
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Conheça a Cavalhada de Poconé

segunda-feira, 13 de junho de 2011
Leverger tem festa em homenagem a Santo Antônio


Nesta segunda-feira é feriado em alguns municípios do estado em homenagem a Santo Antônio: Sinop, Barra do Garças, Tabaporã e Nova Monte Verde. Mas é em Santo Antônio de Leverger que é realizada a festa mais tradicional do estado em honra ao santo.
Parque Nacional do Xingu completa 50 anos

Há 50 anos era criado o Parque Nacional do Xingu, primeira grande terra indígena demarcada no país. Para celebrar a data, teve festa neste fim de semana. Índios de várias etnias participaram do Festival de Culturas Xinguanas.
sábado, 11 de junho de 2011
Vila Bela tem histórico de violências

Documentos relatam escrituras de comercialização de negros e anúncios em que proprietários caçam fugitivos
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Da Reportagem
A escravidão africana no Brasil foi parte fundamental dos primórdios do capitalismo, cujo objetivo era produzir para um mercado emergente à custa de altos lucros. Nesse contexto, de acordo com a historiadora Lúcia Helena Gaeta Aleixo, “o escravo africano era tido como a mão-de-obra adequada para a produção em grande escala”, escreve ela em seu livro Mato Grosso: Trabalho Escravo e Trabalho Livre (1850-1888).
Na sociedade escravista, entretanto, os proprietários possuíam todas as garantias políticas, sociais e jurídicas, enquanto o escravo não possuía qualquer garantia, estando reduzido à condição de “coisa”. Assim, os negros africanos foram trazidos ao país por meio de uma violência sem paralelo na história da humanidade. Eram amontoados em navios para viagens de dois e três meses - que transformavam uma parcela da carga em cadáveres e mutilava definitivamente uma outra.
Estima-se que cerca de 50 milhões de negros foram trazidos ao Brasil durante os mais de 300 anos de escravidão, principalmente das possessões portuguesas de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau. Os que sobreviviam à viagem eram adquiridos por fazendeiros que passavam a ter “posse real e efetiva do referido escravo para tê-lo e possui-lo desta data em diante como coisa sua que é e fica sendo de hoje para sempre”, conforme se lê na Escritura de Compra e Venda do escravo Honório Mulato, lavrada no Distrito de Livramento, em 1869. Segundo Helena Gaeta, o tratamento era o mesmo para mulheres e crianças.
Nas fazendas, “os feitores faziam os escravos trabalharam até o limite das suas forças e, para disciplinar as tentativas de rebeldia, faziam uso das mais violentas formas de tortura - que iam desde as chibatadas até as mais hediondas formas de mutilação como arrancar dentes, língua, olhos, dedos, orelhas e os seios no caso das mulheres”, diz o jornalista Rui da Costa Pimenta.
“Esse martírio inacreditável chegou ao extremo de dar lugar a uma forma de resistência passiva, conhecida como banzo, onde os negros morriam de uma inanição espiritual que era na realidade uma forma de suicídio por falta de vontade de viver”.
Os escravos que conseguiam fugir para os quilombos, segundo Helena Gaeta, eram caçados não só por seus patrões, mas pelo poder constituído da época, como a polícia e a imprensa. “Os jornais do período estão repletos de anúncios onde os proprietários oferecem, como prêmios, altas somas para a captura de um bom negro”, diz ela. “O mecanismo de repressão geralmente utilizado era o castigo corporal, no tronco”.
Em Mato Grosso, “as fronteiras das nações vizinhas representavam um grande incentivo para tais fugas”, escreve a historiadora. “Em diversas ocasiões, a Bolívia e o Paraguai serviram como reduto para as fugas de escravos”. Nos quilombos, tanto a segurança quanto a produção eram altamente controladas. “Mantendo lavouras de subsistência, os negros conseguiam desenvolver um circuito de trocas com as povoações próximas. Por várias vezes, expedições foram organizadas para destruir esses quilombos”.
Lê-se em um documento de 1857: “Tomou o nome de Piolho um grande quilombo de escravos fugidos... e que o Ilmo. Sr. Luiz Pinto de Souza Coutinho quando governou esta Capitania mandou destruir, apreendendo muitos escravos. (...) O resto daquele quilombo se tinha ali novamente estabelecido e com efeito acharam nele 54 pessoas que vieram para Vila Bela, isto é, negros...”
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Primeiros vieram os portugueses, depois os posseiros com certidões de terra inventadas em cartório
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Da Reportagem
Em 1835, a cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade ficou praticamente deserta. A decadência do ouro, a mudança da capital da província para Cuiabá e uma onda de mortal febre fizeram com que os portugueses abandonassem as casas e seus móveis, a natureza e sua exuberância, os escravos negros e sua sorte. Até então, os escravos viviam em arraiais em volta da cidade — onde plantavam a comida dos seus “senhores” —, ou na cidade mesmo, para servir-lhes a comida no prato.
De repente, não havia mais senhores e os negros estavam livres: podiam entrar nas casas – que afinal eles mesmos haviam construído —, utilizar o móveis, fazer uma grande festa na praça. Não fizeram, porém, nada disso, pois uma coisa ainda os escravizava: o medo de que os portugueses voltassem. Era mais prudente fugir, ou, no máximo, ficar nos arraiais, à espera.
É bastante afirmar que os negros demoraram oitenta anos para ocupar definitivamente a cidade, tal era o medo que sentiam, tamanha era a violência com que haviam sido tratados. Os olhos viam a liberdade, mas a escravidão se sentia, e havia ficado marcada, na pele.
Vale dizer que os portugueses não levaram os escravos porque temiam que eles lhes passassem a febre, “maculo” chamada, sobretudo sendo tão longa a viagem até Cuiabá, nada menos que 550 quilômetros. Por puro preconceito, pois os próprios portugueses foram os disseminadores da doença, uma vez que eram mais suscetíveis do que os negros. Vale dizer também que os portugueses nunca mais voltaram. No século seguinte, a escravidão já era crime e os negros de Vila Bela puderam cultivar sentimentos que se traduzem hoje numa cultura riquíssima e num modo de viver peculiar.
De acordo com a historiadora Maria de Lourdes Bandeira, em seu livro Território Negro em Espaço Branco (1988), “os pretos herdaram uma cidade em ruínas, massa falida do colonialismo irracional e predatório”, escreve ela. “Apropriaram-se paulatinamente da cidade (...) e enfrentando os limites impostos pela experiência da escravidão, assumiram o desafio de produção da sua comunidade, da vida social e cultural, reelaborando suas relações com a natureza e suas relações entre si, tendo como postulado o igualitarismo, e como princípios constitutivos a solidariedade e a reciprocidade”.
A paz dos negros, porém, durou até o final da década de 1960, quando a violência do homem branco retornou sob a forma de grandes posseiros de terras. À diferença dos portugueses, estes não tinham bandeiras, mas certidões lavradas em cartórios criados justamente para inventá-las; e não queriam o ouro, mas a terra — que até então era coletiva, era de quem nela trabalhasse. E à semelhança dos bandeirantes, os posseiros vinham armados, sob o incentivo do governo e em nome da civilização.
Desde o início até os dias de hoje, a história de Vila Bela da Santíssima Trindade é a história da violência contra os negros — e de como eles reagiram a tal violência. Assim, da religião católica imposta pelos portugueses, os negros construíram expressões culturais como a Festança da Santíssima Trindade, o Chorado e a Dança do Congo, realizadas no mês de julho. “E durante o período de escravidão, os negros articularam várias lutas como forma de pôr fim ao regime”, diz o professor do Departamento de Letras da Unemat, José Leonildo Lima. “As práticas mais constantes foram o suicídio, o assassinato, a fuga e a organização de quilombos”.
Por sinal, o primeiro quilombo organizado em mato Grosso foi o do Quariterê, na região de Vila Bela, no século 18. Ali, sob o comando da rainha Teresa de Benguela, a paz reinou até 1770, quando uma bandeira chefiada pelo sargento-mor João Leme do Prado destruiu o quilombo assassinando 54 pessoas. Teresa de Benguela se suicidou, mas outros 54 negros que fugiram dali para formar o quilombo Piolho, segundo mais importante do Estado.
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fonte: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=77294
Aluno de MT estudam em barracão de palmiteira com paredes cedendo

Há três anos, alunos do ensino médio de duas escolas estão no prédio.
Salas são separadas com divisórias e parte da estrutura já cedeu.
Mais de 100 alunos estão estudando em salas improvisadas, dentro de um barracão, que funcionava como indústria de palmito, no distrito de Nova Fernandópolis, em Barra do Bugres, a 169 quilômetros de Cuiabá. As salas são separadas com divisórias feitas de compensados de madeira e parte da estrutura já cedeu.
Há três anos, os alunos do 1º ao 5º ano e do ensino médio da escola municipal Raimundo Almeida Leão e a estadual Paulo Freire estão instalados no prédio. Segundo os alunos e professores é difícil conseguir manter a concentração, pois o tipo de material utilizado não isola o som que vem do outro lado da sala, o que dificulta o aprendizado. “A dificuldade é muita, o barulho é intenso. É difícil dar aquela explicação boa, principalmente para o ensino médio’’, relata a professora Ginoefa Santilio.
Em uma sala do ensino médio, os alunos têm que tomar cuidado para que as divisórias não caiam em cima deles. ‘’A parede cai, não dá pra estudar aqui. Precisa melhorar um pouco’’, declarou o estudante David da Silva, de 15 anos. Para conseguir dar aulas, muitas vezes os professores precisam negociar que tipo de atividade cada um vai passar naquele dia, para não atrapalhar mais ainda as outras turmas. ‘’A gente tenta controlar. Conversa com uma professora, conversa com a outra. Uma ensina um ditado, outra dá desenho, leitura de texto e outra passa na lousa’’, explica a professora, Ednei de Andrade.
Já em outra parte do prédio, as passagens são estreitas. Além disso, uma sala está cheia de livros e computadores que não estão sendo usados. “ Os computadores estão inutilizados. Poderiam ser usados pelos alunos, do ensino médio principalmente. Mas por falta de estrutura física e instalação estão parados e empoeirados’’, conta a diretora Laurita de Almeida.
No local, há apenas dois banheiros e um bebedouro para utilização. Na hora do intervalo do lanche, os alunos precisam ir de ônibus até outro prédio da escola, que fica a duas quadras do barracão. No local, não existe refeitório e os alunos têm que comer em pé ou no chão, segundo professores.
Nesse mesmo local existe um barracão de uma igreja, que abriga alunos da educação infantil e do 6º ao 9º ano. O promotor de justiça de Barra do Bugres, Rinaldo Segundo, entrou com uma ação civil pública contra o município e o estado diante da situação. A secretária municipal de Educação, Joana Miriam Pereira, afirmou que há um projeto para reforma na Escola Municipal Raimundo Almeida Leão, mas está barrada em um processo de licitação. Ainda de acordo com a secretária, estão previstas obras para o início de julho.
Já sobre o caos na escola estadual Paulo Freire, a assessora pedagógica Terezinha Mendes disse que o local improvisado é uma extensão da sede, que fica a 30 quilômetros. Também informou que foi uma alternativa que o estado encontrou para que as crianças de Nova Fernandópolis pudessem fazer o ensino médio.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Expedição Langsdorff
A viagem louca do barãoLangsdorff, o nobre alemão que liderou a mais célebre expedição |
Arquivo Academia de Ciências São Petersburgo 2010![]() |
LUGAR ESTRANHO Aquarela de Taunay retrata as palmeiras buritis do cerrado de Mato Grosso: jornada de 17 000 quilômetros que acabou em tragédia |
"Se Deus quiser, prosseguiremos viagem hoje. As provisões estão acabando, mas ainda temos pólvora e chumbo", escreveu o barão Georg Heinrich von Langsdorff em seu diário, no dia 20 de maio de 1828. O médico, naturalista e aventureiro alemão era comandante de uma expedição científica financiada pelo império russo para investigar a fauna, a flora e a geografia do Brasil, nação que havia pouco declarara sua independência de Portugal. Naquela altura, o grupo acampava às margens do Rio Juruena, em Mato Grosso. Tais anotações, contudo, seriam o derradeiro rasgo de lucidez do líder. Depois de delirar na selva por semanas em decorrência de uma febre tropical, o barão perdeu a razão de vez. A Expedição Langsdorff passou à história como uma empreitada tão ousada quanto trágica. Iniciada em 1821 e encerrada oito anos mais tarde, percorreu 17 000 quilômetros. Depois de excursões pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais, seus integrantes embrenharam-se por São Paulo e de lá, em canoas e no lombo de burros, prosseguiram até a Amazônia. A mostra Expedição Langsdorff, que abre nesta terça-feira na sede paulistana do Centro Cultural Banco do Brasil (e passará por Brasília, em maio, e pelo Rio, em agosto), reúne 156 desenhos, pinturas e mapas produzidos pela comitiva do barão. O acervo pertence a instituições russas - e é, em sua maior parte, inédito no país.
A Expedição Langsdorff foi o evento mais ambicioso num período de ouro para os estudos estrangeiros no Brasil, inaugurado com a chegada da corte de Dom João VI ao Rio de Janeiro, em 1808. "As expedições permitiram um avanço significativo no conhecimento sobre o país e na projeção de sua imagem no exterior", diz a historiadora Lilia Schwarcz. Langsdorff convenceu o czar Alexandre I a investir na aventura o equivalente a 10 milhões de dólares atuais. A Rússia buscava então ombrear com as demais potências europeias em conhecimento científico - e o Brasil era para onde os olhos dos naturalistas se voltavam. O barão reuniu uma trinca de artistas estupendos - o alemão Johann Moritz Rugendas e os franceses Aimé-Adrien Taunay e Hercule Florence. Eles fizeram representações de paisagens, bichos, plantas e tipos humanos que impressionam tanto pela beleza quanto pelo rigor descritivo. Langsdorff trouxe ainda um astrônomo e cartógrafo, o militar russo Néster Rubtsov. A série de 28 mapas produzida por este último é exibida no Brasil pela primeira vez. Rubtsov fez plantas do Porto de Santos e de cidades como Cuiabá.
Ao contrário de outras expedições do período, a de Langsdorff não teve os resultados divulgados em seu tempo. Com o cérebro afetado pela doença, Langsdorff, de volta à Europa, nem sequer se lembrava de um dia ter estado no Brasil - quanto mais do material que coletou. Navios despacharam amostras de vegetais, bichos empalhados e pinturas para São Petersburgo, mas essas relíquias foram esquecidas num porão por um século. Em 1930, uma devassa stalinista em arquivos acadêmicos levou à sua redescoberta. A Guerra Fria fez com que o material permanecesse longe dos olhos brasileiros ainda por décadas. Só no fim dos anos 80 se realizou a primeira exibição de parte dele no país. Langsdorff não suportava a insolência dos artistas - e a antipatia era recíproca. Depois de xingá-lo de "cachorro", Rugendas foi demitido e levou embora 500 pinturas feitas para a expedição. Filho de Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), outro famoso pintor viajante, Aimé-Adrien Taunay escrevia ao pai, então estabelecido no Rio, para reclamar dos destemperos do chefe da expedição. Em 1828, o artista teimou em atravessar a cavalo o Rio Guaporé, na fronteira com a Bolívia, com 400 metros de largura. Morreu afogado. A família culpou Langsdorff. Anos depois, um sobrinho do pintor, Alfredo d’Escragnolle Taunay, o visconde de Taunay (1843-1899), cuidaria de espalhar que o barão era um monstro. "O naturalista insano de seu romanceInocência é clara referência a Langsdorff", diz o curador russo Boris Komissarov.
É uma imagem injusta. Langsdorff foi um empreendedor e entusiasta do Brasil. Antes da expedição, adquiriu uma fazenda no Rio de Janeiro, na qual estabeleceu um núcleo de imigrantes alemães e investiu em inovações na agricultura. Primeiro cônsul da Rússia no país, era amigo de um político ilustrado e influente como José Bonifácio de Andrada e Silva. Depois da perda da razão, Langsdorff voltou para a Europa - e lá viveria por mais 22 anos, até a morte, em 1852. Assim como Florence, que se fixou no Brasil e desenvolveu no país suas experiências precursoras com a fotografia, o barão também deixou seu DNA aqui. O especialista Francisco Albuquerque contabilizou, a partir dos herdeiros de um filho legítimo do barão, um total de 1 500 descendentes. Entre os que estão vivos hoje, quem diria, há um nome famoso: a modelo Luma de Oliveira. |
http://veja.abril.com.br/240210/viagem-louca-barao-p-102.shtml |
quarta-feira, 8 de junho de 2011
O Povoamento de Cuiabá nos primórdios da colonização
Moacyr Freitas - Quadros Históricos |
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Fundação de Cuiabá em 8 de abril de 1719 |
Ao ser informado da fartura da (possível) prea, Paschoal Moreira Cabral Leme seguiu Coxipó acima: o seu intento, no entanto, não foi realizado, pois no confronto com o gentio da terra, na confluência dos rios Mutuca e Coxipó, os temíveis Coxiponé, que dominavam esta região, teve sua expedição totalmente rechaçada pelas bordunas e flexas certeiras daquele povo guerreiro.
Enquanto a expedição de Moreira Cabral se restabelecia dos danos causados pela incursão Coxiponé, dedicaram-se ao cultivo de plantações de subsistência, apenas visando o suprimento imediato da bandeira. Foi nesta época que alguns dos seus companheiros, embrenhando-se Coxipó acima, encontraram em suas barrancas as primeiras amostras de ouro. Entusiasmados pela possibilidade de riqueza fácil, renegaram o objetivo principal da bandeira, sob os protestos imediatos de Cabral Leme, que, entretanto, aderiu aos demais. Foi desta forma que estando a procura de índios para escravizar Paschoal Moreira Cabral Leme encontrou ouro em quantidade inimaginada.
Desta forma os paulistas bateram as estremas das regiões cuiabanas, onde o ouro se desvendava aos seus olhos. A descoberta do ouro levou os componentes da bandeira de Cabral a se deslocarem para uma área onde tivessem maior facilidade de ação. Surgiu Forquilha, a povoação pioneira de todo Mato Grosso, na confluência do Rio Coxipó com o Ribeirão Mutuca, exatamente onde tempos havia ocorrido terrível embate entre paulistas e índios da nação Coxiponé.
Espalhou-se então a notícia da descoberta das Minas do Cuyabá. Vale dizer que o adensamento de Forquilha foi inevitável, o que preocupou a comunidade quanto à manutenção da ordem e estabilidade do núcleo. Este fato levou Paschoal Moreira Cabral, juntamente com alguns bandeirantes, a lavrar uma ata e fundar o Arraial de Cuiabá, em 08 de abril de 1719, devendo a partir de então, seguir administrativamente os preceitos e determinações legais da Coroa. Na verdade, a Ata de Criação de Cuiabá deixa nítida a preocupação de Paschoal Moreira Cabral em notificar à Coroa Portuguesa os seus direitos de posse sobre as novas lavras.
Em 1722, ocorreu a descoberta de um dos veios auríferos mais importantes da área, no local denominado Tanque do Arnesto, por Miguel Sutil, que aportara em Cuiabá com o intuito de dedicar-se à agricultura. Com a propagação de que constituíam os veios mais fartos da área, a migração oriunda de todas as partes da colônia tornou-se mais intensa, fato que fez de Cuiabá, no período de 1722 a 1726, uma das mais populosas cidades do Brasil, na época.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Cem anos da morte de Totó Paes
Cento e cinco anos da morte de Totó Paes
Fonte: SECOM MT

A chamada Revolução de 1906 terminou em 6 de julho, com o assassinato do ex-presidente do Estado de Mato Grosso, Antônio Paes de Barros, mais conhecido por Totó Paes. Totó Paes presidiu Mato Grosso Totó Paes presidiu Mato Grosso de 1903 a 1906, quando no dia 6 de julho, foi morto por integrantes da milícia de Generoso Ponce, contra quem combateu na chamada Revolução de 1906. Pecuarista, industrial, político e empreendedor, Totó Paes foi considerado o “pai da indústria” de Mato Grosso. Entre seus feitos de empreendedor, criou em 1896 a famosa Usina de Itaicy, uma ousada construção com tecnologia e equipamentos importados da Alemanha. Ali, além da poderosa produção de açúcar e álcool, Itaicy ficou famosa por sua estrutura social, econômica (tinha moeda própria) e cultural, revolucionou inclusive a relação patrão/empregados, outra ousadia para a época. Foi lá também que se instalou a primeira rede de energia elétrica de Mato Grosso e uma das primeiras do país.
Líder religiosa atraiu multidões e causou medo entre os poderosos
Curas atribuídas a Doninha do Tanque Novo transformaram-na em uma referência na Poconé dos anos 30
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Da Reportagem
Rio de Janeiro, 1931. As forças políticas do país começam a se reorganizar após o bem-sucedido levante que conduziu Getúlio Vargas ao poder, no ano anterior. A Constituição Federal, em vigor desde 1891, está dissolvida, assim como os poderes do Legislativo e do Judiciário. Nos estados, interventores nomeados pelo Governo Central é que determinam os novos rumos da política.
Poconé, 1931. Laurinda Lacerda de Cintra, 27 anos, grávida do terceiro filho, retorna da colheita de sua roça de mandioca. Além da fome, com a qual havia se habituado nos últimos tempos, a aflige a inesperada visita de uma moça de olhos claros e rosto sereno, vestida de branco, bonita como nunca vira outra igual. Maria da Verdade era o seu nome.
Em menos de dois anos, a por ora inexistente conexão entre estes dois eventos levará a pequena cidade pantaneira a um conflito armado envolvendo política, religião, velhas e novas oligarquias, curas milagrosas, morte e fé.
Seu desfecho, com a destruição completa de um arraial nas cercanias do município, marca um capítulo fascinante e pouco conhecido da história de Mato Grosso. Uma trama que terá Laurinda - a quem a família e os amigos chamavam Doninha - e Maria da Verdade como protagonistas.
Neste momento, porém, Doninha sequer imagina o que o destino lhe reserva. Assustada, tendo nas mãos o resultado da colheita, ela tenta sem sucesso entender como aquela moça - que marcou encontro para o dia seguinte, no mesmo horário e local – era capaz de pairar como nuvem, sem tocar os pés no chão. Quem era? O que queria?
DONINHA - Nascida em 19 de março de 1904, Doninha foi a nona entre os doze filhos de João e Ernestina Lacerda Cintra. Como todos os irmãos, cresceu no sítio “Tanque Novo”, de propriedade de seus pais, distante 25 quilômetros da sede do município de Poconé.
Sempre foi a mais introvertida da família, a tal ponto que seus irmãos, e até mesmo sua mãe, tinham-na como abobalhada e incapaz. A rejeição se tornou mais forte quando, ao chegar em idade escolar, Doninha não aceitou a mudança para a cidade, onde todos os outros irmãos haviam estudado.
Em uma família que se esforçava para freqüentar a rica sociedade poconeana, aquela integrante tímida e analfabeta era vista como um estorvo.
Sendo assim, quando não estava só, Doninha era mais vista junto aos empregados, com os quais se identificava. E foi nos ambientes de convívio da criadagem que ela, ao completar 20 anos, se apaixonou pelo vaqueiro José Odário Nunes, um funcionário de seu pai.
O namoro proibido foi mantido em segredo até que Doninha, aos 22 anos, se descobriu grávida. Revoltada com a situação (José Odário chegou a tentar fugir com a namorada, para não ser espancado ou mesmo morto), a família exigiu que Doninha fosse viver com o vaqueiro por sua conta e risco, num pedaço de chão distante da sede do sítio.
Isso explica porque ela, embora herdeira de considerável parcela de terras, gado e benfeitorias, estava a trabalhar sozinha na lavoura quando, em 20 de fevereiro de 1931 - aos 27 anos -, foi surpreendida pela aparição de Maria da Verdade. A mandioca extraída ali, e o leite de uma vaca, eram há tempos as únicas fontes de alimento da família.
MARIA DA VERDADE – Naquele dia, ao voltar para casa, Doninha não conseguiu mais do que colocar desconfiança na cabeça de José Odário. O marido recomendou que ela fosse ao encontro com a tal moça, mas custava a acreditar no que tinha acabado de ouvir - chegou a cogitar que a mulher houvesse perdido o juízo, mas preferiu esperar.
No horário marcado, Maria da Verdade reapareceu. Sempre com um tom doce na voz, assegurou a Doninha não haver motivos para medo. Depois pediu que mandasse um recado a José Odário: ele deveria plantar um broto de cana, bem junto ao lado direito do quintal de casa.
O casal não entendeu o que aquilo significava, mas cumpriu a ordem mesmo assim. Na manhã seguinte, logo cedo, o lavrador correu para ver o resultado e, para sua surpresa, notou que a planta já tinha quase 30 centímetros.
Doninha e o marido chamaram os vizinhos para relatar o ocorrido. Logo, o burburinho sobre a “santa” e seu milagre, começou a ganhar léguas, se espalhando rapidamente por entre peões, sitiantes e fazendeiros da região. No mesmo dia, a família já sabia do que se passava com a filha renegada - sua mãe Ernestina, muito doente, teve medo de que o demônio estivesse por trás das visões.
A possibilidade foi negada pela própria santa que, em um novo e decisivo encontro, repassou à Doninha a receita para a cura da enfermidade de sua mãe (um chá com as folhas do pé de cana) e também a resposta para a misteriosa doença que ameaçava a vida de outro parente próximo.
O sucesso imediato de ambos os tratamentos cunhou no coração de todos a certeza de que se estava diante de um fenômeno real. E despertou uma multidão de gente que, dos mais diversos lugares, rumou para o Tanque Novo em busca de esperança.
Quando seu pequeno sítio recebeu a primeira leva desses doentes, Doninha já sabia quem era a moça misteriosa e, principalmente, o que ela queria.
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Questões de História de Mato Grosso (UFMT)

1) O fortalecimento das relações comerciais entre Mato Grosso e os países da América do Sul é um tema bastante debatido na atualidade. Sobre o assunto, assinale a afirmativa correta:
a) os únicos paises da América do Sul com acesso direto ao mar são Paraguai e Bolívia, vantagem geográfica que os torna independentes de seus vizinhos e é um dos argumentos que justificam o desinteresse em buscar a integração com Mato Grosso e facilitar a saída para o Pacifico.
b) Chile, Brasil, Argentina e Bolívia possuem em comum terras drenadas pela Bacia do Prata, via, durante muito tempo, exclusiva de ligação desses países com o Oceano Pacifico, o que favoreceu as tropas comerciais com os países europeus.
c) O Estado de Mato Grosso prioriza o escoamento de sua produção industrial pelo Pacífico através da ferrovia denominada Ferronorte, atingindo com baixos custos os mercados da Argentina, Uruguai e Paraguai.
d) Uma das formas de buscar a integração viabilizada pelo Estado de Mato Grosso são as caravanas internacionais que reúnem representantes do poder publico e privado com o objetivo de manter contatos políticos com os governantes e empresários da Bolívia, Peru e Chile a fim de agilizar os transportes e buscar uma saída para o Pacifico e os mercados asiáticos.
e)Bolívia e Mato Grosso possuem interesses comuns principalmente no setor de processamento e exportação de produtos frigoríficos e sucos, daí a instalação da Zona Franca em Cáceres e o fim das taxas alfandegárias para o escoamento via hidrovia Paraguai-Paraná até o Porto de Arica no Chile.
Gabarito:D
Essas caravanas mostram o interesse do poder publico e do setor empresarial na integração regional. A busca de novas rotas comerciais é um fator de suma importância para o escoamento dos produtos produzidos em Mato Grosso. A questão aborda a importância da integração regional.
2) A população dos atuais territórios do Brasil e da Bolívia relacionam-se desde o século XVII, quando ocorreram as primeiras gestões da Coroa Portuguesa para tornar essa região o “antemural de todo o interior da colônia”. Assinale a medida que não faz parte das adotadas pela Coroa Portuguesa.
a) Da região de Cuiabá, o povoamento se expandiu em direção ao Rio Guaporé e deparou-se com a ocupação espanhola na usa margem oeste referente ao então Vice- Reinado do Peru.
b) Entre as atribuições recebidas por Antonio Rolim de Moura, estava a de estabelecer relações comerciais da futura capital (que ele iria fundar na região) com o extremo norte da colônia.
c) Após 1777, com o tratado de Madri, D.João V ordenou a fundação de uma vila na região do Guaporé que fundamental para assegurar a posse portuguesa naquele sitio, viria se constituir a capital da Província.
d) Para poder controlar toda a extensão da imensa capitania, articulou-se a ligação da capital, Vila Bela da Santíssima Trindade, com as demais vilas, via fluvial ou terrestre, além da fortificação da fronteira.
e) Após fundar Vila Bela da Santíssima Trindade, foi transplantada para lá toda a maquina administrativa e fiscal, que em parte, já existia na Vila de Cuiabá.
Gabarito: C
A alternativa esta errada, pois a construção de Vila Bela da Santíssima Trindade se insere no contexto do Tratado de Madri, assinado em 1750. Em 1777, o tratado em vigor era o de Santo Ildefonso. Nesse período governava Mato Grosso, Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres que se primou pela defesa da fronteira norte e sul. Outro erro da questão é usar a expressão “província”, pois como o período abordado é o século XVIII, o correto é “capitania”.