coloniais, com a disputa envolvendo portugueses e espanhóis pela posse do território do Novo Mundo se estendendo até os dias atuais, na administração do governador Blairo Maggi. A obra contextualiza a história de Mato Grosso à história do Brasil e às relações sociais e políticas ao longo dos séculos XVIII, XIX, XX e ínicio do XXI. Também descreve a ocupação territorial, os conflitos, a exploração das terras, a utilização de diversas formas de mão-de-obra, das riquezas naturais, a organização da sociedade mato-grossense e os investimentos efetuados no estado.

A nova edição traz uma unidade extra voltada para a análise geografia regional que foi elaborada pela professora mestra Gisele Dalla Nora Felix.

Segundo os autores, o livro tem como público-alvo o estudante de Ensino Médio, pré-vestibulandos e candidatos que se preparam para prestar concursos públicos nesta região.

A iniciativa dos autores é louvável, entretanto acreditamos que poderiam se esmerar mais e produzir uma obra com mais profundidade, que não ficasse apenas na abordagem superficial de temas tão relevantes da historiografia regional. O livro tem aspecto de apostila de cursinho, a qualidade do material é questionável, impresso em preto e branco. Um outro fator negativo da obra é a ausência de uma revisão mais apurada, visto que em corpo textual verificamos uma série de erros ortográficos, isso sem falar em uma série de informações equivocadas, que acreditamos ter sido ato falho dos autores, só para ilustrar alguns, podemos citar o fato do antigo nome de Poconé ser mencionado como São João Del Rei, quando o correto é São Pedro Del Rei, em outro dado momento afirma-se que o ex-governador Totó Paes foi assassinado em Chapada dos Guimarães e não no Coxipó do Ouro, mais a frente menciona que Blairo Maggi derrotou o PSDB em 1998 quando todos sabemos que esse fato ocorreu no ano de 2002.

Nesse trabalho foram incluídos exercícios com respostas comentadas, diga-se de passagem que algumas delas deixam furo e pode até confundir o leitor.

Para finalizar o preço do livro é exorbitante se formos levar em consideração a qualidade do material e seu conteúdo, trinta e cinco reais é facada.