domingo, 26 de abril de 2009

INFORME PUBLICITÁRIO - CUIABÁ 290 ANOS



Ontem, hoje e sempre, a cidade verde
Texto: Thaís Raeli

Panorâmica do centro de Cuiabá


Por muitos anos pacata e até mesmo esquecida no centro geodésico da América Latina, a cidade de Cuiabá, capital mato-grossense, comemora no próximo dia 8 de abril mais um aniversário. São 290 anos rumo ao progresso. Trânsito intenso, prédios altos, muita gente pelas ruas pensando em trabalho e muita dessa gente que veio de fora. É a cuiabania abrindo espaço para os migrantes de toda brasilidade que consomem as tradições locais e deixam também sua marca. Apesar de estar localizada no coração do Brasil, a capital mato-grossense sofreu com o isolamento. Importante elo com a maioria das regiões brasileiras, o Centro-Oeste tem uma localização estratégica, já que as rodovias federais que passam por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal são responsáveis pela circulação de grãos e agropecuária para os principais centros consumidores do país. Este especial publicitário traz entrevistas de personalidades de Cuiabá em comemoração aos seus 290 anos, mas já de olho no futuro. A partir de agora, começa a contagem regressiva para os três séculos de história. E nesse ritmo pujante, a solidão de anos passados foi substituída pelo vai-e-vem de gente. O fluxo de passageiros no Aeroporto Internacional Marechal Rondon, que é o principal do Estado, é um bom reflexo disso. Mesmo com a crise aérea nacional de 2007, mais de 1 milhão de passageiros passaram por lá. Ano passado registrou um crescimento de 30%. Situado em Várzea Grande, cidade vizinha, o aeroporto fica distante cerca de 8 quilômetros do centro da capital mato-grossense.
Mapa rodoviário de Cuiabá

Um ritmo desacelerado


Livro Fundação de Cuiabá, de Moacyr de Freitas

Era uma vez uma vila quase fantasma, mas estrategicamente localizada nas margens do Rio Cuiabá. Sua facilidade de acesso às águas garantia a comunicação com a região do Pantanal, zona
de criação de gado bovino. Fundada em 1719 pelos bandeirantes Pascoal Moreira Cabral e Miguel Sutil, nas beiras do Córrego da Prainha, seus descobridores se encantaram com o ouro. Conta a lenda popular que, diferentemente de Minas Gerais, as pepitas brotavam nas ruas e no quintal das casas. A então “Lavras do Sutil” atraía povoadores provenientes tanto da Europa como dos estabelecimentos agrícolas do litoral do país. Com o passar dos anos, sua riqueza se esgotou e o arraial que ia se formando começou a entrar em decadência a partir da segunda metade do século XVIII. Na antiga Cuiabá não se trancava a porta da casa e o comércio e órgãos públicos fechavam no horário entre 11h e 14h. Era hora do almoço e o calor escaldante dava aos cuiabanos um ritmo menos acelerado no momento que o sol é mais cruel. Dava tempo de almoçar com a família e dormir depois da refeição, como fazem os espanhóis em suas “siestas”. Hoje em dia, algumas portas de lojas ainda se fecham e as ruas de comércio ficam vazias nesse horário. Muitos ainda preservam o hábito de irem almoçar no aconchego do lar, mas existem, como opção, os três shoppings da cidade que são os locais de concentração de gente entre o finalzinho da manhã e o comecinho da tarde.

Centro de Cuiabá em meados do século XX

Rumo aos 300 anos Avenida do CPA (Historiador Rubens de Mendonça)

Hoje, rumo aos 300 anos, o fluxo intenso de carros segue na Avenida da Prainha, no sentido do Centro Político-Administrativo (CPA), e lá se encontra o que há de novo. É a verticalização dos imponentes prédios da Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), lugar preferido para os migrantes sulistas adquirirem a residência própria. Apesar de a conjuntura internacional apontar a crise, o setor de construção civil está indo bem. Os apartamentos de dois ou três quartos, com espaçosas varandas e suas churrasqueiras, estão com grande procura entre as famílias de classe média, que através das facilidades do financiamento estão investindo entre R$ 80 mil e R$ 150 mil nesse tipo de imóvel. A busca por esses grandes prédios tem mudado a identidade da antiga Cuiabá. Os quintais das casas e as famílias numerosas faziam do espaço ao ar livre um local de encontro de amigos e parentes, onde se reuniam para o churrasco com mandioca e a cerveja bem gelada para driblar o calor que chega a ultrapassar os 45º graus.
“Cuiabá não é calorenta, é calorosa”, disse o diretor da Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Jaime Okamura, ao afirmar que a capital mato-grossense é conhecida em todo o Brasil pela temperatura máxima dos termômetros. Jaime aproveita a expressão para elogiar a hospitalidade do povo cuiabano, que recebe bem seus migrantes, uns que chegam e criam raízes e outros que rapidamente passam. Segundo o diretor, é preciso entender que a Cidade Verde não tem como característica um turismo de férias, como no Rio de Janeiro ou em Salvador. Mas, durante todo o ano o setor de negócios e a prestação de serviços fomentam a economia, ou seja, para Okamura, é disso que vive a Capital, desse entra-esai de gente, e não da agricultura, como os outros municípios de Mato Grosso.


Reviravolta

A reviravolta da monótona Cuiabá teve início na década de 1970, quando o governo federal iniciou um programa de povoamento do interior do país, oferecendo vantagens aos que para lá se mudassem. Em 1970, a Cidade Verde tinha 100.860 habitantes, na década de 1980, o total chegava a 212.984, e no final dos anos 1990 somava 453.813. Hoje, de acordo com o último censo do IBGE, publicado em 2007, são 528 mil habitantes, mas a Capital mantém seu crescimento populacional, não no mesmo ritmo de décadas anteriores, ainda assim, acelerado. Contudo, a estimativa é de alcançar 800 mil na comemoração dos três séculos, em 2019. Desde então, essa migração está redesenhando a estrutura da cidade e substituindo as espaçosas casas. Nos arredores das universidades encontram-se as quitinetes para alugar, numa média de preço de R$ 400,00; com capacidade para acomodar um estudante. Profissionais em busca de melhores oportunidades de trabalho também fazem essa opção, por ser uma solução rápida e mais barata.
Um recente estudo da professora Sônia Regina Romancini, coordenadora do Grupo de Estudos sobre Cidades e Novas Territorialidades (UFMT/CNPq), revela a nova identidade cuiabana através do olhar arquitetônico. O levantamento abrange a explosão demográfica, o aumento populacional que ocorreu no município de Cuiabá nas últimas décadas e as propostas dos planejadores urbanos para direcionar seu crescimento. Baseada em geógrafos, arquitetos e urbanistas, a professora aborda um tema que é a preocupação das autoridades de Cuiabá, inúmeras vezes citado pelo atual prefeito, de Cuiabá, que é o crescimento que ocorreu sem planejamento.
Para Sônia, com o recente o aumento populacional os novos loteamentos começaram a surgir além da então “avenida-limite” Miguel Sutil, beneficiando os proprietários de terras. Além dos loteamentos aprovados pela prefeitura a cidade expandiu-se em consequência dos loteamentos irregulares e das ocupações urbanas. A estimativa, segundo dados da prefeitura, é de que pelo menos 40% dos bairros não estejam regularizados. De acordo com Sônia, apesar do grande crescimento, a cidade é fragmentada por espaços descontínuos e também é fragmentada socialmente, porque as classes sociais consomem parcelas diferenciadas. A professora identifica a cidade como uma metrópole regional, já que é referência em diversos setores para o interior, para outros Estados e para os países vizinhos. Ela exemplificaa busca pela saúde, educação, serviços que sobrecarregam a cidade que mal dá conta de sua própria demanda. Apesar dos problemas da cidade, a professora destaca a generosidade dos cuiabanos e seus espaços de festas, especialmente as do catolicismo popular, e as danças do Cururu e Siriri. Essa paisagem simbólica, que remete à identidade cuiabana, revela o patrimônio cultural que propicia um elo entre o passado, o presente e o futuro da cidade.


Centro da cidade de Cuiabá durante a década de 1980.

Festival de Cururu e Siriri em Cuiabá






Cuiabá, a porta de entrada

Mato Grosso vive um momento muito especial no turismo de negócios. O Estado sempre foi conhecido pelos atrativos do Pantanal e da Chapada dos Guimarães. Hoje esses dois destinos estão sendo fortalecidos com o programa de regionalização, que está colocando novas opções na cesta de oferta de produtos turísticos. O programa de capacitação da melhoria da qualidade do serviço turístico e capacitação de milhares de profissionais são demandas antigas que finalmente estão sendo atendidas. Existe uma política pública direcionada para o desenvolvimento à capacitação e à promoção do Estado. Com isso, a região ganha profissionalismo e mais envolvimento do trade turístico. As próprias operadoras hoje são mais preparadas para vender o produto turístico, porque o papel do Estado é promover, divulgar institucionalmente. Atualmente, o mercado exige mais que o potencial, ou seja, infraestrutura de pousada, cachoeira, um parque bem preparado, com condições de transporte, mão-deobra qualificada para receber o visitante. Cuiabá hoje é uma cidade rica em sua beleza natural e também histórico-cultural. É o portal de entrada de Mato Grosso, juntamente com Várzea Grande. A capital dispõe de capacidade e condições de absorver esse turista, fazer com que ele sinta vontade de permanecer em Cuiabá, conhecer a vida, a existência. A noite cuiabana é um atrativo à parte. Alegre, diferente e acolhedora. Nesse caminho, a Cidade Verde tem tudo para ser um centro receptor e tem se firmado como centro de turismo de negócios e eventos, porque tem infraestrutura, recebe grandes eventos, tem rede hoteleira e é o ponto de partida para distribuir os turistas para os vários roteiros de Mato Grosso. Mato Grosso tem ocupado um lugar bem confortável no ranking brasileiro de recepção de turistas. O Centro de Eventos do Pantanal trabalha o ano todo com uma agenda de eventos, muitos deles se enquadram no turismo de negócios. Além de oferecer muitos shows, nacionais e internacionais, que não deixam de ser negócios, uma vez que cada um deles traz para Cuiabá dezenas de pessoas de todo o interior e de Estados vizinhos.
Nesse foco, a rede de hotelaria tem investido e nos próximos dias será inaugurado um novo empreendimento cinco estrelas. Alguns hotéis da capital estimam que cerca de 80% da ocupação são de turistas de negócios.



Centro de Eventos do Pantanal.

Turismo de negocios e eventos somam RS 19 milhões

As demandas por investimentos em infraestrutura e os atrativos da diversidade cultural e ambiental de Mato Grosso (Amazônia, Cerrado e Pantanal) têm incrementado recentemente o turismo de negócios e eventos no Estado. No ano passado, o segmento gerou cerca de 12 mil empregos e um impacto de R$ 19,06 milhões na economia local. Em 2007, o movimento do turismo de negócios e eventos atingiu R$ 18,269 milhões, segundo dados do Sebrae/MT.
Em apenas um caso, em 2008, por exemplo, a Expo Brasil Desenvolvimento Local, atividade realizada pela instituição, governo de Mato Grosso e Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS), no Centro de Eventos do Pantanal, proporcionou público nacional e internacional de 12 mil pessoas em três dias. Um recorde para uma atividade realizada desde 2002 e cujo pico de participação chegou a 3 mil pessoas em capitais e metrópoles do Brasil. O Sebrae atua como uma das difusoras desse tipo de turismo em Mato Grosso devido ao centro de que dispõe com capacidade total para cerca de 10 mil pessoas simultaneamente em seus espaços de pavilhão de feiras, salas e auditórios. De acordo com dados da instituição, foram realizados no ano passado em seu espaço 249 eventos em Mato Grosso, dos quais 57 identificados como convenções e congressos. O volume de atividades proporcionou a participação total de 329.675 pessoas – contra 302.508 pessoas há dois anos.


Presidente Lula em visita à Cuiabá e o prefeito Wilson Santos, ao lado.

De Rondon ao Museu das Pedras

As demandas por investimentos em infraestrutura e os atrativos da diversidade cultural e ambiental de Mato Grosso (Amazônia, Cerrado e Pantanal) têm incrementado recentemente o turismo de negócios e eventos no Estado. No ano passado, o segmento gerou cerca de 12 mil empregos e um impacto de R$ 19,06 milhões na economia local. Em 2007, o movimento do turismo de negócios e eventos atingiu R$ 18,269 milhões, segundo dados do Sebrae/MT. Em apenas um caso, em 2008, por exemplo, a Expo Brasil Desenvolvimento Local, atividade realizada pela instituição, governo de Mato Grosso e Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS), no Centro de Eventos do Pantanal, proporcionou público nacional e internacional de 12 mil pessoas em três dias. Um recorde para uma atividade realizada desde 2002 e cujo pico de participação chegou a 3 mil pessoas em capitais e metrópoles do Brasil. O Sebrae atua como uma das difusoras desse tipo de turismo em Mato Grosso devido ao centro de que dispõe com capacidade total para cerca de 10 mil pessoas simultaneamente em seus espaços de pavilhão de feiras, salas e auditórios. De acordo com dados da instituição, foram realizados no ano passado em seu espaço 249 eventos em Mato Grosso, dos quais 57 identificados como convenções e congressos. O volume de atividades proporcionou a participação total de 329.675 pessoas – contra 302.508 pessoas há dois anos. A cidade cosmopolita carrega cuiabanos de todas as identidades. Alguns deles se destacam pela dedicação e pelo amor à terra em que nasceram. É o caso do agrimensor Ramis Bucair, criador do Museu de Pedras que leva seu nome. Em homenagem à sua cidade natal, no dia 08 de abril de 1959, por ocasião dos 240 anos da Fundação de Cuiabá, Ramis abriu as portas para o público visitar sua coleção particular. São cartas e mapas antigos, artefatos indígenas, animais empalhados, fósseis de peixes, crustáceos, pedras com inscrições rupestres. Muitos tipos de rochas, pedras preciosas e semipreciosas, aspectos da formação geológica de Mato Grosso, recolhidas por Bucair em suas andanças pelo Estado. De lá para cá, são 50 anos de museu, comemorados na data do aniversário de Cuiabá, e o agrimensor se orgulha de ser testemunha viva da importância do trabalho de demarcação, realizado pelo Exército Brasileiro através do Marechal Cândido Rondon.
Em seu escritório, ele que é espeleólogo, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, fundador e atual presidente da Sociedade dos Amigos do Marechal Rondon e do Museu de Pedras Ramis Bucair, guarda como um troféu valioso o teodolito, equipamento que o Marechal Rondon usou percorrendo 8 mil quilômetros instalando a linha telegráfica e desbravando cerca de 500 mil quilômetros quadrados do Centro-Oeste brasileiro. Ao lado de seu troféu fica pendurado na parede o mapa de Mato Grosso, batizado à época com o nome de “Carta
do Estado de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas”, autografado por Rondon. Apesar de tanta história para contar, Bucair não faz o tipo saudosista e quer ver seu berço progredir. Ele estima que Cuiabá tenha, rumo aos seus 300 anos, um crescimento que nunca se viu antes na história.
História preservada

Em 1971 o 9º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) se instalou em Cuiabá com o objetivo de construir e pavimentar a BR-163, que liga Mato Grosso a Santarém, no Pará, e de conservar a BR-364 MT. Com a tarefa concluída, civis e militares continuaram na capital mato-grossense realizando diversas obras no Estado e na Capital. Desde então, os militares preservam a história da Cidade Verde e de Mato Grosso. Nesse espaço histórico está registrado o legado para que as novas gerações conheçam sua trajetória. Para o comandante do batalhão, tenente-coronel Fernando Miranda do Carmo, o passado deve ser o alicerce para a construção do presente e do futuro. Em Cuiabá, o BEC realizou algumas obras: Praça das Bandeiras, Estação de Tratamento D’água do Tijucal e casas do bairro Pedra 90. Na cidade vizinha, o antigo aeroporto de Várzea Grande também é obra do Exército. “Onde há um batalhão de engenharia de construção existe a possibilidade de diversas parcerias - municipais, estaduais e federais - que permitem a participação ativa na vida da comunidade”, disse o comandante. No início da década de 1970, por ocasião da abertura da BR-163, houve a necessidade de destacamentos, locais onde os efetivos do batalhão ficavam estacionados. Além das mudanças significativas na capital, diversas cidades do norte do Estado tiveram a partir daí seu surgimento, como no caso de Sinop e Lucas do Rio Verde. Com a implantação da rodovia, diversas pessoas, sobretudo do sul do país, vieram “arriscar” a vida ao longo da BR-163, que ainda hoje segue em obras no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Diversos servidores civis que vieram do Rio Grande do Sul e de outros Estados com o batalhão, ao se aposentarem também passaram a residir em Cuiabá e em outras cidades de Mato Grosso.
“Somos nós cuiabanos uma raça em extinção. Mas, isso não tem jeito, já faz algum tempo que começou a miscigenação e isso não é uma perda, é simplesmente uma nova identidade. Cuiabá é essa mistura, é terra de toda gente”, disse Bucair. O histórico cuiabano preserva hábitos antigos e é frequentador assíduo do bar mais tradicional da capital. Aos sábados e domingos, mais precisamente na mesa 19, ele está lá, reencontrando velhos e novos amigos, e faz questão de olhar ao seu redor e constatar que a quantidade de forasteiros é muito mais do que os “tchapa e cruz” (cuiabanos de famílias tradicionais).

Dos bororos aos migrantes

Cuiabá, dos Bororos, Ykuiapá - Rio do Chão de Estrelas, fundada em 1719 por Miguel Sutil, tem diversos outros nomes: Cidade Verde, Noiva do Sol, Morada do Ouro, Capital do Pantanal. Em 14 de agosto de 1968, com duas descargas de dinamite, vieram abaixo os paredões de barro e cascalho socados, do principal patrimônio histórico colonial de Cuiabá, a Igreja Matriz do Senhor
Bom Jesus de Cuiabá, representando um marco na modernização urbanística da cidade. Na década seguinte, Cuiabá sofre os impactos das transformações do Centro-Oeste Brasileiro, como a construção de Brasília e os Programas de Integração Nacional dos Governos Militares.
O sonho de grande cidade foi mudando a face de Cuiabá. Quem antes deixava o arroz cozinhando na panela enquanto ia pegar o peixe no Rio Cuiabá, hoje compra peixes de tanque. A cidade foi aos poucos se tornando uma terra de oportunidades para todo o Brasil, lugar de aventureiros e de enriquecimento fácil no imaginário popular, a própria reinvenção do mito do Eldorado Perdido que motivou as descobertas de ouro nessa região em 1719 pelo bandeirante Pascoal
Moreira Cabral. Esse pedacinho da história é contato pelos professores universitários Suelme Evangelista Fernandes, mestre em história, e por Marta Maria Darsie, doutora em educação
pela UFMT. “Na época da destruição da matriz, os poucos habitantes não nascidos na cidade eram identificados pela cultura popular como paus-rodados, hoje em dia esse grupo cresceu tanto que já não seria possível identificar quem aqui nasceu ou quem na cidade chegou”, disse Suelme.
Os antigos casarios coloniais foram aos poucos perdendo espaço. O sonho da realização profissional traz muita gente de fora, que ao chegar é acolhida e ainda encontra o jeito cuiabano de falar e de viver. No meio dessa miscigenação cultural ainda se mantém a devoção ao negro São Benedito, apreciam-se o suco de caju, o guaraná ralado, a paçoca de pilão, a cabeça de pacu (peixe típico do Pantanal), a farofa de banana, a Maria Isabel (arroz com carne-de-sol), e as tradicionais manifestações musicais, como rasqueado, siriri e cururu.
Apesar do nítido desenvolvimento do setor de serviços, base econômica atual do município, movimentado pelo agronegócio, a cidade ainda possui grandes possibilidades econômicas, tendo como uma das alternativas o beneficiamento da produção agrícola, principalmente da soja e do algodão, motivando seu processo de industrialização.
“Após quatro décadas a cidade se transformou, de uma modesta capital do interior do Brasil com hábitos e costumes pantaneiros, numa cidade moderna e arrojada com mais de 500 mil habitantes. Cuiabá dos filhos cuiabanos aqui nascidos e filhos adotados – advindos das diversas regiões do país, a Cuiabá de todos nós”, completou a professora Marta.
Cuiaba Cuiabá e o sonho da industria O processo de industrialização e o turismo para a geração de empregos para a população cuiabana é uma das necessidades urgentes apontadas pelos moradores da capital. Geração de emprego e renda para melhoria da qualidade de vida é uma das apostas que faz a professora Marta Maria Darsie para o futuro de Cuiabá, e acrescenta: “A educação tem papel fundamental nesse processo”. O historiador Suelme, ao relembrar a história de Cuiabá, manifesta a importância da preservação de suas raízes e da memória na revitalização dos espaços públicos, “em especial do Centro Histórico da capital”, diz ele. A indústria é um grande sonho, assim como a enorme vontade de ver consolidado o turismo ecológico, já que Cuiabá é o portal de entrada de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Pantanal, além de estar localizada a 60 quilômetros do Município de Chapada dos Guimarães, um dos mais bem conservados parques ecológicos brasileiros. Apesar de ser responsável pela parte cultural da capital pantaneira, o historiador Paulo Pitaluga Costa e Silva, secretário estadual de Cultura, comunga da mesma opinião. Paulo é autor de 23 obras sobre as peculiaridades da história e do comportamento de Mato Grosso. Ele faz uma projeção futurista e participa do sentimento comum da população de que é importante incentivar o crescimento de indústrias em Mato Grosso. Para o secretário, a “Copa do Pantanal” trará investimentos em infraestrutura, como a construção de viadutos e metrô de superfície, e mudará todo o rumo, que ficará marcado na história como o “antes” e o “depois” de Cuiabá. A estimativa inicial são investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão na preparação da cidade para a “Copa do Pantanal”, que prevê a ampliação do aeroporto e a inclusão de voos internacionais, a vinda da Ferronorte, a revitalização do Centro Histórico e os investimentos na infraestrutura urbanística.

Ferronorte

Trilhos da Ferronorte




O escritor e engenheiro Euclides da Cunha já previu para Mato Grosso a ideia da implantação da ferrovia e da ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, em 1901. A concretização do sonho da implantação da ferrovia do Porto de Santos até Mato Grosso é o resultado da luta do falecido exsenador Vicente Vuolo. Ele obteve a aprovação de um projeto nesse sentido quando era deputado federal, em 1975, mas até hoje entraves burocráticos e políticos não sustentaram o sonho. Apesar da aprovação do projeto, a licitação da obra só correu em 1989 e a inauguração em 1998. Existem quatro terminais de carga da Ferronorte em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: Inocência e Chapadão do Sul (MS) e Alto Taquari e Alto Araguaia (MT). O projeto prevê a continuação da linha pelo Porto de Santarém, no Pará, indo até o Porto de Vitória (ES), através de ligação com a malha ferroviária de Minas Gerais. A chegada da ferrovia terá grande impacto na Capital, que já é a maior arrecadadora de tributos de Mato Grosso. É o que defende a maioria da bancada parlamentar do Estado, discurso reiterado como o “futurismo” para Cuiabá, pelo arquiteto, urbanista e professor universitário José Antônio Lemos. O professor defende com paixão a ferrovia desde meados da década de 1970 e manteve o discurso quando estava na Comissão da Divisão do Estado (1977). Lemos afirma que Cuiabá está no seu terceiro grande salto da história e dessa vez rumo ao desenvolvimento e sem pé no freio. Durante a entrevista e também em artigos publicados na Capital ele avalia “a mais viável das ferrovias como a espinha dorsal do Estado”.

Mapas da Ferronorte

Em 2009 são comemorados 20 anos do contrato de concessão da Ferronorte, que prevê sua extensão até Cuiabá. O contrato com a então Brasil Ferrovias foi firmado em 1989 e tem validade de 90 anos - prorrogáveis por mais 90. A extensão total do trecho concedido à Ferronorte, empresa hoje pertencente à América Latina Logística (ALL), soma 5.228 quilôme-tros. Desses, 975 km são no trecho Cuiabá-Alto Araguaia-Aparecida do Taboado (MS); 771 km entre Alto Araguaia e Uberlândia (MG); 1,5 mil km de Cuiabá a Porto Velho (RO) e 2 mil km entre Cuiabá e Santarém (PA). O professor vê a expansão econômica de Cuiabá num caminho que não esbarra nem nos obstáculos da crise econômica mundial, só mesmo nas divergências políticas que emperram o fornecimento de energia e o gasoduto, da mesma forma que acontece com a Ferrovia Vuolo. “Cuiabá não será necessariamente uma cidade grande, mas será uma grande cidade”, completa José Antônio.

sábado, 25 de abril de 2009

LEITURA DINÂMICA - MONÇÕES

MONÇÕES







Nas páginas deste livro, o historiador Sérgio Buarque de Holanda não teve o propósito de tentar uma história sistemática e rigorosamente cronológica das monções setecentista. Nem era sua intenção separá-las de um estudo onde, em quadro mais amplo, se analisassem aspectos significativos da implantação e expansão, em terra brasileira, de uma civilização adventícia. Aqueles aspectos, precisamente, em que tal civilização, colocada perante contingências do meio, pode aceitar, assimilar e produzir novas formas de vida, revelando-se até certo ponto criadora e não somente conservadora de um legado tradicional nascido em clima estranho.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

HISTÓRIA NA IMPRENSA - ACUSADOS SÃO MEMBROS DA ELITE CUIABANA

Acusados são membros da elite cuiabana

Da Reportagem

Acusados de liderar a rebelião, os cinco presos em 31 de outubro ocupam cargos importantes na sociedade cuiabana, inclusive entre o Legislativo e o Judiciário. Conforme adiantou o Presidente da Província, o julgamento do grupo será no Superior Tribunal de Justiça, no Rio de Janeiro. Todos são membros fundadores da Sociedade Zelosos da Independência, criada em 24 de agosto de 1833, e ligada por princípios à Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência Nacional (RJ), de orientação também nativista, mas moderada. Talvez por isso tenham sido os próprios companheiros de agremiação os signatários das duas representações que os levariam ao calabouço do quartel da Guarda Municipal. São eles: José Jacinto de Carvalho – Membro do Conselho do Governo Provincial e Promotor Público em Cuiabá, Secretário Geral e membro da Junta de Fazenda, comandante da 2ª Companhia da Guarda Nacional. José Alves Ribeiro – fazendeiro. Pascoal Domingues de Miranda – Juiz de fora Braz Pereira Mendes – Professor de lógica, comerciante, magistrado e presidente da Câmara Municipal de Cuiabá. Bento Franco de Camargo – Vereador em Cuiabá. (RV)
Posição de Poupino é contraditória
É contraditória a posição do ex-presidente da província, João Poupino Caldas, ao exigir da justiça a punição exemplar dos responsáveis pela rebelião de Maio. Relembrando os pormenores do ocorrido, o Tenente da 6ª Cia. poderá estar atirando no próprio pé. Isto porque Poupino foi membro ativo das discussões que antecederam o massacre promovido pelos “Zelosos da Independência”, mais e mais acaloradas a partir do pedido de afastamento do então presidente Antônio Corrêa da Costa, e a entrada de André Gaudie Ley, um “bicudo”, em seu lugar. Quando a rebelião já se mostrava inevitável, seria Poupino quem, dois dias antes, assumiria o cargo em questão, numa clara tentativa de acalmar os ânimos radicais. É de se duvidar que, àquele momento, o astuto “Zeloso” ignorasse o que estava por vir. Finda a matança, Poupino permitiu que o governo paralelo, entrincheirado no quartel da Guarda Municipal continuasse ditando sua Lei por três meses, de maio a setembro, até que as circunstâncias o impelissem a comunicar a situação à Regência – a notícia chegou à Província de Goiás. Se for mesmo sério, o processo judicial terá de incluir mais tarde o ex-presidente, não mais no rol de testemunhas. (RV)
Fonte: Diário de Cuiabá: Edição nº 9916 08/04/2001

HISTÓRIA NA IMPRESA -DA BELLA DO JUIZ AO LARGO DA SÉ

Da Bella do Juiz ao Largo da Sé

Da Reportagem
Rua Bella do Juiz, Campo do Ourique. Foi exatamente desse local que partiram os rebeldes na noite do dia 30 de maio, em duas colunas com cerca de 40 homens cada, em direção ao Largo da Sé.
Touradas realizadas no Campo do Ourique
“Abaixo a regência! Morte aos bicudos!”, gritavam, sob o comando do tenente Sebastião Rodrigues da Costa, da Guarda Nacional, e o ajudante Eusébio Luís de Brito. Passava das nove da noite quando o grupo tomou de assalto o Quartel dos Municipais Permanentes. Além de ser uma base segura de operações, o quartel interessava, principalmente, por ser também o depósito oficial de armas e munição da cidade. Três peças de artilharia pesada foram postas na entrada do quartel. O armamento leve foi então distribuído entre as escoltas, que partiram em silêncio para ocupar pontos chave do ataque, localizados no perímetro compreendido pelas ruas de Baixo, do Meio e de Cima – onde morava a maioria dos “Bicudos”. Bastava apenas esperar o sinal combinado, a badalada da meia noite. Não tardaria a iniciar a matança, aberta a gritos de ordem, toques de corneta e sinais de fogo. A cavalo ou a pé, os rebeldes arrombaram as portas de casas e estabelecimentos comerciais à procura dos que haviam sido condenados, previamente, à morte. Como prova da missão cumprida, tinham a incumbência de trazer uma orelha de cada “bicuco” morto, ao comando da rebelião, no quartel. E assim o fizeram. A outro grupo, acrescido de indigentes e populares sem a menor idéia do que motivava tanta selvageria, interessava somente saquear as casas, repletas de artigos de luxo trazidos da Europa. No dia seguinte, ainda com corpos mutilados nas ruas, o grupo rebelde, protegido em sua fortaleza, instaurou um governo paralelo, cuja primeira medida coroaria todo o plano: em 24 horas, todos os nascidos em Portugal, menores de 60 anos, teriam que deixar a província.(RV)
A rua Bella do Juiz é hoje a Barão de Melgaço. As ruas de Cima, de Baixo e do Meio correspondem, respectivamente, às ruas Pedro celestino, Galdino Pimentel e Ricardo Franco.

HISTÓRIA NA IMPRESA - EPISÓDIO OPÔS GRUPOS RIVAIS

Episódio opôs grupos rivais

Da Reportagem


A rebelião de maio pintou com sangue o quadro de uma disputa política que remonta à Independência do Brasil, já provocou a abdicação de Dom Pedro I e poderá impedir que Pedro Alcântara, seu filho, assuma o trono quando completar a maioridade.

Também revelou que, por entre as hostes conservadora e liberal, não existem apenas duas vertentes de pensamento e concepção do futuro. Os conservadores, chamados caramurus, representam a elite portuguesa que, desde a chegada das primeiras caravelas, detém os todos meios para obtenção do poder político e, por conseqüência, econômico no país. Defendem a permanência dos Bragança e, de quebra, dos privilégios de que sempre gozaram. Os liberais ou nativistas, como são chamados, querem que o país seja comandado por e para brasileiros, seja lá o que isso for.

Também representam uma elite, posto que ocupam cargos de mediano prestígio na sociedade, mas almejam o espaço ocupado há tempos pelos brasileiros “adotivos”. Entre estes há os moderados e os radicais. Os primeiros querem apenas o poder político, confiantes que, mais cedo ou mais tarde, isso lhes traga o domínio econômico. Os demais defendem a necessidade de expulsar – ou matar, se for preciso - todos os caramurus. Sucursais mato-grossenses das duas facções nacionais, e subdivisões, as sociedades “Filantrópica” e “Zelosos da Independência – conservadora e liberal, respectivamente - é que protagonizaram as cenas de violência da noite de 31 de maio último, dos quais seriam vítimas os integrantes da primeira - em sua maioria, grandes comerciantes portugueses, do ramo de importação e exportação. O “racha” na facção liberal ficou claro no dia da rebelião armada, quando João Poupino Caldas, fundador da “Zelosos da Independência” e recém-empossado presidente da Província, na tentativa de impedir a matança, acabou ameaçado por um de seus companheiros de agremiação. “Vais nos trair?”, teria perguntado, arma em punho, um nativista radical. A rusga começou ali. (RV)

Cuiabá antiga



Fonte: Edição nº 9916 08/04/2001

HISTÓRIA NA IMPRESA - AUTO-SUMÁRIO VAI APURAR MATANÇA DE ESTRANGEIROS


Auto-sumário vai apurar matança de estrangeiros

Acusados de comandar a rebelião armada, em 31 de maio, já estão detidos por ordem do presidente
RODRIGO VARGAS
Da Reportagem


Moacyr de Freitas - Quadrinhos históricos

Cuiabá, 4 de novembro de 1834 – Atendendo à representação do Promotor Público Joaquim Fernandes Coelho, o Juízo de Paz do 1º Distrito iniciou ontem o Auto-sumário Crime para apurar as circunstâncias da rebelião armada que, na madrugada do dia 31 de maio, tomou de assalto prédios públicos, arrombou e saqueou casas comerciais e matou pelo menos 40 estrangeiros em Cuiabá. Antes mesmo da sentença, já estão presos no calabouço do Quartel da Guarda Municipal os cinco acusados pela Promotoria de liderar o movimento. São eles o fazendeiro José Alves Ribeiro, o capitão da Guarda Nacional José Jacinto de Carvalho, o bacharel Pascoal Domingues de Miranda, o professor de filosofia Braz Pereira Mendes e o vereador Bento Franco de Camargo.
Quartel da Guarda Municipal em Cuiabá
As prisões teriam sido feitas “à ordem da regência e pelo povo em massa”, conforme justificou o novo Presidente da Província, Antônio Pedro de Alencastro. Os cinco “cabeças do movimento”, como diz a denúncia da Promotoria Pública, serão encaminhados para o Rio de Janeiro e julgados pelo Superior Tribunal de Justiça. As vinte e quatro testemunhas arroladas pela acusação devem ser ouvidas nos próximos dias pelo juiz de Paz, Antônio Rodrigues do Prado. O juízo também designou dois peritos carpinteiros para que seja feito o exame de corpo de delito direto nas portas e janelas das doze casas que teriam sido arrombadas pelos revoltosos, para avaliar os prejuízos causados naquela noite. Segundo estimativas extra-oficiais, o valor dos estragos supera os 100 contos. “É desconhecido na história dos povos civilizados o vandalismo que os habitantes desta cidade chegaram a ver na noite do dia 30 de maio do corrente ano. Dia em que todos os princípios subversivos e medidas tirânicas deram a luz danadas intenções de homicídios, saques, roubos, cortamento de membros do corpo, devastando uma porção de habitantes”, diz um trecho de uma das duas representações populares que moveu a promotoria a agir. As representações acusam ainda o poder judiciário de omissão e conivência para com os envolvidos. “As pessoas que são abrigadas pela Lei a vigiar e promover a boa ordem, quando não aplicam os meios possíveis para prevenir o crime, o seu delito é muito mais grave”, diz um trecho. “A firmeza que deveria apresentar o Promotor Público José Jacinto de Carvalho, ficou degenerada em fraqueza e comiseração com os facinorosos até agora, deixando os cidadãos expostos a todos os males”. Entre as assinaturas que acompanham ambos os documentos, figura em primeiro lugar a de João Poupino Caldas, 46 anos, que subiu à Presidência da Província dois dias antes da rebelião, e um dos membros fundadores da Sociedade dos Zelosos da Independência, berço ideológico da rusga que chocou a cidade (ver matéria). Para justificar sua posição, Poupino Caldas alega que o cânone liberal sobre o qual a “Zelosos da Independência” foi erguida não trazia nenhum elemento que pudesse ser relacionado à violência que explodiu em maio (ver matéria). Os cinco acusados, diz, é que o teriam interpretado conforme suas tendências radicais e conspiradoras. “Assim como no corpo humano se devem cortar os membros podres para não infeccionarem o indivíduo, da mesma sorte é necessário lançar para fora da Província aqueles membros, cabeças de toda a desordem”. O Auto-sumário Crime puniu apenas soldados e populares que participaram dos arrombamentos e saques. Dos cinco líderes presos e enviados ao Rio de Janeiro, José Álvaro Ribeiro e José Jacinto, retornaram inocentados a Mato Grosso. Os outros três foram soltos, sendo que Pascoal Domingues de Miranda ficou na cidade carioca.


Fontes: Elizabeth Madureira Siqueira, “A Rusga em Mato Grosso” e “O Processo Histórico de Mato Grosso”; Valmir Batista Corrêa, “Mato Grosso: 1817-1840 e o papel da violência no processo de formação e desenvolvimento da Província”.



Edição nº 9916 08/04/2001
Fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/

HISTÓRIA NA IMPRENSA - EXPLORAÇÃO USAM RIO TIETÊ PARA DESBRAVAR O CONTINENTE



Exploradores usam rio Tietê para desbravar o continente


Da redação


Pelas águas do rio Tietê são cada vez mais freqüentes as descidas das bandeiras cativadoras de índios e prospectoras de ouro em direção ao interior do continente. Do mesmo modo, também não são poucas as incursões jesuíticas com vistas a cristianizar os índios e assegurar a colonização do Vice-Reinado do Prata. Não é de hoje, porém, que os ricos, os administradores coloniais, enfim, os fazendeiros, estão a precisar de mão-de-obra escrava para trabalhar em suas lavouras. Desde a primeira metade do século 17, por exemplo, os fazendeiros paulistas já haviam descoberto que mais barato do que comprar escravos negros provindos da África, era aproveitar a mão-de-obra indígena, disponível bem abaixo de suas barbas, por assim dizer. Sempre através da força ou do acordo desleal, em primeiro lugar os paulistas aproveitaram a mão-de-obra dos índios Caiapós, viventes à margem do rio Tietê. Exterminados os Caiapós do Tietê — ou porque fugiram ou porque se casaram com brancos — os bandeirantes paulistas foram colocados no encalço dos Guaranis, índios eminentemente agricultores habitantes da região do Guaíra, no sul da Colônia. Foram 50 anos de intenso tráfico de Guaranis do Guaíra ao Planalto do Piratininga. Muitas vezes, para os bandeirantes, era mais fácil matar os padres jesuítas e roubar deles os índios, já “amansados”. A propósito, um dos mais renomados bandeirantes paulistas, Raposo Tavares, ficou conhecido por usar com maestria tal estratégia. Do mesmo modo que os Caiapós do Tietê, era de esperar que os Guaranis também sumissem do Guaíra. A partir do século 18, não restou aos bandeirantes outra alternativa senão adentrar o continente rumo ao oeste. O Vice-Reinado do Prata era o domínio espanhol consignado pelo Tratado de Tordesilhas. Compreendia a região onde hoje estão os países da Argentina, Uruguai e Paraguai.
bandeira de Antônio Raposo Tavares

Fonte: Gilberto Brizola – Historiador da UFMT (OM)

Diário de Cuiabá

quarta-feira, 22 de abril de 2009

HISTÓRIA NA IMPRENSA - A NAÇÃO BORORO



Região do Cuiabá abriga mais de 10 mil índios Bororos



Da Reportagem




Um casal bororo, Divulgação.


Há mais de 10 mil índios Bororos hoje, espalhados pela região do Cuiabá. Os que vivem longe, bem a ocidente do recém-fundado Arraial, são, dizem, muito amigáveis. Servem de guia aos homens brancos dentro da mata, trabalham nas fazendas da região e são aliados dos bandeirantes. Não é por outro motivo que os jesuítas espanhóis estão a fundar diversas missões religiosas nas aldeias daquelas regiões. É, portanto, de outra estirpe os Bororos habitantes das margens do Coxipó e do Cuiabá. Tal como os outros, também são caçadores e coletores. Mas os daqui não aceitam sem uma boa briga ter o seu território invadido ou a sua liberdade cerceada. São, por natureza, muito mais afeitos à guerra do que ao acordo desvantajoso. Já se espalhou por toda a Capitania a notícia de que os Bororo Coxiponés são “nômades bravios e guerreiros indomáveis”. Por causa disso, já foram organizadas várias expedições na tentativa de exterminá-los. A do próprio Pascoal Moreira Cabral teria sido, a princípio, uma delas. Para os Bororo Coxiponés, “inimigo” é todo aquele que queira lhe submeter a vontade ou que não queira se submeter a sua vontade. Para vencer uma guerra, eles são capazes de ficar durante dias a observar os passos do inimigo. Têm uma habilidade incomum para se mover dentro da mata. E para estudar o adversário sem serem vistos, pintam-se e se cobrem com folhas e galhos. É claro que eles também fazem acordos pacíficos com outras tribos, mas quase sempre com o objetivo de aumentar o seu poderio de guerra. Apesar de não dar muita importância ao metal cobiçado pelos bandeirantes, os Bororos Coxiponés andam enfeitados com brincos de ouro. Sua cultura está baseada em cantos danças, caçadas e pescarias coletivas realizados, principalmente, por ocasião da morte de um membro da tribo. Assim, é através da guerra e da cultura que os Bororos Coxiponés vão resistindo e se afirmando como um povo diferenciado. Eles mesmos se autodenominam “boe”, termo que significa gente, pessoa humana. Fontes: Instituto Sócio Ambiental (www.socioambiental.org.br); Gilberto Brizola – Historiador (OM)


Diário de Cuiabá: Edição nº 9916 08/04/2001


HISTÓRIA NA IMPRENSA - FUNDAÇÃO DE CUIABÁ


Bandeirante lavra certidão fundando Arraial de Cuiabá

Pascoal Moreira Cabral Leme é, desde ontem, o detentor dos direitos de exploração das minas de ouroA região agora chamada Arraial de Cuiabá é, desde os tempos remotos, povoadas pelos invencíveis índios Bororos. MOACYR DE FREITAS

ORLANDO MORAIS

Da Reportagem


Cuiabá, 9 de abril de 1719 - Depois de errar por mais de um ano na caça ao índio da região do Cuiabá, o bandeirante paulista Pascoal Moreira Cabral Leme resolveu enfim levantar acampamento definitivo e se apossar, perante a Coroa Portuguesa, do imenso território hoje ocupado em sua maior parte pelos Bororos. Ainda ontem, em São Gonçalo Velho, pouco abaixo da foz do rio Coxipó no Cuiabá, o bandeirante determinou que se lavrasse um “Termo de Certidão”, com o qual visa assegurar os seus direitos de descobridor e, principalmente, de explorador das minas de ouro encontradas na região por seus homens. Ao território dentro do qual se diz agora “Capitão-Mor”, Pascoal Moreira Cabral deu o nome fundador de “Arraial de Cuiabá”. O Termo — que foi escrito por outra alheia mão, posto que Pascoal Moreira Cabral, apesar de exímio caçador de índios e conhecedor de ouro experiente, não lê ou escreve palavra —, foi despachado ontem mesmo para o Conde de Assumar e Capitão General Governador da Capitania de São Paulo, D. Pedro de Almeida Portugal. O encarregado de levar o Termo é o Capitão Antônio Antunes Maciel, que ainda leva consigo boas amostras do ouro encontrado. O que os bandeirantes esperam é que da Vila de São Paulo, sede da Capitania desde 1711, sejam enviadas tropas regulares, tanto para lhes ajudar na cata do ouro, quanto para lhes proteger dos índios, já que estes não se conformam com a presença de gente estranha em suas terras. De acordo com Pascoal Moreira Cabral, sua bandeira está a correr grandes riscos na região. “Em serviço de sua Real Majestade, já perdemos até agora oito homens brancos, fora negros”, disse ele. De fato, não é de boa memória para o bandeirante o combate que travou contra os invencíveis guerreiros Bororo, assim que chegou às margens do rio Coxipó. Pascoal Moreira Cabral só não voltou fugido para o Planalto do Piratininga porque encontrou, no caminho, Antônio Pires de Campos, chefe de outra e melhor-sucedida bandeira. No ano passado, depois de intensa luta contra uma tribo ainda não identificada, na confluência entre o Coxipó e o Cuiabá, Antônio Pires de Campos conseguiu capturar dezenas de índios para trabalhar como escravos nas lavouras do litoral. Pires de Campos mostrou o caminho a Moreira Cabral que, se não deu sorte na captura de índios, ao menos encontrou o metal tão apreciado mundo afora. Curiosamente, o local onde os rios Coxipó e Cuiabá se encontram já havia sido visitado por Pires de Campos ainda quando menino. Entre 1673 e 1680 (não se sabe ao certo), ele esteve lá com o seu pai, o bandeirante Manoel de Campos Bicudo, considerado o primeiro homem branco a pisar nestas bandas ocidentais da Colônia. Neste momento, Pires de campos - também conhecido como PayPirá — está acampado no trecho do rio Cuiabá denominado Bananal. Ali, seus homens, incluindo os índios prisioneiros, cultivam roças para se reabastecerem antes seguir a longa viagem rumo ao Planalto do Piratininga.

TENTATIVA DE ACORDO - Depois de quase uma vida inteira a guerrear contra os índios, Pascoal Moreira Cabral tenta agora fazer um acordo com os Bororos, a quem os paulistas chamam de Coxiponés. O bandeirante sabe que a região onde ele está a pisar é alvo de disputas constantes entre as mais diversas tribos indígenas: Bororos, Caiapós, Guaicurus, Xavantes, Parecis, Bakairis, etc. Ora as tribos se ajuntam, ora se separam nas lutas por territórios, por rios mais piscosos e por terras mais férteis. Como nenhuma guerra interessa a quem vai se dedicar agora à paciente cata do ouro, Moreira Cabral pretende convencer os Bororos a ajuda-lo em troca de não mais importuna-los. Não será nada fácil (veja reportagem nesta página). O bandeirante quer que os índios o ajude a coletar o ouro, a remar as canoas e a carregar as bagagens. Ao mesmo tempo, ele sabe que ninguém melhor do que o índio pode lhe dizer onde estão as melhores caças, frutas e ervas medicinais e lhe avisar sobre os perigos da mata. O Planalto do Piratininga foi a principal região agrícola da Capitania de São Paulo. Para lá era levada a maioria dos índios escravizados. É onde fica hoje o ABC Paulista.

Índios Bororo pela lente de Marc Ferrez, o mais importante fotógrafo brasileiro do século XIX. A foto é de 1880, anos antes da Missão Salesiana se instalar na aldeia do Meruri e iniciar uma desintegração da cultura Bororo através do pensamento ...

Fontes: “História Geral de Mato Grosso (vol.I)”, de Lenine Povoas; “O Processo Histórico de Mato Grosso. Cuiabá: Guaicurus” e “Revivendo Mato Grosso”, de Elizabeth Madureira Siqueira; “Cidades de Mato Grosso”, de João Carlos Vicente Ferreira e Pe. José de Moura e Silva * Historiador consultado: Gilberto Brizola – UFMT


Diário de Cuiabá: Edição nº 9916 08/04/2001


fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/

terça-feira, 21 de abril de 2009

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - PERÍODO COLONIAL (REVISÃO) RESOLUÇÃO E COMENTÁRIOS

RESOLUÇÃO E COMENTÁRIOS
01. D
As decisões administrativas em relação às minas de Cuiabá eram tomadas pela Capitania de São Paulo até a criação da Capitania de Mato Grosso em 1748.
02. F, V, V, F
03. D
As informações do enunciado referem-se ao governador da Capitania de São Paulo que residiu durante dezoito meses em Cuiabá e a elevou à categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
04. V, V, F, V
O Quilombo do Piolho localizava-se próximo à capital de Mato Grosso no período colonial, Vila Bela da Santíssima Trindade.
05. Fundar a capital no vale do rio Guaporé, conceder privilégios e isenções de impostos aos moradores da nova capital, agir com diplomacia nas questões de fronteira, etc.
06. C
As monções eram as expedições comerciais que partiam de São Paulo rumando para Cuiabá trazendo toda sorte de mercadorias para as zonas mineradoras.
07. B
Os preços das mercadorias trazidas pelas monções eram bastante caras devido aos problemas de transportes e às dificuldades enfrentadas ao longo do roteiro Porto Feliz-Cuiabá.
08. D
As atividades econômicas do período colonial foram a mineração do ouro e diamantes, a pecuária e agricultura de subsistência.
09. B
O enunciado refere-se ao Tratado de Madri.
10. B
A Aldeia Carlota, que era uma espécie de quilombo oficial, foi fundada pelo capitão-general João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.
11. V, V, F, F
O Marquês de Pombal era ministro ilustrado de D. José I e Cuiabá e seus arredores estavam subordinados à Capitania de São Paulo.
12. E
O texto refere-se aos índios "remadores", os bravíos Paiaguá.
13. E
Quando D. Rodrigo César de Menezes elevou Cuiabá à categoria de vila em 1727, a Capitania de Mato Grosso ainda não existia.
14. A
A Bacia Amazônica ficou nas mãos da Coroa portuguesa.
15. C
Antoniio Rolim de Moura foi o primeiro governador da Capitania de Mato Grosso.
16. V, F, V, V, F
17. 6, 4, 2, 1, 5, 3
18. 2, 4, 7, 5, 3, 6, 1
19. a) Motivos fortes impulsionaram a penetração bandeirante pelo sertão matogrossense, entre eles a captura de índios para serem vendidos como escravos, e ainda a expectativa da descoberta de metais e pedras preciosas.
b) Para organizar o primeiro arraial, cobrar impostos em nome da Coroa portuguesa, estabelecer a justiça, os trabalhos administrativos e fiscais e legalizar a posse do território conquistado.
c) A dificuldade no abastecimento de mercadorias para o povoado recém-fundado e a decadência da produção aurífera somada à extenuante cara tributária cobrada sobre a atividade mineradora.
20. Os índios aliados auxiliavam os bandeirantes no fabrico das embarcações, como guias nas viagens, na alimentação e na medicina, e ainda como conhecedores de outras etnias nos sertões brasileiros.

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - PERIODO COLONIAL (REVISÃO)

1. (EJM) “A cidade de Cuiabá situava-se em um pequeno vale formado por morros de elevação modesta, cortada por córregos, sendo o principal deles o ribeirão da Prainha que, correndo no leito desse vale, ia jogar suas águas no rio Cuiabá.”
(VOLPATO, Luiza Rios Ricci, Cativos do Sertão: vida cotidiana e escravidão em Cuiabá em 1850-1888. São Paulo/Cuiabá: Ed. Marco Zero/EdUFMT, 1993, p.27)
A historiadora narra os aspectos físicos da cidade de Cuiabá na fase inicial de sua colonização. São características desse período histórico, exceto:
a) Em 1722, Miguel Sutil encontrou uma jazida de ouro nas imediações do córrego da Prainha, junto ao morro do Rosário.
b) A descoberta de Miguel Sutil atraiu a essa região os moradores do arraial da Forquilha, como também aventureiros de outras regiões interessados na exploração do ouro.
c) O interesse pelo ouro estava relacionado as diretrizes metropolitanas, uma vez que a colonização seguia os pressupostos da política mercantilista, na qual uma de suas principais características era o metalismo.
d) Salvador, capital do Brasil, tomava todas as decisões administrativas e econômicas relativas as minas de Cuiabá.
02. “A expansão geográfica rumo a região central insere-se no quadro das pretensões geopolíticas portuguesas, orientadas pelo alargamento e defesa das fronteiras contra os espanhóis. A objetivação desses propósitos dá-se em meados do século XVIII e emerge do debate luso-espanhol acerca dos limites das respectivas áreas ultramarinas na América.”
(PERARO, Maria Adenir, Bastardos do Império. São Paulo: Contexto, 2001 p. 25)
Julgue os itens com relação a colonização de Mato Grosso.
(00) As descobertas auríferas na Baixada cuiabana e no Vale do Guaporé lançaram as bases para a posse e ocupação da região mato-grossense. Entretanto a preocupação efetiva com a fronteira oeste consubstanciou na criação da capitania de Mato Grosso e posteriormente do Pernambuco, uma vez que está era a maior produtora de açúcar da colônia.
(01) As instruções de Rolim de Moura e dos seus sucessores continha o propósito de dotar a capitania de um aparato civil, militar e eclesiástico, quer no vale do Guaporé, quer no extremo sul.
(02) Dentre as medidas tomadas que deveriam ser tomadas por Rolim de Moura, primeiro governador, empossado em 1751 estavam a fundação da capital de Mato Grosso e estabelecer privilégios e isenções fiscais para os moradores de Vila Bela.
(04) Vila Bela era abastecida pela Companhia de Comercio do Maranhão, que através da navegação pela bacia Platina abastecia a capital com artigos de luxo, remédios, ferramentas de trabalho e principalmente de negros.
03. (SEDUC-MT) Esse governador elevou Cuiabá à categoria de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, aumentou os quintos e as taxas tributáriaas referentes às passagens pelos rios. Estamos nos referindo à:
a) Manoel Carlos de Abreu Menezes.
b) Pedro de Toledo.
c) Luís Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.
d) Rodrigo César de Menezes.
e) Antônio Rolim de Moura.
04. Mas para facilitar o dito comércio é circunstância essencial a introdução de negros, pois como V.EXª sabe muito bem os brancos sem eles em toda a parte da América, e principalmente em minas quase se pode dizer que são inúteis.”
(Antonio Rolim de Moura, Correspondências, v.I,p.122.)
A partir da leitura da citação acima e dos seus conhecimentos acerca da historia de Mato Grosso, julgue os itens abaixo:
(00) Rolim de Moura, primeiro capitão-general da Capitania de Mato Grosso determinou um conjunto de medidas que visavam garantir o povoamento e a defesa da fronteira oeste, como a construção dos fortes e a proibição da extração dos diamantes.
(01) A leitura da citação revela a importância do trabalho escravo na colonização, além disso, o trafico negreiro representava para a metrópole uma fonte de acumulação de capital.
(02) Os trabalhos executados pelos cativos eram bastante árduos e desgastantes, e ainda no seu cotidiano tinham que se submeter as violências dos feitores e por isso resistiam, fugindo para os quilombos como o do Piolho, localizado em Chapada dos Guimarães.
(03) Em 1821, durante o processo de Independência do Brasil, Vila Bela deixou de ser a capital de Mato Grosso. A transferência foi articulada por elementos da elite cuiabana, do clero e dos militares, que justificaram a mudança apresentando como um dos argumentos, a insalubridade de Vila Bela.
05. (EJM) “A criação da Capitania de Mato Grosso tinha como um de seus objetivos a caracterização da posse da região, tornado mais efetiva a argumentação utilizada pela diplomacia portuguesa do “Uti Possedetis.” Sua implantação estava vinculada aos trabalhos de demarcação do Tratado de Madri, aos quais deveria fornecer o apoio necessário.”
(VOLPATO, Luiza. A conquista da Terra no universo da pobreza - formação da fronteira Oeste do Brasil: 1719-1819. São Paulo: Hucitec, 1987, p. 37)
A criação de Vila Bela se insere no contexto do Tratado de Madri. Rolim de Moura, representante dos interesses da metrópole, visando o povoamento e a militarização do território mato-grossense, tomou importantes medidas para atingir a esse objetivo.Cite duas dessas medidas.

06. (SEDUC-MT) No período colonial, ocorreu a descoberta de ouro, em regiões distantes do Brasil. A fim de atender a necessidade de abastecimento dessas regiões mineradoras, surgiram expedições comerciais chamadas de:

a) bandeiras;

b) bandeiras de contrato;

c) monções;

d) entradas.

07. Segundo a historiografia oficial a expansão geográfica luso-brasileira aconteceu devido ao desprendimento dos paulistas. A respeito da colonização de Mato Grosso no século XVIII, é valido afirmar que:

I - As monções abasteciam as minas de Cuiabá de ferramentas, artigos de luxo, produtos alimentares. Esses produtos eram vendidos nas minas por preços modestos podendo ser consumido por toda a população.
II - As monções para chegar a Cuiabá usavam os caminhos fluviais. Ao chegar a região do Pantanal enfrentavam vários perigos como o ataque dos índios paiaguás (remadores) e dos guaicurus ( Cavaleiros ).
III - Em 1752, com o propósito de efetivar o uti possedetis, o governo metropolitano resolveu fundar a primeira capital de Mato Grosso; Vila Bela da Santíssima Trindade.
IV - Antonio Rolim de Moura foi nomeado como o primeiro capitão-general de Mato Grosso. Esta autoridade desenvolveu uma política voltada para o povoamento e militarização da fronteira Oeste.
a) I, II e III são corretas.
b) II, III e IV são corretas.
c) III e IV são corretas.
d) I, II, III e IV são corretas.
e) Somente o item IV é correto.

08. Ao longo do Período Colonial, a ocupação territorial dos atuais estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul esteve associada às seguintes atividades econômicas:
a) Cultivo de cana-de-açúcar e extrativismo vegetal.
b) Plantio de fumo e criação de gado bovino.
c) Extrativismo salineiro e produção de manufaturados têxteis.
d) Pecuária e mineração de ouro e diamantes.
e) Cultivo de café e produção de couros.
09. A atual configuração geográfica do Brasil, com pequenas exceções, deve-se a um tratado assinado entre Portugal e Espanha, no qual os interesses portugueses foram defendidos por Alexandre de Gusmão, que se utilizou de um principio do antigo direito romano, conhecido como Uti Possedetis, do Direito Romano.
a) Tratado de Methuen;
b) Tratado de Madri;
c) Tratado de Santo Ildefonso;
d)Tratado de Badajós;
e)Tratado do El Pardo.
10. Nome do governador responsável formação da Aldeia da Carlota que era composta por negros idosos e alforriados, que receberam a missão de defender a fonteira contra o avanço dos espanhóis
a) Luís De Albuquerque Melo Pereira e Cáceres.
b) João De Albuquerque Melo Pereira e Cáceres.
c) Francisco de Paula Magessi.
d) João Carlos de Oyenhausen.
e) Antônio Rolim de Moura
11. A respeito dos primórdios do período colonial em Mato Grosso, assinale as alternativas corretas:
( ) Em 1719, Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro no rio Coxipó. Neste local surgiu o Arraial da Forquilha.
( ) O surgimento do Arraial de Cuiabá relaciona-se as descobertas de ouro por Miguel Sutil.
( ) Para governar a região, o governo português enviou para a região o Marques de Pombal que recebeu a tarefa de cuidar da fiscalização das minas.
( ) Cuiabá e seus arredores estavam subordinados a Capitania de Goiás.
12. Habitavam o pantanal mato-grossense, comercializavam com os espanhóis em Assunção, eram denominados de índios remadores e representaram um empecilho à colonização portuguesa. Estamos nos referindo:
a) Guaicuru;
b) Xavante;
c) Cinta-Larga;
d) Pareci;
e) Paiaguá.
13. Sobre a administração das minas de Cuiabá, podemos afirmar que:

I - Rodrigo César de Menezes elevou o arraial de Cuiabá a categoria de Vila Real do senhor Bom Jesus de Cuiabá, tornado-a, portanto capital da Capitania de Mato Grosso.
II - A administração de Rodrigo César destacou-se pela fiscalização e tributação.
III - Anterior ao governo de Rodrigues César, as minas de Cuiabá foram governadas pelos irmãos Antunes.

A seqüência correta é:
a) I e II são corretas.
b) I e III são corretas.
c) I, II e III são corretas
d) II e III são corretas
e) Somente a II é correta.

14. Em 1750, os portugueses e os espanhóis assinaram o Tratado de Madri. Sobre esse contexto histórico, assinale a alternativa incorreta.
a) assegurou a posse do oeste da colônia e da bacia Amazônica.
b) garantiu praticamente a configuração do Brasil atual.
c) os interesses de Portugal foram defendidos por Alexandre de Gusmão.
d) para garantir a posse do território, o governo português enviou para governar o Mato Grosso, Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres.

15. Em 1748, o governo português criou a Capitania de Mato Grosso e nomeou como o seu primeiro capitão-general:
a) Pedro de Alcântara.
b) Pascoal Moreira Cabral.
c) Antonio Rolim de Moura.
d) Francisco Magessi.
e) João de Albuquerque.

16. Com a decadência do ouro ainda na primeira metade do século XVIII, Portugal deu a defesa da fronteira uma atenção especial. Sobre a fronteira no século XVIII, analise as afirmações abaixo:

(01) Luis de Albuquerque é considerado pela historiografia mato-grossense como o responsável pela consolidação da fronteira norte e sul construindo inclusive cidades e fortes em posições estratégicas. ( )
(02) Vila Bela foi construída para ser a primeira capital de Mato Grosso. Por determinação do governo português, a cidade foi edificada às margens do rio Guaporé e em um lugar caracterizado pela salubridade.( )
(04) Para assegurar a posse do território, o governo português armou os índios, permitiu casamentos interétnicos e chegou a considerar o indígena como cidadão português.( )
(08) Portugal tinha como pretensão estender o seu território até a Cordilheira dos Andes.( )
(16) O Tratado de Santo Ildefonso, assinado entre os portugueses e os espanhóis, garantiu a Espanha a posse da bacia Amazônica.( )

17. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:

(1) Serra Acima
(2) São Pedro D’El Rey
(3) Rio Abaixo
(4) Cocais
(5) Rio Acima
(6) Albuquerque


( ) Corumbá
( )Livramento
( )Poconé
( )Chapada dos Guimarães
( )Rosário Oeste
( )Santo Antonio do Leverger.

18. (EJM) Relacione as colunas corretamente.
(1) Rapadura
(2) Pascoal Moreira Cabral
(3) Tordesilhas
(4) Miguel Sutil
(5) Mel
(6) Prainha
(7) São Gonçalo

( ) Nome do bandeirante que, junto ao rio Coxipó-Mirim, em 1719, descobriu ouro, marcando o início oficial da conquista e colonização de Mato Grosso.
( ) Bandeirante, cujo índios descobriram ouro junto ao rio Cuiabá, em 1722.
( ) Nome do 1º arraial fundado junto ao rio Coxipó.
( ) O que os índios de Sutil foram buscar nas matas, para saciar a fome dos integrantes da bandeira.
( ) Nome do Tratado firmado entre Portugal e Espanha, dividindo as terras descobertas e por descobrir no Novo Mundo.
( ) Nome do córrego através do qual as mercadorias chegavam ao centro de Cuiabá.
( ) Produto fabricado nos engenhos e que servia de alimento para a população mineira.
19. (UFMT) "Ameaçados a cada passo de perderem as suas mercadorias nas travessias perigosas; perseguidos de índios que ao menor descuito não lhes poupavam a vida; maltratados pelas anofilinas que lhes inoculavam as maleitas, causa da dizimação, chegavam a Cuiabá, para onde se transportara o Arraial, depois da descoberta da Minas do Sutil, em outubro de 1722, nas imediações do Sítio onde hoje branqueja, à frauda do morro a que emprestou o seu nome, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário."
(CORRÊA FILHO, Virgílio. História de Mato Grosso. Cuiabá: Fundação Júlio Campos, 1989.)
Fundamentando-se no texto , dê algumas informações sobre a fundação de Cuiabá, tais como:
a) as razões da penetração bandeirante nos sertões matogrossensses.
b) da fundação de Cuiabá e sua organização político-social nos primeiros tempos.
c) explique as razões das dificuldades e da miséria dos primeiros tempos do povoado de Cuiabá.
20. (EJM) Segundo a historiadora Elizabeth Madureira: "os paulistas adquiriram muita destreza em suas viagens pelos sertões graças à ajuda dos índios aliados que, com seus conhecimentos, foram os grandes mestres e guias dos sertanistas."Demosntre que maneiras os "índios aliados" auxiliaram os bandeirantes.
21. (FAP-2009) Como marco oficial, a História de Mato Grosso iniciou-se, em 1719, nas margens do rio Coxipó-Mirim, com a descoberta de ouro pelos homens que acompanhavam o bandeirante Pascoal Moreira Cabral.Com o sucesso da mineração e a necessidade de garantir para Portugal, a posse de terras além Tratado de Tordesilhas, foi criado em 1748 a Capitania de Mato Grosso, sendo a primeira capital Vila Bela da Santíssima Trindade, na extremidade oeste do território colonial.Para trabalhar na mineração, chegaram, no século XVIII, em Mato Grosso, os primeiros escravos de origem africana. Como resistência à escravidão, as fugas foram constantes, sendo individuais ou coletivas, formando diversos quilombos. Por ocasião da presença da capital, Vila Bela da Santíssima Trindade, a região do vale do rio Guaporé foi onde houve maior concentração dessas aldeias de escravos fugitivos.O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do século XVIII, reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios (cafuzos). José Piolho, provavelmente foi o primeiro chefe do quilombo. Depois, assumiu o poder sua esposa, Teresa.

Sobre os quilombos é correto afirmarmos, exceto:

a) A população quilombola era constituída por brancos, índios, mestiços e negros;
b) Dentro dos quilombos existia o sistema de escravidão;
c) Apesar de Palmares ser o mais famoso, existiram diversos quilombos espalhados pelo Brasil;
d) Os quilombos praticavam comércio com os engenhos;
e) O sistema republicano era adotado nos quilombos, reproduzindo as tradições africanas.

LEITURA DINÂMICA - CATEDRAL DO SENHOR BOM JESUS DE CUIABÁ

LACERDA, Leilla Borges. Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiabá: um olhar sobre sua demolição. Cuiabá: KCM Editora, 2005, 160 p. Catedral de Cuiabá, demolida na segunda metade do século XX.

Este estudo investiga a demolição da Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiabá em 1968 e os "porquês" da edificação da Basílica no mesmo espaço urbano ocupado pela primitiva Matriz do Arraial no século XVIII.




Cuiabá no século XVIII. Desenho de autor não identificado.M S col. 37,4x54cm. Casa da Ínsua, Castelo Portugal.

A historiadora Leilla Borges de Lacerda retoma o que ela representou no contexto histórico e o que simbolizou na construção do imaginário daquela população. Bem mais, avalia o que este monumento religioso demarcou e de que forma o poder eclesiástico diverge dos interesses políticos e econômicos, ou, noutra vertente, a eles se associa.
Foi a partir das normas canônicas que se constituíram não só esses ambientes urbanos, como também as relações sociais, políticas, econômicas e culturais na colônia.
Até bem poucos anos, costumava-se afirmar a não existência do espaço urbano colonial como algo pensado e produzido. Estava cristalizada nas produções historiográficas a dominação econômica e social do mundo rural, em detrimento das cidades.
A autora procura acompanhar as transformações da igreja matriz, suas metamorfoses e interações nessa mesma territorialidade. Intenta ainda evidenciar a importância do patrimônio histórico para a memória da sociedade mato-grossense, enfocando as políticas de preservação em Cuiabá e no Estado de Mato Grosso. Aborda ainda acerca do papel da história e dos historiadores nessas políticas de preservação.
A derrubada da catedral surge como a representação máxima do potencial destruidor do processo de expansão capitalista, cuja violência é abafada, mascarada pelo discurso do futuro promissor.
Dom Orlando Chaves, arcebispo de Cuiabá quando da demolição da Catedral em 1968. Tela de Odenil Sebba, pintada em 1999.

Assim a Matriz/Catedral, numa correlação de forças, como num jogo de xadrez, se tornou uma ausência, uma identidade invisível, decepada, e o único vencedor foi o "sacrifício" desse ícone religioso.


Atual Catedral Metropolitana de Cuiabá


Igreja Matriz Senhor Bom Jesus de Cuiabá, fundada em 1723, reconstruída em 1739 e 1745 quando ganhou uma torre, tornou-se Catedral em 1826, em 1868 é feita outra reforma, ganha uma nova torre em 1929 esta reforma altera completamente a fachada da Catedral, foi implodida em 1968 e reconstruída; a atual Catedral foi inaugurada em 1973, esta localizada no centro de Cuiabá.

ATIVIDADES DE HISTÓRIA DE MATO GROSSO - OS TRATADOS DE LIMITES - AS FORTIFICAÇÕES MILITARES - A SOCIEDADE COLONIAL MATO-GROSSENSE

01. (EJM) Após a anulação do Tratado de Madri, Portugal se empenhou para que a nova discussão diplomática lhe garantisse o êxito nas negociações. O novo pacto de limítes ratificava o Tratado de Madri, no que se refere à raiz Oeste da colônia. Mais três núcleos de povoamento foram criados nas fronteiras mato-grossenses: Albuquerque (1778), Vila Maria (1778) e Casalvasco (1783). A fundação desses núcleos populacionais teve por finalidade:
a) Consolidar áreas ocupadas pelos portugueses à Espanha;
b) Transformar Mato Grosso no antemural do Brasil, apto não somente a defender os domínios lusitanos na América, bem como ampliá-los;
c) Criar núcleos que possibilitassem maior segurança à população frente aos ataques de índios e por vezes de espanhóis;
d) Um caráter meramente fiscalizador, pois o contrabando da prata era intenso na região;
e) A instalação de novos núcleos, como consequência da incapacidade dos espanhóis em ocupar toda a sua área.




02. (EJM) "A grande preocupação do ministro Pombal com a preservação e ocupação do espaço geográfico da América Portuguesa, além das óbvias razões político-econômicas, tinha um motivo simples e prático: os limítes do território colonial acabavam de ser oficialmente definidos, em 1750, mediante negociações e acertos entre Portugal e Espanha. Agora era preciso consolidá-los."
(TEIXEIRA, Francisco. Brasil: História e Sociedade. São Paulo: Ática, 2000, p. 100)
A respeito do tema exposto acima, assinale a alternativa incorreta.
a) O Tratado de Madri reconhece, com base no direito de posse da terra por quem a usa (o uti possidetis do Direito romano), a presença luso-brasileira em grande parte dos territórios coloniais;
b) Na fronteira Oeste, a negociação é extremamente conturbada em virtude da exigência espanhola em controlar a navegação pela bacia Amazônica, devido à sua importância econômica e estratégica;
c) No Sul houve grande dificuldade em se acetar os limítes em decorrência do grande interesse hispânico em controlar a região do rio da Prata, geopoliticamente importante para a Coroa espanhola;
d) O Marco do Jauru erigido em 1754 próximo à localidade de Cáceres (MT), demarcava os limítes das terras de Portugal e Espanha, em consequência do Tratado de Madri;
e) Com pequenas modificações, os demais tratados limítrofes que se sucederam mantiveram intactos as terras à Oeste conquistadas pelos bandeirantes paulistas e nas quais se configura, atualmente, o estado de Mato Grosso.



03. (EJM) Relacionando-se às questões da definição de fronteira na Capitania de Mato Grosso durante o decorrer do século XVIII, analise as assertivas.

I - A intenção da Coroa portuguesa ao fundar Vila Bela da Santíssima Trindade era a de impedir o avanço dos espanhóis devido à proximidade da Capitania do Alto Peru.
II - Para conter o avanço dos espanhís, o governo lusitano construiu fortes, aliciou índios, treinou negros escravos, ou seja, adotou vários expedientes no sentido de resguardar a fronteira Oeste da colônia.
III - Chamar toda espécie de pessoas, mesmo criminosos, para povoar Mato Grosso foi necessário, pois a região era insalubre e repleta de índios bravíos.
Está (ão) correto (s):
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, II e III
e) apenas I




04. (EJM) "(...) Portugal procurou aumentar os postos militares na fronteira ocidental da Capitania de Mato Grosso. Foi perseguindo esse objetivo que Luís de Albuquerque mandou construir o Forte Coimbra, no ano de 1775."
(SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002, p. 56)
Qual era o objetivo principal da construção dessa fortificação?








05. (EJM) "Outra construção estratégica erguida ao longo da fronteira ocidental foi o Forte Real Príncipe da Beira (...). A posição estratégica dessa fortificação era estratégica: à margem direita do rio Guaporé, acima da capital, Vila Bela da Santíssima Trindade."
(SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002, p. 56.)
Descreva a importância geopolítica da obra arquitetônica refeferida no texto acima.






06. (EJM) Comente a seguinte afirmação: "Um capitão-general assumiu destaque na fortificação e expansão da froteira Oeste: foi o 4º capitão-general, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres que primou pela definição e fortalecimento das fronteiras mato-grossenses."







07. (EJM) Para colocar em prática a estratégia de defesa da Capitania de Mato Grosso foram construídas, durante o período colonial, diversas fortificações militares ao longo da fronteira com o domínio colonial espanhol. A respeito desse assunto é incorreto afirmar que:
a) a fundação dessas edificações deveu-se principalmente, à questão da garantia dos territórios situados entre as duas principais vilas mato-grossenses no século XVIII, Vila Bela e Cuiabá.
b) Luís de Albuquerque foi o capitão-general que mais guarneceu a fronteira Oeste da colônia, tendo fundado Vila Maria (Cáceres), Registro do Jauru (Porto Esperidião), Albuquerque (hoje Corumbá) e Poconé.
c) a Capitania de Mato Grosso, após o Tratado de Santo Ildefonso (1777), já possuía grande parte de sua fronteira Oeste guarnecida com fortes, fortalezas e prisões.
d) a raia máxima ao sul da Capitania de Mato Grosso permanecia desguarnecida e sujeta aos ataques espanhóis no final do século XVIII.
08. (EJM) Em relação às condições de vida sociedade mato-grossense ao longo do século XVIII é correto afirmar que:
a) a pobreza na sociedade mato-grossense, visto que a maioria da população não possuia bens, fazia com que houvesse uma aproximação entre homens livres pobres, índios e escravos, mantendo esses grupos relações de ajuda e solidariedade.
b) a pobreza na região da minas cuiabanas era amenizada graças à grande produção local de gêneros alimentícios, fato que garantia o sustento da maioria da sua população.
c) apesar de sua composição ser heterogênea, a sociedade cuiabana era caracterizada pela grande ascensão social possibitada pela grande quantidade de ouro existente no local.
d) as cidades mato-grossenses,surgidas no período da mineração, evidenciam um passado fautoso e em muito lembram a arquitetura barroca de Minas Gerais, do mesmo período histórico.
09. A expansão territorial promovida pelos bandeirantes saídos de São Paulo ultrapassava a linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. Com a fundação de Cuiabá, em 1719, e da Vila Boa de Goiás, em 1723, os paulistas estavam ocupando território espanhol. A incorporação desses territórios ao domínio português ocorreu, em 1750, graças ao:
(A) tratado de Madri, que afirmava o princípio do uti possidetis, ita possideatis;
(B) tratado de Badajóz, que estabelecia as compensações devidas à coroa espanhola;
(C) tratado de Methuen, que privilegiava os interesses comerciais portugueses;
(D) tratado de Santo Ildefonso, que recuperava os territórios fronteiriços em litígio;
(E) tratado de Utrecht, que garantia a independência das colônias espanholas.
10. (NCE/UFRJ) O Mato Grosso passou a pertencer ao Brasil através do:
a) Tratado de Mato Grosso;
b) Tratado de Trindade;
c) Tratado de Madri;
d) Tratado de Guaporé;
e) Tratado de Methuen.
RESOLUÇÃO E COMENTÁRIOS
01. B
O objetivo era assegurar a posse das terras estabelecidas por esse tratado assinado entre as Coroas Ibéricas (Portugal e Espanha)
02. B
Na região Norte do Brasil e em Mato Grosso não há dificuldades em acertar a definição de limítes em decorrência do pouco interesse espanhol nessas regiões.
03. D
Todas as assertivas estão corretas.
04. Esse posto militar objetivava controlar a navegação do baixo rio Paraguai, não permitindo que espanhóis ou índios dominassem esse importante ponto estratégico.
05. Assegurar a conquista do território na fronteira Oeste da colônia, e ainda salvaguardar a capital da Capitania de eventuais ataques dos espanhóis.
06. Luís Albuquerque de Melo Perira e Cáceres construiu diversas fortificações ao longo da fronteira e fundou várias vilas para assegurar a posse definitiva do território mato-grossense para a Coroa portuguesa.
07. D
A fronteira ao sul da Capitania de Mato Grosso fora agraciada com uma importante guarnição, o Forte Coimbra, localizado às margens do rio Paraguai, próximo à antiga vila de Albuquerque, mais tarde intitulada Corumbá.
08. A
A vida do homem comum da Capitania de Mato Grosso era consumida na luta contra a agresticidade do meio e no esforço de obter o necessário para o sustento, enfrentado surtos de fomes e epidemias, além de ataques de índios e espanhóis.
09. A
10. C